Política

Presidente da Câmara do Porto foi esta manhã recolher votos de residentes em lares

  • Isabel Moreira da Silva

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Rui Moreira não deixou para terceiros uma tarefa que, em primeira linha e segundo a lei, a ele próprio lhe competia. Vestiu o equipamento de proteção ainda na Câmara e bem cedo na manhã desta terça-feira, a primeira de dois dias de recolha de voto antecipado, pôs-se ao caminho. Na cidade do Porto inscreveram-se 304 pessoas, 175 residentes em lares e 129 eleitores confinados. 15 equipas de voluntários, todos funcionários municipais, percorrem as diferentes geografias do concelho, numa operação complexa que requer, a cada nova visita, “paragem nas boxes” para desinfeção e troca de equipamentos no quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto ou numa das duas tendas propositadamente montadas em mais dois locais do município.

O que vale, admite o presidente da Câmara do Porto, é que “inscreveram-se poucas pessoas”, para um universo potencial de votantes que poderia ser muito maior. Só nos cerca de 80 lares da cidade, avança o autarca, “há aproximadamente 3.500 eleitores”, mas destes, apenas 175 pessoas, residentes em 18 lares, se inscreveram para o voto antecipado nas eleições presidenciais marcadas para o próximo domingo, dia 24.

Também nas casas de pessoas confinadas, que cumprem isolamento profilático ou estão infetadas, o cenário não é muito diferente. O município recebeu a inscrição de apenas 129 eleitores, provenientes de 96 casas particulares.

Se os números tivessem sido mais expressivos, o que hoje requer um tremendo espírito de equipa e uma organização feita a “régua e esquadro”, para evitar desperdício de quilómetros e “piscinas” pela cidade, seria tarefa impossível nestas escassas 48 horas (menos, na verdade, contando que a recolha de votos só acontece durante o período diurno).

É que a cada visita há que verificar o nome dos eleitores, o cartão de cidadão, entregar o boletim de voto, selar os envelopes, demorando este processo, por eleitor, no mínimo dez minutos.

Nada que Rui Moreira não tivesse previsto, como comprova a carta que escreveu ao ministro da Administração Interna, e que até hoje permanece sem resposta do destinatário Eduardo Cabrita.

O certo é que, não sendo caso de providência divina, os astros alinharam-se e, durante uma manhã de neblina cerrada no Porto, há um prenúncio de que esta odisseia no espaço confinado terá grandes hipóteses de sucesso.

Os voluntários em trânsito pela cidade vão seguindo a lista de moradas que lhes foi atribuída, sejam lares ou residências particulares e, até ao momento, porque a autarquia acrescentou ao quartel dos Bombeiros, na Constituição, mais duas tendas para a remoção de equipamento de proteção e colocação de novos EPI – uma no Parque da Cidade e outra no antigo parque de recolha da STCP em Campanhã – tem sido evitado o cruzamento entre equipas.

“Apesar de eu ser de risco, entendo que não devo pedir voluntários se eu próprio não me voluntariar para fazer esse serviço”, sublinhou Rui Moreira esta manhã, em declarações à TSF, agora que soma esta experiência ao seu currículo de autarca.