Inovação

Projeto da Católica Porto na base para criação de fábrica de cosméticos portuguesa

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Há um novo projeto que está a colocar o Porto no mapa das cidades com maior capital de inovação na Europa. Chama-se Alchemy, une a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa à Amyris Bio Products Portugal, e pode dar origem à primeira fábrica de cosméticos no país. Quem o admite é o próprio CEO da Amyris Inc., que na recente visita que fez a convite da escola e em que também participou Rui Moreira, avançou que o investimento pode gerar até 200 postos de trabalho qualificados.

É no novo edifício da Escola Superior de Biotecnologia, com uma área superior a 9 mil metros quadrados divididos em cinco pisos, que está alojado o berço da unidade de produção que pode vir a ser criada. Entre os mais de 90 laboratórios e salas de aula, o Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) e a Amyris Portugal juntaram-se para fazer “alquimia”.

Com efeito, mais do que a partilha de instalações, o laboratório CBQF e a empresa subsidiária da norte-americana Amyris Inc., comungam também um projeto, o Alchemy. “Teve início em 2018 com o objetivo principal de estudar e desenvolver novas aplicações para os subprodutos/resíduos dos processos de fermentação da Amyris e da produção de cana-de-açúcar, potenciando assim o desenvolvimento de novas moléculas de elevado interesse comercial, com destaque para a indústria da cosmética”, sinaliza a Universidade Católica do Porto em comunicado, acrescentando que a investigação pode, igualmente, servir a nutrição animal e humana, novos materiais e farmacêutica.

De viva voz, durante a visita ao laboratório, o diretor executivo da Amyris Inc. deu pistas acrescidas sobre os planos para escalar o projeto. “Estou pronto a continuar a investir e a expandir a colaboração com a Universidade Católica”, afirmou John Melo. Atualmente, a fábrica da empresa opera nos Estados Unidos, mas em declarações à Lusa o responsável confirma que “é óbvio que temos de produzir na Europa, neste caso em Portugal, para exportar para o resto da Europa”, Rússia e Arábia Saudita.

“Temos de tomar uma decisão rápida porque a procura existe”, avançou.

Bem posicionada nesta intenção que, verbalizada, ganha cada vez mais força, a cidade do Porto é terreno fértil para a contratação de quadros qualificados. E não foi por acaso que, além do CEO da Amyris Inc., a comitiva da visita foi formada por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, Isabel Braga da Cruz, presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, João Pinto, vice-presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Paula Castro, diretora da Escola Superior de Biotecnologia, Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, e Miguel Barbosa, presidente da Amyris BioProducts Portugal.

Até agora, o projeto de colaboração entre a empresa e a universidade, que dura desde 2016, já permitiu a contratação de uma equipa de mais de 80 investigadores. Todos focados nas potencialidades da primeira biosílica vegetal extraída da cana-de-açúcar, que – está comprovado – tem aplicação na indústria cosmética.

“A relação enraizou de forma única. Acho que, a partir de agora, o conhecimento gerado pelos investigadores e a equipa, em conjunto com os Estados Unidos, tem sido o maior fertilizante que tem feito essa planta crescer. Acreditamos que esta colaboração irá trazer mais retorno económico, alimentar o crescimento e futuro desta colaboração e o valor da investigação que estas oportunidades vão trazer para Portugal e para o mundo”, destacou durante a visita Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina.

O projeto Alchemy, financiado pelo Portugal 2020 e pelo programa FEDER, deriva de uma parceira entre a Universidade Católica Portuguesa, a empresa Amyris Bio Products Portugal e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Fundada em 1984, na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa desenvolvem-se múltiplas atividades universitárias, com ênfase no ensino superior, na investigação e desenvolvimento, e na extensão aos setores primário, secundário e terciário.