Cultura

Porto vai ser palco em 2021 do WOMEX, o maior evento global da indústria musical

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A cidade do Porto vai acolher em outubro de 2021 o Festival WOMEX - The World Music Expo, um dos eventos mundiais mais importantes para os profissionais da indústria da música, com mais de 26 anos de história, numa estreia absoluta em Portugal, que trará milhares de participantes à Invicta, oriundos de mais de 90 países. A Alfândega do Porto será o epicentro da iniciativa, local onde fica instalada a feira comercial com 300 stands, espaço também privilegiado para acolher o ciclo de conferências. O programa será ainda amplificado a mais sete palcos da cidade, entre os quais Rivoli, Coliseu Porto Ageas e Casa da Música, com exibição de filmes, concertos showcase e uma cerimónia de entrega de prémios, que anualmente distingue os maiores nomes da música global.

De 27 a 31 de outubro de 2021, as músicas do mundo invadem o Porto. O WOMEX trará à cidade milhares de profissionais ligados à indústria, sucedendo assim a Budapeste, na Hungria, cidade que vai acolher a edição de 2020, em outubro, e a Tampere (2019), na Finlândia.

"Hoje é um marco histórico. Esta ideia de querer trazer o WOMEX para Portugal tem mais de 20 anos", assinalou na conferência de imprensa, o diretor geral da AMG Music, António Miguel Guimarães, produtora responsável pela realização do festival no país.

O namoro, feito de altos e baixos, consumou-se agora, não só fruto do apoio que recebeu do Governo, como também, desde a primeira hora, do presidente da Câmara do Porto, afirmou o responsável durante o anúncio, preparado esta tarde para o pequeno auditório do Teatro Municipal do Porto - Rivoli, na presença de Rui Moreira, da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, do diretor geral do WOMEX, o alemão Alexander Walter, da vereadora Catarina Araújo, presidente do conselho de administração da Ágora - Cultura e Deporto do Porto EM., entre outros convidados, como o músico João Gil.

Na verdade, desde 2014 havia vontade em trazer o WOMEX para o Porto, partilhou o autarca. Todavia, nessa altura, tanto o presidente da Câmara como Paulo Cunha Silva, então vereador da Cultura, consideraram que o Município não estava pronto para investir num evento desta envergadura. Nos últimos anos, muita coisa mudou, afirmou António Miguel Guimarães, sublinhando que "o Porto está mais do que preparado para realizar eventos à escala mundial como este".

De facto, assim foi, reconheceu Rui Moreira, agradado por tanto o Executivo como a Assembleia Municipal terem aprovado, por unanimidade, o apoio à realização do festival na cidade, que "tem a grande esperança" sirva de "oportunidade para a divulgação da música da lusofonia e da sua singularidade ainda desconhecida pela maioria", em especial a proveniente dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), confidenciou.

Assim, após "dois anos e meio de trabalho e décadas de wishful thinking [esperança]", detalhou o produtor, foi possível construir "um projeto sólido", que concorreu com outras cidades. "Não caiu do céu. Construímos um dossier ganhador e isso também se deve ao Porto", reforçou António Miguel Guimarães que, não ignorando a pandemia, informou que este evento, embora ainda esteja a mais de um ano de distância, será muito importante para dinamizar o setor cultural e abrir novas oportunidades aos músicos portugueses, para quem a COVID-19 foi "uma bomba atómica", classificou. Razão ainda para informar que a produção do evento recorrerá, em larga escala, a profissionais do setor da cidade e da Região Norte.

Visão partilhada por Alexander Walter, que veio propositadamente ao Porto para demonstrar o quanto o WOMEX valoriza a realização da edição de 2021 na Invicta. "Em tempos tão conturbados como este é importante que se realize no Porto. Os produtores, os músicos, os profissionais, precisam de um lugar atrativo para se reencontrarem" e, nas suas palavras, a cidade tem todos os ingredientes capazes de proporcionar um bom festival, do rio à gastronomia, passando pela sua beleza histórica e localização privilegiada.

Também a ministra da Cultura, Graça Fonseca, destacou que o WOMEX "é uma enorme plataforma de encontro, de conhecimento e da projeção internacional de artistas", que faz "movimentar um segmento importante da cultura" e que vem em boa hora, não só após "20 anos de luta para que o WOMEX chegasse a Portugal", mas para contrariar um tempo particularmente difícil.

WOMEX com palcos descentralizados pela cidade

Ao longo de cinco dias e cinco noites, o WOMEX terá como centro nevrálgico a Alfândega do Porto, local onde, no período diurno, decorrerá a feira comercial, onde são aguardados cerca de 2.800 delegados para visitarem os 300 stands. Este é um dos principais atrativos do festival, plataforma privilegiada para o networking entre artistas, agentes, editores, managers, promotores de eventos, técnicos e jornalistas.

Mas não o único. O evento reserva também um ciclo de conferências, que contará com keynote speakers (oradores de topo), "que representam alguns dos maiores pensadores e ativistas musicais do globo, num total de cerca de 80 oradores envolvidos", assinala a organização.

Já os cerca de 60 concertos showcase programados, em que artistas de todo o mundo se apresentam a agentes, promotores e jornalistas, terão como palcos sete salas diferentes: o Coliseu Porto Ageas, Rivoli, uma tenda montada na Praça de D. João I, a Casa da Música, o Hard Club, o Cinema Passos Manuel e os teatros São João e Sá da Bandeira.

No ciclo de filmes e documentários, que se vai estender ao longo de três dias, estão previstas16 projeções, incluindo três estreias e uma homenagem especial. E, como é habitual a cada edição, no Porto também ser realizará o WOMEX Awards, cerimónia de entrega dos mais prestigiados Prémios de Músicas do Mundo, que decorrerá na Casa da Música.

Todas estas atividades serão seguidas de perto por cerca de 300 jornalistas de todo o mundo, que representam mais de 400 meios de 90 países, facto que por si só garante a projeção internacional do evento.

O investimento nacional ronda os 1,7 milhões de euros, sendo que para este orçamento a Câmara do Porto contribuiu com 600 mil euros e o Ministério da Cultura com 200 mil euros.