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Prémio de medicina clínica distingue investigações sobre autismo, tumores cerebrais e hipertensão arterial

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A farmacêutica Bial escolheu uma investigação relacionada com o autismo como vencedor do Prémio de Medicina Clínica de 2022. Outros dois trabalhos – incluindo uma pesquisa no domínio da hipertensão arterial na população moçambicana levada a cabo pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) – foram também reconhecidos durante a cerimónia que decorreu, esta quarta-feira, na FMUP.

“Os desafios da neurodiversidade: um percurso na área da medicina personalizada e de investigação no autismo” é o trabalho de Miguel Castelo-Branco, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, cujo reconhecimento foi testemunhado pelo Presidente da República, pelo ministro da Saúde e pelo presidente da Câmara do Porto.

O trabalho, explica o autor, “confirmou que para compreender e reabilitar melhor o autismo é preciso ter em conta marcadores neurobiológicos que permitam caracterizar melhor a neurodiversidade, de forma a concretizar abordagens de medicina personalizada e de precisão”.

Nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, “estes prémios fazem sentido por mudarem a vida de pessoas concretas”. “Não há clínica médica que não se baseie numa muito sólida investigação fundamental e não há investigação fundamental que se possa satisfazer só por si”, reforçou o Presidente da República.

Uma das duas menções honrosas entregues nesta tarde reconheceu o trabalho “Contribuição para o estudo da hipertensão arterial em Moçambique e na África Subsaariana: resultados de um combate de 25 anos”, desenvolvido pela FMUP, em colaboração com a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.

A investigação, explica a Notícias UP, “mostrou que um em cada três adultos moçambicanos tem hipertensão arterial, identificando as suas causas, tipos e os baixos níveis de controlo”. “Foi ainda possível constatar a relação com a elevada mortalidade por acidentes cardiovasculares”, acrescenta.

Também o trabalho de Cláudia Faria, “Brain Tumors 360º: from biological samples to precision medicine for patients”, mereceu uma menção honrosa do júri do Prémio Bial. A neurocirurgiã do Hospital de Santa Maria criou a Brain Tumor Target, uma ferramenta que simula a doença e permite testar modelos e terapias inovadoras para a medicina personalizada.

Durante a entrega do Prémio Bial de Medicina Clínica, onde também estiveram o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, foi ainda distinguido o professor e investigador Manuel Sobrinho Simões, que, além de presidente do júri deste galardão durante quase duas décadas, foi considerado o patologista mais influente do mundo em 2015 e é autor de 400 artigos científicos que mereceram mais de 16 mil citações.

“O que nós não sabemos fazer em Portugal é colaborar. Temos de colaborar mais", pediu o fundador e diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto.