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Rádio Renascença em direto do Porto destaca Programa Aconchego

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A Rádio Renascença veio ao Porto com a ação “Três por Todos, por todo o lado”, que pretende chamar a atenção para a situação das pessoas idosas em Portugal. A partir da Praça D. João I, as ondas da emissora deram a conhecer a história de Vinícius e Maria Albertina, escrita pela mão do programa municipal Aconchego.

“Quando cheguei, vim só. Hoje posso dizer que tenho alguém com quem posso contar, uma pessoa que me ouve, nós conversamos muito”. É assim que Vinícius, estudante brasileiro, fala, aos microfones das locutoras do programa “Três da Manhã” (Ana Galvão, Inês Lopes Gonçalves e Joana Marques), da relação que estabeleceu com Maria Albertina.

Aos 91 anos, a portuense abriu as portas de sua casa para receber um estudante estrangeiro à procura de um lugar para viver. O Programa Aconchego apresentou-lhe Vinícius que, aos 33 anos, está na cidade para frequentar o mestrado em Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ao mesmo tempo que trabalha numa empresa do setor.

Para o brasileiro, viver na, como o próprio denomina, “casa de boas maneiras da D. Albertina” tem sido uma experiência de aprendizagem, mas sobretudo de amizade. Vinícius admite que ajuda a idosa nas rotinas e em muitas situações em que a idade já requer que Maria Albertina seja acompanhada, mas o arqueólogo sublinha “o tanto que ela tem para me ensinar”.

“Este programa é muito importante porque tu não estás simplesmente a ser acolhido. Para mim não haveria melhor pessoa com quem ter ido viver” até porque “conversamos sobre tudo, ela tem uma cabeça muito jovem”, afirma Vinícius na emissão em direto da Renascença.

Uma cidade aconchegante e com rosto

O Programa Aconchego foi criado pela Câmara do Porto em parceria com a Federação Académica do Porto e procura que a experiência vá para lá da mera partilha de casa. “Achamos que é uma excelente forma de desenvolver a cidadania, despertar para os valores e fazer com que a cidade, apesar da sua grande dimensão e da capacidade de atração, continue a ser uma cidade com rosto, porque se preocupa com os residentes", dizia Fernando Paulo, vereador da Habitação e Coesão Social, aquando da visita de jovens e idosos ao Museu de Serralves, em 2019.

A experiência dirige-se a pessoas com mais de 60 anos, residentes no Porto, que vivam só ou com o cônjuge, em situação de solidão e/ou isolamento social, e a estudantes, nacionais ou estrangeiros, que venham estudar para a cidade e não tenham recursos financeiros para arrendar um espaço.

Aos mais jovens é apenas solicitado que se comprometam com o acompanhamento e melhoria da qualidade de vida de seus anfitriões. Não sendo "cuidadores", devem assumir-se como uma companhia, principalmente à noite, e colaborar em tarefas como ir às compras ou à farmácia, esclarecer dúvidas sobre tecnologia, ou mesmo ajudar a preparar das refeições. Existe apenas uma taxa mensal de 25 euros para o dono da residência para fazer face ao aumento de despesas.

Em 2010, o Aconchego foi premiado no concurso "This is European Social Innovation" promovido pela Comissão Europeia - Eurocities, devido ao seu potencial inovador e de empreendedorismo social. Há dois anos, foram a WHO Global Network of Age-Friendly Cities and Communities e a Grantmakers in Aging, no âmbito da iniciativa Innovation@Home, que distinguiram a iniciativa.