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“Posso pôr copos de papel no contentor azul?”. Município sensibiliza espaços comerciais para uma melhor reciclagem

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“Posso pôr copos de papel no contentor azul?”. “Tenho de lavar as embalagens antes de as depositar no contentor amarelo?”. “Posso pôr louça partida no ‘vidrão’?”. As dúvidas são cada vez menos, mas ainda surgem. De forma a ajudar os espaços comerciais a fazer uma melhor separação do lixo que produzem, a Porto Ambiente põe no terreno, todos os dias, equipas de sensibilização. Evitam-se as coimas e a cidade mais limpa agradece.

Naquele restaurante na Baixa, as primeiras alterações já começaram a ser implementadas. Os funcionários assistem a uma sessão inserida no Plano de Formação Ambiental, na empresa municipal de Ambiente, depois da primeira equipa ter passado nas instalações e detetado algumas irregularidades. Desconhecimento ou não, o não cumprimento do regulamento dá direito a penalizações.

Hoje, estão ali todos para fazer melhor. Para perceber que os copos de papel não vão para o contentor azul, que não precisam de lavar as embalagens de plástico ou de metal, e que os copos de vidro e a louça só têm lugar no contentor dos indiferenciados.

“Muitas vezes verificamos que os funcionários não cumprem porque não têm as condições criadas”, reconhece Ana Rita Morence. A formadora da Porto Ambiente afirma que “o objetivo destas ações de sensibilização é, essencialmente, divulgar o nosso regulamento de serviço e mudar hábitos e mentalidades relativamente à correta gestão dos resíduos por parte dos estabelecimentos”. “Não pretendemos, de todo, penalizar o estabelecimento”, reforça.

Porque o processo não termina com o lixo bem separado dentro do saco, a gestão acontece também na rua, com a correta deposição nos equipamentos de proximidade (mesmo na questão do horário em que acontece) para, lembra Ana Rita Morence, “evitar situações de insalubridade na via pública”. Se estiver cheio, os formandos já sabem: ou põem noutro ou voltam para trás com o saco de lixo.

Lixo separado, lixo reduzido

Só em 2021 as equipas realizaram mais de 1.500 ações de sensibilização e, este ano, a Porto Ambiente tem 86 estabelecimentos inseridos no Plano de Formação Ambiental. Restaurantes, hotéis, cafés, lojas, todos se mostram “recetivos e demonstram bastante interesse”. E as ações vêm dando frutos: “os formandos transmitem-nos que, a nível da quantidade de resíduos indiferenciados, reduz em muito porque se está a fazer a correta separação”, garante a formadora da Porto Ambiente.

No restaurante Conga, “no início houve um bocado de resistência, pelos hábitos adquiridos durante muitos anos”, assume o sócio gerente, Sérgio Oliveira. Depois da visita da equipa municipal, foram introduzidas “alterações em termos organizacionais” e já todos utilizam “os caixotes para separar o lixo normal, as latas, os vidros”.

Sobre as ações da equipa municipal, o responsável reconhece o que aprenderam com a formação recebida. “Foi fundamental o apoio para estarmos dentro dos parâmetros, que são legais e essenciais”, afirma Sérgio Oliveira.

Da Baixa para a Foz, a Porto Ambiente teve também “um papel fundamental de sensibilização. É assim que o diretor do Vila Foz Hotel e Spa define a ajuda que têm recebido da empresa municipal.

“Ajuda-nos a partilhar a informação com as nossas chefias, dão-nos a oportunidade de esclarecer dúvidas aos colaboradores que fazem diretamente a separação no dia-a-dia”, explica Serafim Ramos, para quem a separação que o hotel faz “é muito importante”.

O diretor daquela unidade hoteleira admite que “uma das grandes dificuldades que existe é o espaço nos locais operacionais”. No entanto, “encontrámos uma solução em conjunto e estratégias para fazer aqui a separação da forma mais correta”, não misturando itens “invalidando a reciclagem posterior”, recorrendo à sinalética que a Porto Ambiente disponibiliza na internet, e passando a informação a todos os colaboradores.

Do trabalho para casa, a reciclagem é um ciclo completo

À primeira abordagem, que deteta a existência de irregularidades, seguem-se as sessões de esclarecimento, e uma nova visita para verificar se as recomendações foram postas em prática. Mas, periodicamente, a equipa também aparece, sem aviso prévio, para garantir a continuidade da melhor separação de resíduos.

No final, implementadas as necessárias alterações, o estabelecimento recebe um certificado. No entanto, para Ana Rita Lourenço, o maior reflexo de que a pedagogia tem mais força do que a penalização é que “alguns formandos que não faziam a reciclagem em casas, hoje admitem que lhes custa não ter o mesmo procedimento que têm no local de trabalho”. Uma garrafa, uma caixa de papel, uma lata de cada vez.