Inovação

Projetos de empreendedorismo e inovação ganham raízes a partir do Porto

  • Paulo Alexandre Neves

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Sharifah Sayed Mohsen, Akhil Pallamreddy e Francisco Maria Calisto são três dos jovens que participam, este ano, na European Innovation Academy (EIA), num total superior a 600 estudantes, provenientes de 44 universidades de todo o mundo, acompanhados por 75 mentores (de design, marketing, tech, business, pitching, life coaches, IP e investors). O Porto volta a receber a iniciativa, pelo segundo ano consecutivo, perspetivando-se, segundo a organização, que o evento se realize na cidade durante os próximos anos.

Nas últimas três semanas, os mais de 600 alunos, constituídos em 100 equipas de startups, puseram em prática toda a sua criatividade e inovação para a criação de um projeto diferenciador e impactante. Puderam mostrá-los durante a Startup Expo, que decorreu na Faculdade de Economia (FEP) da Universidade do Porto. Esta sexta-feira, vão ser conhecidas as 10 vencedoras da EIA 2023, durante a cerimónia oficial de encerramento do evento, a decorrer no Palácio da Bolsa.

Sharifah Sayed Mohsen representa a Universidade de Ciências Sociais de Singapura. A sua equipa apresentou um projeto (ScreenSift), que visa a recuperação de vídeos, através do processamento de imagem. "Queremos tornar cada edição de vídeo muito mais simples, com um software simples, economizando tempo e energia", afirma, garantindo que é a primeira vez que está na Europa, viajando sozinha.

A experiência na EIA tem sido marcante. "As pessoas, aqui, são acolhedoras. O Porto é fixe, muito diferente de onde venho. Tem sido uma experiência muito, muito divertida e animada e conhecer todos os mentores tem sido muito benéfico", acrescenta, revelando que já contatou o seu pai e que este lhe lançou um repto: "por que não nos mudamos para aí [para o Porto]?". Afinal, diz ela, "o mundo dos negócios aqui é forte".

"O Porto vai ficar no meu coração"

Dos Países Baixos (da Universidade de Twente) veio Akhil Pallamreddy. A sua equipa apresentou "Ecolect", projeto que pretende consciencializar as pessoas a escolherem um estilo de vida mais sustentável. "Propomos um aplicativo que ajude os utilizadores, rastreando os seus hábitos diários de vida. Por exemplo, ele indica os valores de dióxido de carbono em determinada área e dá recomendações, com base nos hábitos alimentares, de deslocação, entre outros. Ao fazê-lo, nós recompensamos o utilizador", sublinha o estudante.

Sobre a experiência na EIA, Akhil Pallamreddy reconhece que a experiência é "incrível". "Aprendemos como iniciar uma startup em apenas três semanas. Eles [os mentores] dão-nos uma informação intensa importante", diz, juntando também a sua presença na cidade: "o Porto vai, com certeza, ficar no meu coração. É lindo. Tem bom tempo, comida e pessoas incríveis. Gostaria de cá voltar um dia e, quem sabe, morar aqui também".

Já Francisco Maria Calisto veio de mais perto. Precisou, apenas, de se deslocar do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, para apresentar o projeto "BreastScreening-AI" na European Innovation Academy. "Pretendemos introduzir a inteligência artificial no diagnóstico do cancro da mama. A partir de uma estratégia de multimodalidade de imagem, ou seja, trazendo uma mamografia, ecografia e ressonância magnética, queremos fazer o treino dos métodos de inteligência artificial, que depois comunicam, por meio de um agente inteligente, com os radiologistas", descreve.

Também para Francisco Calisto, esta é uma estreia na EIA. O balanço não poderia ser mais positivo. "Uma grande ajuda que esta iniciativa trouxe ao meu projeto foi na componente do mercado. Ou seja, compreender o seu tamanho na área da inteligência artificial aplicada à imagem médica, especializada no cancro da mama. Já há uma noção enorme do potencial deste projeto", confessa.

"Na EIA consegue-se estabelecer contatos, de enorme importância para o empreendedorismo nacional, conseguindo escalar para fora, de Portugal para a Europa, da Europa para o mundo", acrescenta.

EIA por mais três anos na cidade

A edição 2023 da EIA conta, mais uma vez, com o apoio da Universidade do Porto e da Câmara Municipal do Porto, anfitriões do evento, tendo ainda como parceiros o Santander Universidades, Beta-i, Galp, Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE), entre outros. "É um evento de promoção da inovação. Trabalham-se ideias, projetos que abordam diferentes problemas da nossa sociedade", assinala o vice-presidente e vereador da Inovação e Transição Digital.

"Temos aqui mentes brilhantes, das melhores universidades do mundo, a trabalhar em parceria. Estão a viver a cidade, ficam a conhecer melhor o nosso ecossistema de inovação e, quem sabe, alguns poderão regressar ao Porto para criar as suas empresa e produtos", frisa Filipe Araújo, garantindo que este é "um projeto para continuar" na cidade.

"O evento cresceu muito desde a última edição", reconhece a CEO da EIA. Gerda Noormägi revela que a iniciativa vai continuar por cá mais algum tempo. "Temos mais três anos aqui e esperamos ter um grande futuro para este evento", diz.

"Eles têm a oportunidade de criar a sua startup e vir fazer negócios aqui, no Porto. É uma oportunidade única, tanto para os alunos quanto para a cidade", acrescenta a CEO. A título de curiosidade refira-se que, dos mais de 500 alunos presentes na edição deste ano do EIA, 30 são provenientes da Universidade do Porto e outros 30 dos Balcãs, estes apoiados pela Organização para a Cooperação e Segurança na Europa.