Cultura

Realinhamento da programação da Feira do Livro homenageia vida e obra de Ana Luísa Amaral

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Guilherme Costa Oliveira

Os Jardins do Palácio de Cristal já começam a abraçar as formas da Feira do Livro do Porto 2022, que inicia nesta sexta-feira, 26 de agosto, sob os motes “Imaginar” e “Agir”. Até ao dia 11 de setembro, são 84 os expositores presentes neste encontro literário e cultural, com um programa bem preenchido com mais de 100 atividades de acesso livre e gratuito – este ano sem restrições de lotação – desde várias sessões de Conversas, Lições, Oficinas, Concertos, Cinema, Exposição, Rádio e Palavra Soprada.

A 9.ª edição do certame, promovido pela Câmara do Porto, coloca em foco a poesia e a autora Ana Luísa Amaral (abril, 1956 - agosto, 2022), que, desde o primeiro momento, se envolveu de forma entusiasta na programação do evento. “A melhor homenagem que podemos fazer a Ana Luísa Amaral é celebrar a sua vida, tal como ela a viveu. Não é apenas o seu legado que queremos ressaltar, mas também a sua energia contagiante, a sua força de ação, a sua dedicação fervorosa às causas que defendia. O mote desta edição, sem que tivesse essa intenção inicial, é um reflexo do legado e inspiração que nos deixa, a arte de imaginar, a coragem de agir”, afirma Nuno Faria, diretor artístico do Museu da Cidade e coordenador programático desta edição.

Com particular intensidade, no primeiro fim de semana, muitos dos que melhor a conheceram e que a acompanharam no seu percurso literário e académico prestam-lhe homenagem. No sábado, 27, às 15 horas, terá lugar a cerimónia de atribuição da Tília de Homenagem a Ana Luísa Amaral, conduzida por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.

Às 16 horas, o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett vai receber a exibição do primeiro documentário sobre a poeta, de Nuno F. Santos e João Nuno Soares. “Entre Dois Rios e Outras Noites” retrata uma viagem pelos lugares e pequenos ofícios de Ana Luísa Amaral, um reflexo da sua alma que permite conhecer mais a fundo a escrita e o que antecede esse seu particular mundo.

Segue-se a conversa “O Som que os versos fazem ao abrir”, moderada por Luís Caetano, com a atriz Teresa Coutinho, a professora Rosa Maria Martelo, a ex-Ministra da Cultura e professora Isabel Pires de Lima e o escritor Nuno F. Santos, onde os cinco cúmplices maiores sobre a obra, vida e legado literário e filosófico de Ana Luísa Amaral recordarão o espírito inspirador, inconformista e avesso à consonância da poeta.

Já no domingo, 28 de agosto, às 11,30 horas, Rosa Maria Martelo e Isabel Pires de Lima vão estar na companhia dos professores universitários Pedro Serra e Joana Matos Frias, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, para revisitar o “O Olhar Diagonal das Coisas”, o livro com a poesia reunida de Ana Luísa Amaral. Em curtas, mas acutilantes, intervenções, serão abordados livros, temáticas, ou aspetos distintivos que guiarão a audiência pelos arcanos, os cantos e os recantos de uma obra tão extensa quanto apaixonante.

Segue-se a homenagem a uma das maiores paixões literárias de Ana Luísa Amaral – a tradução. Às 16 horas, o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett é palco “Da tradução e outros desvios”, na qual três das tradutoras que mais recorrentemente colaboraram com a poeta – Livia Apa, Lauren Mendinueta e Catherine Dumas – unem-se para uma polifonia de vozes e línguas conduzida por Marinela Freitas, professora no Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Recordam-se as importantes traduções de Ana Luísa Amaral para língua portuguesa, de autores anglo-saxónicos como Emily Dickinson, William Shakespeare, John Updike e Patricia Highsmith, mas também para língua inglesa, como Mário de Sá-Carneiro.

É com a performance do diseur Isaque Ferreira, uma das vozes mais reconhecidas das Quintas de Leitura, em “Uma receita qualquer – para uma gastronomia emocional”, que se fazem se fecham as celebrações à vida da poeta, no fim de semana.

Mesmo fora do recinto da Feira do Livro, será possível acompanhar os principais destaques do evento: a Rádio Estação estará em transmissão, a partir do local, durante os 17 dias em que decorre o festival literário, dentro do seu horário de funcionamento, na frequência 97.3FM. A Rádio Estação, um projeto criado pelo Museu da Cidade em 2020, que transmitirá grande parte dos concertos inseridos na programação da feira, será o centro nevrálgico da programação, acolhendo e recolhendo depoimentos de conversas com os escritores, artistas e demais participantes do evento, para transmissão diária. Na grelha de programação desta rádio, que está acessível online através do Sítio Invisível do Museu da Cidade, somam-se, ao vivo, os concertos Arca, com curadoria da Matéria Prima.

O arranque do certame cultural é marcado pela inauguração da exposição “Escrevo para um amigo que virá”, no dia 26 de agosto, às 17 horas, que versa uma constelação de autores estudados pelo ensaísta Manuel Gusmão e um conjunto de fragmentos da sua obra poética. A curadoria da exposição, que pode ser visitada gratuitamente até ao final do ano, no Gabinete Gráfico do Museu da Cidade – localizado à entrada do auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett – foi assegurada pelo Núcleo de Programação do Museu da Cidade com Helena Carvalhão Buescu.

O realinhamento do evento já pode ser consultado no novo site da Feira do Livro do Porto 2022. Além de 84 expositores e 126 pavilhões de livrarias e editoras, o festival conta ainda com 46 atividades infantojuvenis, 22 concertos, 11 conversas, 9 lições, 4 sessões de cinema e 5 sessões de palavra soprada de entrada gratuita. A programação subdivide-se em diferentes temas com curadorias de várias entidades e criadores da cidade.