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Presidente da Câmara do Porto condecorado pela Marinha com a Cruz Naval

  • Paulo Alexandre Neves

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A zona da Alfândega esteve, este domingo, engalanada e com milhares de portuenses, e não só, na rua para assistirem às cerimónias do Dia da Marinha. Uma parada militar, seguido de desfile, incluindo uma demonstração de capacidades militares junto ao rio Douro, foram os pontos altos das celebrações. Durante a cerimónia militar, o presidente da Câmara do Porto foi condecorado pela Marinha portuguesa com a Cruz Naval (1.ª Classe), para além de outros militares. Rui Moreira não deixou de agradecer a todos pela forma tão entusiástica como participaram nas diferentes iniciativas destas comemorações.

O presidente da Câmara do Porto não tem dúvidas que o futuro do nosso país passa por uma "ambição de fazer mais pelo mar e pela sua fileira" só possível com "uma Marinha forte, com meios modernos e capacidade financeira". Por isso, disse, "estamos, tal como a Marinha portuguesa, conscientes do interesse estratégico de proteger e preservar o nosso mar, sem deixar de tirar melhor proveito dos recursos costeiros e marinhos do país".

"O destino de Portugal está irreversivelmente ancorado no mar. Temos uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa, o que faz com que o mar português seja 18 vezes maior do que a área terrestre do país", lembrou.

Segundo Rui Moreira, "devemos ter a ambição de fazer mais pelo mar e pela sua fileira. Para isso, há que reforçar a competitividade das atividades marítimas tradicionais e, simultaneamente, investir em atividades marítimas de maior valor acrescentado, intensivas em inovação e com perfil tecnológico".

Tudo isso só será possível "com uma Marinha forte, com meios modernos e capacidade financeira". "Para uma nova e mais frutuosa relação com o mar, Portugal precisa de uma instituição com o brio, a credibilidade e a competência da Marinha", sublinhou.

O orgulho do Porto pela Marinha

Antes, o autarca portuense tinha deixado uma palavra de apreço à Armada por ter escolhido o Porto para comemorar a sua mais importante efeméride, coincidente com a chegada da armada de Vasco da Gama a Calecute (Índia), que este ano cumpre 525 anos. "Creio que consagrámos ao Dia da Marinha muito do carácter trabalhador, abnegado e empreendedor por que é conhecida a cidade do Porto", frisou.

"Sabemos hoje muito melhor quem é, o que faz e que valores defende a Marinha", adiantou Rui Moreira, assegurando, ao mesmo tempo, a ideia de que "muitos portuenses, que participaram nestas comemorações, reforçaram a ideia de que a Marinha é uma instituição que, sem renunciar ao seu património histórico e doutrinário, está efetivamente voltada para o futuro".

O presidente da Câmara não deixou de agradecer a todos os portuenses a forma calorosa como celebraram o Dia da Marinha e participaram, ao longo da semana, nas múltiplas atividades previstas: "Somos uma cidade que não esconde as suas emoções e sentimentos, pelo que ficou bem à vista de todos o interesse, o carinho, o orgulho que o Porto sente pela Marinha e pelos nossos marinheiros".

"Aproveito para agradecer aos cidadãos do Porto e àqueles que nos visitaram a presença no Dia da Marinha. Obrigado por terem participado tão entusiasticamente nas diferentes iniciativas destas comemorações", acrescentou.

A viagem inesquecível do "Sagres"

Num tom mais pessoal e "como homem do mar", como afirmou, Rui Moreira partilhou a sua impressão sobre esta última semana. "Se me é permitida uma nota pessoal, destaco como o momento mais extraordinário do Dia da Marinha a viagem do Navio Escola Sagres entre o Porto de Leixões e o Cais da Ribeira. Desde 1998, há precisamente 25 anos, que o icónico navio não atracava no Douro".

"E foi uma alegria imensa ver o Sagres a navegar no nosso rio. Uma alegria para nós, felizardos passageiros do navio, mas também para as centenas de pessoas que bordejaram as margens do rio à espera da chegada do Sagres. Quando 'apitou à faina', expressão que aprendi a bordo, o Navio Escola Sagres levou-nos ao âmago da portugalidade", frisou.

"A coregrafia dos marinheiros afanosos nas suas tarefas, as velas com a cruz de cristo enfunadas ao vento, os constantes silvos cruzando o convés do navio, a lonjura do Atlântico definindo o firmamento… Tudo isto nos fez sentir mais portugueses e cidadãos mais orgulhosos do nosso país, da nossa história, da nossa cultura", acrescentou.

De acordo com dados disponibilizados pela Marinha, a "Sagres" tinha recebido até este domingo mais de 25 mil visitas. Só no sábado, foram perto de oito mil. Para além do Navio Escola Sagres podiam ser visitados a Fragata D. Francisco de Almeida, o Navio Patrulha Oceânico Sines e a Lancha de Fiscalização Rio Minho.

"Esperamos que, uma vez concluídas com sucesso estas comemorações, a colaboração entre a Marinha Portuguesa e a cidade do Porto se mantenha viva. A nossa cidade e o seu Município gostariam de continuar a cooperar ativamente com a Marinha Portuguesa", concluiu.

Helena Carreiras: "Recrutar e reter os melhores tem sido uma prioridade"

A presidir ao desfile militar esteve a ministra da Defesa Nacional. Helena Carreiras garantiu que o Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar, que visa "recrutar e reter os melhores", tem sido "uma prioridade". "Estou certa de que continuaremos a avançar em conjunto em prol desse e doutros objetivos, melhorando as condições daqueles e daquelas que escolhem esta profissão", disse, afirmando "a total confiança" da tutela na "liderança e visão" do atual Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo.

A ministra da Defesa lembrou que "a Marinha tem em curso um extenso plano de renovação e modernização que visa a otimização tecnológica nos próximos anos", descrevendo a Lei de Programação Militar, atualmente em discussão na Assembleia da República, como "a maior proposta de sempre", num investimento estimado 5,5 milhões de euros.

É disso exemplo o concurso para a aquisição de seis navios de patrulha oceânica, inserido no programa de renovação da frota da Marinha, lançado na passada sexta-feira. "São fundamentais para assegurar uma atuação eficaz nos espaços sob soberania e jurisdição nacional", referiu Helena Carreiras.

A governante falou também de várias missões de navios portugueses no estrangeiro, para destacar que "todas reforçam, de forma clara e inequívoca, o papel de Portugal enquanto parceiro e aliado de confiança".

Gouveia e Melo: "Estamos a mudar a Marinha"

Por seu turno, o Chefe do Estado-Maior da Armada deixou hoje a garantia de que a Marinha está em mudança, uma renovação que é "operacional, estrutural e genética", visando que "Portugal se cumpra no mar".

"Estamos a mudar a Marinha e vocês são os atores desta nova realidade", afirmou o almirante Gouveia e Melo, perante mais de 500 militares que estiveram em parada junto ao edifício da Alfândega.

"É uma nova Marinha para o desafio de Portugal: ocupar, explorar e garantir o uso do mar aos portugueses. Este desígnio é para mim o meu verdadeiro norte e tudo faremos para que Portugal se cumpra no mar. Está em curso uma renovação operacional, estrutural e genética. São inúmeras as alterações que foram, estão [a ser] e serão implementadas", referiu.

O Chefe do Estado-Maior da Armada destacou que, em 2022, os navios portugueses estiveram 4.867 dias empenhados em missão, um valor "verdadeiramente excecional" para uma Marinha da dimensão da portuguesa. "Num país cheio de necessidades é muitas vezes difícil encontrar forma de assegurar o justo equilíbrio entre o esforço, a disponibilidade, as competências que a Marinha e a sua atuação no mar exigem quando contrabalançadas pelas respetivas contribuições", sublinhou.

No final da cerimónia e após o desfile dos militares e dos veículos, o público assistiu ainda à demonstração de capacidades da Marinha e da Autoridade Marítima Nacional. Foi feita a simulação de salvamentos marítimos, deteção de incêndio numa embarcação em alto mar, socorro através de barcos e helicópteros e a atuação de equipas em casos de sequestros ou pirataria marítima.

A preceder a parada militar, a Marinha organizou uma celebração religiosa, na Igreja de São Francisco, transmitida pela RTP e a que assistiram a ministra da Defesa, o Chefe de Estado-Maior da Armada, o presidente da Câmara do Porto, entre muitas outras individualidades civis e militares. Presidiu à cerimónia o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Rui Valério.