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Ramal da Alfândega vai ser reativado ao fim de 30 anos com uma ecopista

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Miguel Nogueira

O Ramal da Alfândega, desativado há cerca de 30 anos, vai ter uma ecopista num futuro próximo. É esse o entendimento do Executivo Municipal, que aprovou nesta segunda-feira, por unanimidade, esta solução imediata, enquanto está a ser preparada uma discussão pública sobre as duas soluções possíveis para a utilização definitiva desta antiga linha ferroviária.

Na reunião de Câmara desta segunda-feira, toda a vereação concordou com a ideia, expressa na proposta do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha. Enquanto a cidade não decide que futuro que quer para a Linha do Ramal da Alfândega, desativada desde 1989, o Município vai avançar com a uma solução provisória e transitória, neste caso uma ecopista.

Para isso, precisava de firmar um contrato subconcessão com a IP Património - Administração e Gestão Imobiliária, que permanece como sendo a entidade pública gestora do Ramal da Alfândega. Nesta transferência de propriedade para a esfera municipal, a Câmara não terá qualquer custo acrescido, além do custo com as obras de beneficiação do canal para sua abertura à fruição da população.

"Os pressupostos do contrato de subconcessão são a gestão e manutenção do próprio canal a executar pelo Município", esclareceu o vereador Pedro Baganha, acrescentando que a IP tem firmado acordos semelhantes com outras câmaras municipais do país.

Avançando com esta solução simplificada, o Município garante "a curto prazo a funcionalidade e a segurança da sua utilização como ecopista dedicada aos modos suaves de mobilidade, de cariz turístico e de lazer", pode ler-se na proposta hoje votada. Também na reunião, o responsável confirmou que "estão previstas várias saídas ao longo da ecopista", quatro das quais para a marginal. De igual modo, o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, responsável pelo Pelouro da Inovação e Ambiente, assinalou que já há acessos que foram feitos aquando dos trabalhos de consolidação das escarpas, o que não impede que outros mais possam a vir ser formulados.

Dado este passo, a autarquia estará em condições de iniciar o debate com as forças políticas e com a cidade para a utilização definitiva da Linha do Ramal da Alfândega, "daqui a cerca de dois meses", estimou o responsável.

Como detalhou ainda Pedro Baganha, os dois projetos que serão analisados "não são compagináveis". O primeiro "consiste na criação de um novo percurso pedonal e ciclável, aproveitando os troços em túnel e a céu aberto, bem como na requalificação ambiental e paisagística da sua envolvente, nomeadamente através da criação de um parque urbano em socalcos, em toda a área adjacente ao canal ferroviário". Poderá também servir a antiga ambição de ligar as cidades do Porto e de Gaia com uma ecopista que atravesse a Ponte D. Maria, que está desativada há muitos anos.

A segunda solução que será debatida propõe "uma ligação rápida entre Campanhã e a Alfândega, através de um transporte pendular, confortável e elétrico, operado por veículos modernos que prestarão um serviço de mobilidade inédito entre estes dois polos de elevada atração urbana, tendo como principal objetivo a redução do número de veículos motorizados que entram diariamente na cidade, e permitindo ao mesmo tempo a reconversão de parte do parque de estacionamento da Alfândega numa zona de fruição e lazer".

De acordo com o vereador do Urbanismo, mesmo que a discussão se inicie este ano, o que é expectável, entre o debate e a execução do projeto vencedor, a solução definitiva para a utilização do Ramal da Alfândega só deverá estar concluída "daqui a três ou quatro anos", daí a pertinência em encontrar uma solução transitória, com a criação de uma ecopista.