Cultura

Porto entra na Feira do Livro como em casa: com as palavras de Manuel António Pina

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Começam a contar-se os dias: de 25 de agosto a 10 de setembro, os Jardins do Palácio de Cristal serão a casa dos livros, da palavra, da poesia, da literatura, da cultura popular e cosmopolita. Está de regresso a Feira do Livro do Porto. Programa completo da edição que celebra Manuel António Pina foi apresentado na manhã desta segunda-feira.

A programação cultural assegura 20 conversas, 21 concertos, quatro sessões de cinema, cinco sessões de humor e 58 atividades para bebés, infantojuvenis e famílias. As 108 editoras, livreiros e alfarrabistas conta, este ano, com 130 pavilhões renovados, para maior conforto e acessibilidade. O investimento municipal ronda os 650 mil euros.

Para o presidente da Câmara do Porto, uma Feira do Livro popular e cosmopolita, à imagem da cidade, “representa um grande desafio sempre difícil de alcançar”. No entanto, acredita Rui Moreira, esse “é também um dos segredos do seu inegável sucesso e do seu lugar cativo no nosso imaginário”.

Partilhando da opinião de que o regresso do festival literário à cidade é “um dos momentos mais felizes do ano”, o presidente da Câmara sublinha como o evento “já assegurou o seu lugar nos hábitos e no coração de todos os portuenses”, depois da dinâmica de que foi alvo há cerca de uma década.

“O Porto tem agora um evento cultural que promove, simultaneamente, a divulgação editorial, o debate de ideias em torno da literatura, da cultura e dos temas do mercado livreiro, a valorização da memória das letras portuenses, sem deixar de acolher, ano após ano, milhares de pessoas, de todas as gerações e todas as origens – e de estimular a paixão pela leitura”, reforça Rui Moreira.

O presidente da Câmara do Porto enaltece, ainda, como a Feira do Livro da cidade “não padece de alguns sintomas que, por vezes, afetam eventos deste género”. “Não acusa penosas dores de crescimento. Não é a maior, nem pretende ser. Não nos vence pelo cansaço, nem pelo ruído – seduz-nos. Replica, de certa forma, a relação que mantemos com os nossos melhores livros”, acredita o autarca.

Estreitar relação da cidade com o livro e a leitura

Responsável pela programação literária e coordenador da edição deste ano, João Gesta assegura que “a palavra vai fluir”, andar “à solta” nos Jardins do Palácio de Cristal. Este será “um festival literário fecundo, construído em torno da palavra, essa potência invencível”, que assentará numa “programação rica, diversificada, multidisciplinar e inclusiva”, afirma o, também ele, escritor.

Destacando a presença de algumas figuras da cultura, de gerações e universos distintos, como Ricardo Araújo Pereira, Germano Silva, Álvaro Magalhães, João Botelho, Shahd Wadi, Xullaji, Afonso Cruz, Ana Deus, João Luís Barreto Guimarães, Ana Zanatti ou A Garota Não, João Gesta acredita que a programação oferecida “estreitará, ainda mais, a relação da cidade com o livro e com a leitura”.

“Preferimos sempre a modernidade às modas, a liberdade à libertinagem, o clamor ao silêncio”, sublinha o coordenador da Feira do Livro do Porto, assumindo a missão de “cativar um público cada vez mais jovem, que parece começar a acreditar que a poesia é uma linguagem libertadora e parte integrante da vida”.

Evocar a memória dos muitos Pinas em Pina

Focando como Manuel António Pina considerava ter-se “nascido a si mesmo" no Porto, o comissário do programa de evocação do escritor, poeta e jornalista, Rui Lage sublinhou como a sua obra “é uma das obras cimeiras da literatura portuguesa da segunda metade do século XX”.

Para o comissário importa, ainda, lembrar os “muitos Pinas em Pina” e toda a “marca perene” que terá deixado “em muitas gerações de portuenses”, seja nas crónicas no Jornal de Notícias, no acervo teatro do teatro Pé de Vento ou nas letras de canções para o Bando dos Gambozinos.

Da programação faz parte a exposição temporária “Pina Germano”, que inaugura no dia de abertura, no Gabinete Gráfico, e reúne memórias, epístolas, fotografias e outros documentos, apresentando-se como a “grande história de amizade, amor e correspondência portuense dos nossos dias: a história que ligou (e liga ainda) o poeta e jornalista Manuel António Pina ao também jornalista e historiador local, Germano Silva”, sublinha o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado.

E, porque Manuel António Pina “não gostava de homenagens”, Rui Lage considera que a edição deste ano da Feira do Livro será “uma evocação”. “Uma evocação da pessoa e da obra. Da memória da pessoa. Não uma cerimónia, como algo que não lhe pertencesse. A ele, Pina, e a nós. Algo menos que uma homenagem e algo mais que uma homenagem”, concluiu.

Todos os detalhes da programação da Feira do Livro do Porto poderão ser, entretanto, consultados na página do evento.