Proteção Civil

Porto está preparado para a vacinação em grande escala, “haja vacinas”

  • Isabel Moreira da Silva

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No Queimódromo está pronto para abrir um drive-thru, enquanto primeiro centro de vacinação no Porto com capacidade para administrar cerca de 2.000 vacinas por dia. O antigo parque de recolha da STCP, em São Roque, pode seguir o mesmo sistema, e para os Jardins do Palácio de Cristal está a ser equacionado um walk-thru. “Haja vacinas, a cidade do Porto está preparada para incentivar a vacinação”, afirmo esta manhã Rui Moreira, revelando que estes três centros, em conjunto, terão capacidade para vacinar toda a população do Porto em apenas dois meses.

Agir por antecipação: o modelo está montado e articulado com todos os parceiros. No Queimódromo, o Município do Porto conta com o apoio da Unilabs Portugal para a vacinação contra a Covid-19, em formato drive-thru, semelhante ao modelo pioneiro que foi implementado em março do ano passado com os testes, e que foi até replicado noutras zonas do país (permite que a pessoa seja vacinada dentro da própria viatura, sem necessidade de sair do carro). No mesmo local, aliás, o centro de rastreio móvel continua a funcionar, mas agora paredes-meias com o novo centro de vacinação.

Por sua vez, neste modelo de vacinação os hospitais da cidade, Hospital de São João e Hospital de Santo António, prestarão todo o know-how (conhecimento) e experiência ao laboratório, de modo a que os meios humanos tenham a formação e orientação necessárias, para uma máquina que se quer bem oleada. O centro contará com 12 linhas de vacinação e, depois da toma da vacina, as pessoas serão encaminhadas para um parque de estacionamento dedicado ao recobro, onde terão de aguardar 30 minutos, de acordo com as indicações das autoridades de saúde.

A ideia “segue as melhores práticas internacionais”, que países como Israel ou cidades como Nova Iorque têm vindo a adotar com sucesso, declarou esta manhã Rui Moreira, numa conferência de imprensa realizada no Queimódromo, em que também participaram representantes das instituições e entidades parceiras.

“Estamos prontos. A experiência do drive-thru deu-nos tranquilidade em termos de fluxos”, disse António Maia Gonçalves, diretor médico da Unilabs Portugal.

“Mais uma vez, a autarquia, de forma pioneira, acaba por implementar um sistema antes da necessidade. Acho que essa visão, que é necessária, tem tido depois reflexos nos resultados”, salientou, por seu turno, o presidente do conselho de administração do Hospital de São João, Fernando Araújo.

Também Paulo Barbosa, presidente do conselho de administração do Hospital de Santo António, ressalvou que é “uma tarefa hercúlea”, mas que esta articulação “vai permitir uma vacinação em segurança”, disse na apresentação em que marcaram ainda presença o CEO da Unilabs Portugal, Luís Menezes, e o vereador da Habitação e Coesão Social, Fernando Paulo.

Vacinas “precisam-se”

Mas, para que tudo resulte, “precisamos de vacinas”, frisou o presidente da Câmara do Porto, que se manifestou “muito preocupado” com a ausência do elemento central de combate à Covid-19.

“Se até ao fim do verão, finais de setembro, queremos ter cerca de 67% da população vacinada, o país terá de ter capacidade de administrar 55 a 60 mil vacinas por dia, o que não é compaginável com aquilo que está a ser feito atualmente”, continuou o autarca, observando que os hospitais e os centros de saúde não têm capacidade para assumir integralmente essa tarefa, tanto mais que “são precisos para tratar quem está doente”.

As contas estão feitas, as estruturas prontas a funcionar, mas, de facto, por enquanto mais não pode ser feito, manifestou o autarca, revelando também que “a cidade está disponível para triplicar este esforço”, com mais dois centros de vacinação em larga escala.

Os espaços estão identificados: o antigo parque de recolha da STCP, em São Roque, que seguiria o mesmo modelo drive-thru, para servir a população mais a oriente da cidade; e outro nos Jardins do Palácio de Cristal, dedicado à zona mais central da cidade, mas este adotando o sistema walk-thru (a pé).

“Com os três centros, conseguimos em menos de dois meses ter a população do Porto, que são cerca de 250 mil pessoas, vacinada”, garantiu Rui Moreira.

Além dos três centros de vacinação, o Município do Porto esteve em permanente contacto com os dois ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] da cidade e articulou com eles a disponibilização de espaços para vacinação. No caso do ACES Ocidental, a autarquia cedeu a Escola de António Aroso, e quanto ao ACES Oriental apoiou a montagem de uma tenda que serve de espaço de recobro, uma vez que são necessários 30 minutos no local após vacinação para despistar situações adversas.

PSP dispensou apoio que pediu ao município à última hora

No centro de vacinação do Queimódromo, a operação está em condições de arrancar no dia 15, próxima segunda-feira, mas já não vai começar por vacinar os cerca de 3.500 agentes do Comando Metropolitano da PSP do Porto, ao contrário do que estava inicialmente previsto.

“Na semana passada, fomos contactados pela PSP. Inicialmente, a PSP pediu-nos um edifício onde pudessem ser administradas vacinas a cerca de 3.500 dos seus agentes. Tínhamos uma escola disponível, a de Lordelo, que eles foram verificar e que foi considerada que não tinha condições suficientes”, relatou o presidente da Câmara do Porto, dizendo que depois foi apresentada a solução do Queimódromo, e que até a Unilabs estaria disponível para administrar gratuitamente as vacinas.

“Ontem, às 19,31 recebi uma chamada da senhora comandante da PSP dizendo que tinha recebido ordens em sentido contrário”, partilhou Rui Moreira, lamentando que depois de a PSP ter até ficado “muito contente” com a solução apresentada pelo município, tenha desistido da ideia.