Urbanismo

Primeira fase das obras no Matadouro de Campanhã concluída

  • Paulo Alexandre Neves

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A primeira fase das obras no Matadouro de Campanhã está concluída. Os trabalhos, realizados pela empresa Mota Engil, passaram por limpezas da zona, demolições, terraplanagens e sondagens às estruturas existentes, para além de experiências de materiais a usar na reconstrução do edifício. O arquiteto japonês Kengo Kuma visitou o icónico projeto, realizado em parceria com os premiados arquitetos portugueses da OODA, um gabinete que se inspira na famosa escola de arquitetura do Porto. Ambos desenvolveram o conceito que será implementado no Matadouro.

A reconversão e exploração do Antigo Matadouro Industrial do Porto, que se encontra adjudicada à empresa Mota Engil, visa transformar o edifício, desativado há cerca de 20 anos, num equipamento âncora na reabilitação da zona oriental da cidade, baseado nos eixos da coesão social, da economia e da cultura.

“Foi a primeira vez que o arquiteto Kengo Kuma visitou o Matadouro depois de se terem iniciado as obras. [Este domingo] Foi uma visita técnica, de aferição do estado da obra, que serviu também para escolher, em alguns casos, materiais de acabamento finais e as cores a aplicar. O construtor fez um conjunto de protótipos e hoje foram tomadas algumas decisões relativamente ao acabamento final de alguns espaços do futuro Matadouro”, sublinhou o vereador do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha.

Opinião partilhada também pelo CEO da Emerge-Mota Engil, Vítor Pinho: “Saiu muito bem impressionado. Ele já conhecia o espaço e gostou de ver o que foi feito. Está confiante que vai ser um novo marco na cidade do Porto”.

Nascido em Yokohama, produto da escola de arquitetura de Tóquio, Kengo Kuma é autor de outros objetos de enorme importância para a arquitetura mundial, como o Suntory Museum of Art, na capital japonesa, a Bamboo Wall House, na China, a sede do Grupo Louis Vuitton, no Japão, o Besançon Art Center, em França, e, em especial, o novo Estádio Nacional de Tóquio, que recebeu a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2021.

Reabilitação e construção de novos edifícios

O processo de reconversão teve início em maio de 2021, quando as máquinas escavadoras da Mota-Engil entraram no antigo complexo industrial e concentraram os trabalhos na demolição dos elementos em avançado estado de degradação.

Representa um investimento na ordem dos 40 milhões de euros, integralmente assegurado pela Mota Engil, empresa privada nortenha que venceu o concurso público lançado pela Câmara do Porto. No final dos 30 anos da concessão, o equipamento regressa à esfera municipal. A cerimónia de assinatura auto de consignação do antigo Matadouro decorreu em outubro de 2021, no próprio equipamento municipal. Rui Moreira e Carlos Mota Santos, em representação do Município do Porto e da Mota Engil, respetivamente, assinaram o contrato na presença do primeiro-ministro, António Costa.

O programa de intervenção prevê a reconversão integral do complexo, mantendo a sua memória histórica e natureza arquitetónica, em espaços empresariais diversificados e polivalentes, espaços comerciais e de lazer de apoio local, espaços destinados à ação social e à ligação com a comunidade local e de cariz cultural e artístico, destinados à exposição, à produção e ao depósito de acervo de arte.

“Vamos arrancar com a fase de reabilitação de todos os edifícios existentes e a construção de novos. Esta fase vai demorar cerca de dois anos, prevendo-se que, em outubro de 2024, o novo Matadouro já esteja ao serviço de todos”, sublinhou o CEO da Emerge-Mota Engil.

Para além da reconversão está também previsto o estabelecimento de um percurso interno de caráter público que permita a circulação entre o acesso existente na Rua de São Roque da Lameira e um outro acesso direto à estação de Metro do Dragão, atravessando o interior do edifício principal, subindo por um edifício novo a construir em altura no topo norte do complexo, e atravessando a VCI por intermédio de uma nova passagem superior. Este percurso deve permitir a circulação de peões e bicicletas. O parque de estacionamento adjacente à estação de Metro servirá, também, o novo Matadouro, aproximando-o dos principais eixos rodoviários e ferroviários da cidade.

Uma nova centralidade na cidade

O projeto prevê ainda uma grande cobertura que, num só gesto, une o antigo, que será preservado, e o novo edifício de remate, assim como a passagem por cima da VCI, numa nova centralidade na cidade. Terá 11 edifícios independentes, com quatro frentes de luz. A relação entre os espaços interiores e exteriores dos escritórios será feita através de zonas ajardinadas. Haverá possibilidade de personalizar o interior de cada edifício e de ampliar a empresa de acordo com as suas necessidades.

Neste momento, a Mota-Engil avançou para a fase de comercialização dos espaços e as manifestações de interesse já começaram a surgir.

Dos 20 mil metros quadrados disponíveis para construção, 7.885 metros quadrados ficarão sob gestão municipal, sendo o restante explorado pela entidade vencedora do concurso. Será um edifício sustentável, com a instalação de painéis solares na cobertura.

O complexo terá um comportamento sustentável e certificação LEED. A destacar os cerca de 2500m2 de painéis solares na cobertura para geração de energia, assim como a utilização de sistemas térmicos, energéticos e hídricos eficientes.

Para além destes, o futuro Matadouro terá uma programação cultural permanente, a ser desenvolvida pela Câmara Municipal do Porto, havendo a possibilidade de criação de sinergias entre diferentes usos (workspaces/restauração/programa cultural/social/eventos).