Cultura

Rádio Estação já emite a partir do Jardim do Marquês

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Miguel Nogueira

Depois do anúncio que veio resgatar a Biblioteca Popular de Pedro Ivo para a cidade, o espaço reabriu portas pela mão, ou pelo eco, do Museu da Cidade através do projeto da Rádio Estação.

Inaugurada em 1948 em pleno jardim do Marquês para ser uma biblioteca popular, o paradigmático lugar teve várias vidas até que encerrou. Retomou a sua génese nesta segunda-feira, mantendo vivo o projeto recuperado dos esboços do arquiteto Bernardino Basto Fabião, mas num novo formato.

Em tempos de pandemia e aproveitando o mote original daquele lugar, a pequena biblioteca ao ar livre passa a constituir-se agora como pequena biblioteca sonora, também ao ar livre, pois claro. Os livros só desapareceram fisicamente, permanecendo nas paisagens sonoras da cidade, leituras, palavras sopradas e outras reflexões e composições ao longo da emissão.

Está no ar a Rádio Estação na sua vocação nómada que, após o sucesso de uma primeira experimentação na Feira do Livro do Porto, continua a criar uma comunidade de ouvintes. Até 15 de maio esta rádio em (des)construção ganha locução a partir do Jardim do Marquês e expande-se desde um bairro hertziano local, com transmissão em 96.3 FM (raio de 2km), além-fronteiras através de um sítio invisível do website do Museu da Cidade (MdC).

Além da programação a decorrer, como o Inventário, um mapeamento oral da cidade que tem incidência na Praça do Marquês, há novas rubricas a estrear. Confabulações estreia na próxima semana à hora do sono (21 horas) e à hora da sesta (14 horas) e retoma a fábula como uma forma de linguagem e também de conhecimento, através do conta-conto, numa composição para os filhos e outra para os pais.

Já Trabalhar Cansa, da autoria do sociólogo Bruno Monteiro, estreia a 1 de maio, Dia do Trabalhador, para mergulhar em temas e episódios ligados à história e às estórias do mundo industrial do Porto. Além disso, esta é também a oportunidade para o Museu da Cidade lançar um amplo inquérito em forma de Plataforma Pública, convocando entre os dias 29 de abril e 2 de maio a comunidade artística para uma maratona de depoimentos em torno da vocação do Museu, em sentido amplo, através de um conjunto de questões, tais como: O que pode uma biblioteca, o que pode hoje ser uma biblioteca? Para que nos serve hoje um museu? Que museu para a cidade, que cidade para o museu?

Ocupando morada fixa no site do MdC desde de fevereiro deste ano, o projeto da Rádio Estação começa a consubstanciar o eixo sonoro no mapeamento das 17 estações do Museu da Cidade, entre sítios arqueológicos, núcleos museológicos, parques e jardins implantados no território, umas a reabrir já no próximo 6 de abril, outras este ano, caso do Reservatório da Pasteleira, ou da Extensão do Douro na Ribeira, outras em construção, com abertura faseada até 2023.

Mas o centro e o coração pulsante deste museu à escala da cidade é a Biblioteca Sonora, projeto iniciado nos anos 70 e por muitos ainda desconhecido: uma biblioteca localizada na Biblioteca Pública Municipal do Porto (em frente ao Jardim de São Lázaro) para tornar acessível a leitura a pessoas invisuais, um lugar onde a leitura é escuta. E por isso Ecos da Biblioteca Sonora, a decorrer a 1, 8 15 de maio é a segunda manifestação visível do trabalho de um grupo de leitores voluntários, para uma apresentação já presencial na Praça.