Cultura

Porto e Matosinhos celebram Aurélia de Sousa 150 anos depois

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Cento e
cinquenta anos depois do nascimento de Aurélia de Sousa em Valparaíso, no
Chile, a 13 de junho de 1866, a obra daquela que é considerada uma das mais
importantes pintoras portuguesas é recordada numa exposição inaugurada ontem,
ao fim da tarde, em simultâneo no Porto e em Matosinhos.


Intitulada "Aurélia,
mulher artista", a mostra é comissariada por Filipa Lowndes Vicente, e vai
estar aberta ao público até 30 de outubro, nos dois pólos: Casa Museu Marta
Ortigão Sampaio, no Porto, e Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira,
Matosinhos. A inauguração contou coma presença do presidente da Câmara
do Porto, Rui Moreira e do vereador da Cultura da Câmara de Matosinhos,
Fernando Rocha.


No Porto foi
privilegiada a figura humana, os retratos e autorretratos, cenas familiares e
de rua. Já em Matosinhos podem ser vistas as obras dedicadas à natureza, flores,
naturezas mortas e paisagem, numa abordagem histórica da artista e do seu
contexto de vida que constitui o elo comum a ambos os espaços.


"Aurélia de Sousa foi uma pintora e fotógrafa
que, tal como tantos outros artistas, viveu e estudou em Paris em finais do
século XIX. Mas foi também uma artista que trabalhou num contexto histórico em
que ser mulher ou ser homem tinha implicações muito distintas na construção de
uma carreira artística: dos lugares onde se podia estudar aos círculos que se
podia frequentar; dos modos como a crítica de arte julgava o trabalho à
perceção negativa que estava quase sempre associada à 'mulher-artista', situada
na fronteira pouco definida entre amadorismo e profissionalização", referiu a
comissária da exposição.


Falecida no
Porto em 1922, Aurélia de Sousa iniciou o seu percurso artístico na Academia de
Belas-Artes portuense, tendo feito a sua primeira exposição em Paris. Regressou
a Portugal em 1901, onde produziu uma pintura influenciada pelos estilos mais
inovadores do seu tempo, do naturalismo ao pós-impressionismo. Segundo Raquel
Henriques da Silva, que escreveu a biografia da pintora, a obra de Aurélia de
Sousa "regista a silenciosa narrativa da casa: a presença da velha mãe, os
afazeres das mulheres e das crianças, os cantos escuros da cozinha e do atelier,
as tardes em que a luz se confunde com os fatos de verão, os caminhos
campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente
volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz".


Nas últimas
décadas o reconhecimento da pintora tem vindo gradualmente a aumentar. A destacar
da sua obra o "Auto-retrato", pintado por volta de 1900, e que Raquel Henriques
da Silva, na monografia que dedicou à pintora em 1992, não hesita em considerar
"o mais belo auto-retrato da pintura portuguesa". Pode ser visto no Museu Nacional Soares dos Reis
(MNSR), que se associou a estas comemorações com a apresentação pública, na
segunda-feira à noite, de uma outra obra da pintora recentemente adquirida: O
Vestido Verde.


+Info: "Aurélia, mulher
artista"


De 13 de
junho a 30 de outubro 2016


 


CASA MUSEU MARTA ORTIGÃO SAMPAIO -
PORTO


Rua de Nossa
Senhora de Fátima, 291 (junto à Rotunda da Boavista).


De
terça-feira a sábado, das 10 às 17,30 horas.


Domingo das
10 às 12,30 horas e das 14 às 17,30 horas.


Encerra à
segunda-feira e dias feriados.


 


MUSEU QUINTA DE SANTIAGO - LEÇA DA
PALMEIRA, MATOSINHOS


Rua de Vila
Franca, 134 (junto à Quinta da Conceição).


De abril a
agosto:


Terça a
domingo das 10 às 18 horas


De setembro
a março:


Terça a
sexta das 10 às 18 horas


Sábados,
Domingos e Feriados das 15 às 18 horas


Encerra para
almoço das 13 às 15 horas