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Quinta de Leitura especial reacende hoje o Maio de 68 na Feira do Livro do Porto

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O ciclo poético Quintas de Leitura tem, hoje à noite, uma sessão muito especial integrada na Feira do Livro do Porto, que toma como mote as palavras de ordem lançadas pelos estudantes parisienses em Maio de 68. 

"É proibido proibir", a expressão que logo alastrou como ícone de revolta por todo o mundo e quase levou a França à guerra civil - ficando célebre também ao ser usada no concerto de Caetano Veloso e Os Mutantes de Rita Lee, em setembro desse ano, gerando uma batalha campal entre os músicos e o público - leva o ambiente de então ao Palácio de Cristal. A partir das 21,30 horas de hoje.

Com menos nervos e mais ponderação, espera-se ainda assim uma noite muito animada que propõe o caminho da utopia: "Tomemos os nossos desejos por realidades". Até porque o Maio de 68, que domina a Feira do Livro deste ano, foi antes de tudo um convite à poesia, ao amor e ao humor loucos, à liberdade, à imaginação.

"A poesia está na rua", "A imaginação ao poder", "A liberdade, o crime que contém todos os crimes, é a arma de todos nós!", gritava-se nas ruas de Paris. Seis anos depois, no tal "dia inicial inteiro e limpo" de que nos fala Sophia, Portugal ergueu de novo a sua voz e abraçou muitos dos valores semeados pelo Maio de 68.

Hoje, na Feira do Livro do Porto, nesta cidade granítica onde a liberdade é menos secreta, com as tílias da Avenida dos Poetas a inebriar-nos os sentidos, afirma-se solenemente: escrever é um ato de resistência. "A poesia é a suprema resistência", "o último farol nos mares que sobem".

Nesta festa da palavra que é a Quinta de Leitura, juntam-se vozes (con)sagradas com as novas veias comunicantes da poesia portuguesa. Poesia insurgente, textos de combate, espinhas nas gargantas dos opressores, textos de afirmação dos valores que continuam a animar a humanidade: o amor, a liberdade, o "olhar selvagem" da criança, do louco, do poeta.

Decididamente, é preciso estar "do lado da gente que vive de frente", como cantou José Mário Branco, o nosso homenageado deste ano. E dão força à liberdade Marisa Matias (introito), Filipa Leal, Sandra Salomé, José Anjos e João Paulo Costa (leituras), Beatriz Bagulho (imagem) e João Lóio (música). Além disso, encandeia-se a noite com o "rapaz do futuro", que faz a música normal mais falada do momento: Conan Osiris. Fado, eletrónica, hip-hop, música oriental e muito Bollywood estão na ementa desta sessão especial.