Mobilidade

Porto reforça compromisso por uma mobilidade mais amiga das pessoas, da economia e do ambiente

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A promoção do uso dos transportes públicos, a adaptação das cidades ou a transição para escolhas mais verdes foram alguns dos tópicos que levaram à realização do ciclo de conferências “Os desafios da mobilidade na Área Metropolitana do Porto” (AMP), promovido pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. Na sessão de abertura, na manhã desta quarta-feira, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, o presidente da Câmara do Porto reforçou o compromisso da cidade em fazer “o que estiver ao seu alcance para garantir uma mobilidade mais amiga das pessoas, da economia e do ambiente”.

Rui Moreira afirmou que a “política de transportes que está a ser desenvolvida pelo Município do Porto favorece uma mobilidade inteligente, integrada, inclusiva e sustentável”, e deu como exemplo a transformação que vem sendo feita na frota da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) com o objetivo de descarbonização em 40% até 2030.

“Esta meta representa um passo significativo no cumprimento do Pacto do Porto para o Clima, que traduz a nossa ambição de tornar a cidade neutra em carbono até 2050”, lembrou. A aposta no transporte público rodoviário de passageiros vem exigindo, acrescentou Rui Moreira, a criação de equipamentos e infraestruturas como o Terminal Intermodal de Campanhã.

O presidente da Câmara do Porto lembrou que esta reestruturação inclui outros terminais e interfaces “em zonas nevrálgicas da cidade” e que se encontram “em processo de operacionalização até ao final do ano, em estreita articulação com a Área Metropolitana do Porto”.

“Intransigentes” foi a adjetivo escolhido por Rui Moreira para classificar a “nossa vontade de limitar o acesso do transporte rodoviário de passageiros à cidade, condição fundamental para garantir maior fluidez de tráfego, maior usufruto do espaço público, maior qualidade de vida urbana e maior sustentabilidade ambiental”.

“A circulação de veículos pesados de passageiros no Porto não pode, e não vai, continuar a fazer-se nos mesmos moldes”, acrescentou, ao mesmo tempo que garante que “não é nossa intenção transformar o Porto numa ilha, impenetrável a quem vem de fora. Pelo contrário, a cidade tem toda a vantagem em ser bem servida de transportes rodoviários interurbanos e regionais”.

Rui Moreira não tem dúvidas de que “o Município do Porto está efetivamente a mudar o paradigma do transporte público na cidade”, contando com a contribuição da expansão em curso da rede de metro.

“A oferta, eficiência, qualidade e sustentabilidade do serviço de transportes públicos da cidade aumentou significativamente nos últimos anos e são esperados novos avanços e melhoramentos no futuro próximo”, garantiu, sublinhando o objetivo de criação de condições para “um uso mais generalizado dos modos de transporte suaves”.

Direito à mobilidade como direito fundamental

Na abertura da conferência, onde também estiveram presentes o secretário de Estado da Mobilidade urbana, Jorge Delgado, o vice-presidente do conselho metropolitano da AMP, Sérgio Humberto, e a presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, Ana Paula Vitorino, o autarca reforçou o compromisso do Município em fazer “o que estiver ao seu alcance para garantir uma mobilidade mais amiga das pessoas, da economia e do ambiente”.

Por último, o presidente da Câmara do Porto lembrou a necessidade de “uma política intermunicipal de transportes mais bem regulada e mais integrada e complementar”, que favoreça “a melhoria da mobilidade em todos os municípios da Área Metropolitana”.

A fechar as intervenções antes do ciclo de debates, o secretário de Estado da Mobilidade Urbana foi perentório na ideia de que “o direito à mobilidade é um direito fundamental”, contribuindo para a coesão territorial e para uma “economia mais justa e sustentável”.

Para Jorge Delgado, “o transporte público é a chave do problema”, assim como tornar menos complexa a sua rede, promovendo a uniformização e a abrangência territorial através da digitalização.

Resgatar o espaço público, acabar com a tirania do automóvel

Também Pedro Baganha marcou presença na conferência, participando no painel de discussão “Incentivos à utilização de transportes públicos e à promoção da acessibilidade, proximidade e coesão social e urbana”, numa mesa redonda com o professor e investigador da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto, António Pérez Babo, e do presidente da Metro-Mondego e professor e investigador do Departamento de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Portucalense, João Marrana.

O vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público afirmou que “a única forma de alterar o paradigma é planear o território de tal maneira que o transporte público seja a melhor solução”. “O espaço público é um bem escasso”, reforça Pedro Baganha, partilhando a ideia de que “uma política de mobilidade passa pela imobilidade dos transportes”, referindo-se ao espaço ocupado por automóveis estacionados, que o Município procura combater, por exemplo com a determinação, no PDM, de limites máximos para estacionamento.

O vereador assumiu ainda a “guerra que começou há pouco tempo na cidade pela priorização do elo mais fraco: o peão”. “Há medidas de médio/longo prazo, mais estruturantes, que vão induzir o inevitável: o abandono da tirania do automóvel”, acrescentou Pedro Baganha, crente de que “quando promovemos os modos suaves, promovemos o tecido económico, o encontro dos cidadãos, o espaço da democracia”.