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Produção de energia a partir de ondas não é utopia e o Porto já tem a solução

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Miguel Nogueira

Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) desenvolveu três dispositivos que conseguem gerar energia elétrica a partir do movimento das ondas. De fácil aplicabilidade, o próximo passo é instalá-los em boias oceânicas.

A investigação já mereceu o olhar atento da prestigiada revista científica Nano Energy, que descreve que os cientistas do Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da U.Porto criaram nanogeradores capazes de gerar energia a partir do movimento das ondas.

Nos testes laboratoriais, os investigadores colocaram os dispositivos dentro de uma boia, simulando condições de ondulação marítima semelhantes às encontradas no oceano. Concretamente, os nanogeradores "usam uma combinação de efeito triboelétrico - um efeito semelhante aos choques eletrostáticos - e indução eletrostática para gerar energia elétrica a partir do movimento das ondas”, descreve um dos autores do trabalho, João Ventura, citado no comunicado da instituição.

"Para aproveitar o movimento multidirecional das ondas, utilizámos esferas no interior da boia que maximizam o efeito triboelétrico e a geração de energia elétrica para qualquer tipo de movimento", acrescenta ainda o investigador, esclarecendo que foram testados e otimizados diferentes modos de como este movimento pode gerar energia elétrica.

O objetivo passa agora por instalar estes dispositivos em boias oceânicas, de modo a "aumentar o tempo de permanência no mar sem intervenção do homem", sinaliza a FCUP.

Isto porque, segundo o grupo de trabalho, "não é viável alimentar" as boias oceânicas usando as abordagens convencionais, como baterias ou painéis solares.

"O estudo demonstrou uma clara dependência da geração de energia destes nanogeradores com os períodos e alturas de ondas, assim como com a resposta hidrodinâmica da boia, tendo em conta os seus movimentos lineares e de rotação", informa o grupo.

Fora mais esta barreira que se propõem ultrapassar, os investigadores defendem que é efetivamente possível usar a energia dos oceanos, uma fonte "limpa e renovável com um enorme potencial de exploração".

Agora vão ser os testes no oceano a determinar a possibilidade de "escalar a tecnologia para gerar energia suficiente para ser competitiva, utilizando o movimento das ondas, com outras tecnologias de geração de energia".

A investigação está inserida no projeto i.nano.WEC, financiado pelo Fundo Azul. Contou ainda com a colaboração de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI).