Cultura

Porto Design Biennale começa no dia 2 de junho e o programa já é conhecido

  • Cláudia Brandão

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Serão 54 dias – entre 2 de junho e 25 de julho, 49 atividades, 24 espaços no Porto e em Matosinhos, nove curadores, 20 conversas online e 11 workshops. O programa da segunda edição da Porto Design Biennale, à luz do tema “Alter-Realidades: Desenhar o Presente”, foi conhecido esta terça-feira e assume a vontade de “se olhar para a prática do design como veículo para criar novas formas de nos relacionarmos com a cidade, sentirmos empatia pela vida que nos rodeia, aproximarmo-nos de processos de produção locais e olharmos para o trabalho e o lazer sob a ótica do bem-estar”.

Entre a primeira e esta segunda edição do evento organizado pela esad-idea, Investigação em Design e Arte, e que une os municípios do Porto e Matosinhos, meteu-se uma pandemia. O mundo teve que pensar diferente e, com ele, o design.

Na cerimónia de apresentação da Porto Design Biennale 2021, que teve lugar nos Paços do Concelho, Rui Moreira questionou “se queremos mesmo regressar àquilo que era, provavelmente, uma anormalidade, ou se esta apneia não nos permitiu olharmos o mundo, olharmo-nos uns aos outros, de forma diferente”.

Para o presidente da Câmara do Porto, “é para isto, também, que serve uma bienal”, para “criar uma nova e uma futura normalidade”. “A dimensão que temos com esta bienal vai muito para lá do produto. Contempla as pessoas, pretende ser perturbadora, para que possamos repensar tudo aquilo que temos feito e o que podemos fazer no futuro”, acredita Rui Moreira.

Sublinhando a união das duas cidades para a realização da bienal, “num ano em que podia parecer improvável”, a presidente da Câmara de Matosinhos garantiu que “não queremos deixar o design para trás”. “Este é o momento de dar as boas vindas à nossa expressão cultural, de instrumentalizar e conferir valor acrescentado, de moldar a malha urbana à luz da economia circular e do design do produto, de refletir, divulgar, internacionalizar, captar e atrair”, afirmou Luísa Salgueiro.

Para a autarca, “o design é um segredo imprescindível para o futuro económico de uma região conectada com o mundo, com uma identidade tão própria” e esta bienal terá um foco, igualmente, nos agentes económicos, “para estimulação do pensamento crítico”. “Não existindo qualquer estrutura nacional que dinamize este setor emergente, nasce daqui este grito com sotaque do norte, que confere ao design o destaque que merece”, lançou a presidente da Câmara de Matosinhos.

Com curadoria de Alastair Fuad-Luke, edição de 2021 da Porto Design Biennale irá pensar e intervir no momento atual sob o tema “Alter-Realidades: Desenhar o Presente”. Entre exposições, conferências, workshops, publicações e outras formas de partilha, a ideia de partida é a de que “estamos cansados de múltiplas crises, sejam elas reais, imaginadas ou manipuladas. O desânimo impede-nos de agir. Mas precisamos de refazer mundos e de criar novas formas de nos relacionarmos, rejeitando hegemonias insustentáveis e ideologias fraturantes. No momento presente, com a pandemia e a crise, a prática do design pode ajudar-nos a encontrar formas de viver melhor”, afirma o curador.

Para Alastair Fuad-Luke, esta será “uma bienal pluralista, que vai provocar um debate e ação positivos”, ao longo de quatro temas para uma alternativa: “Alter-Paisagens”, “Alter-Cuidado”, “Alter-Produção” e “Alter-vivências”. O arranque da Porto Design Biennale acontece com uma exposição e workshops do próprio Alastair Fuad-Luke – “Museu da Matéria Viva” – que vai passar pela Quinta da Bonjóia.

O curador geral sublinhou, ainda, a vertente que conta com a participação dos munícipes na resposta à questão “como veem as mudanças positivas na cidade?”, que lançará o desafio a escolas de design, e o número de projetos recebidos na open call para projetos satélite: 180 candidatos, de 44 países. “São números fantásticos”, confessou.

A festa do design a partir do norte

A edição deste ano terá como país convidado a França e o curador desta parte do programa também esteve presente nos Paços do Concelho. Sam Baron confessou-se “muito feliz por ser o norte do país a festejar o design em Portugal e a representar a nível internacional o design português”. “Quero celebrar a perseverança em organizar uma bienal numa condições que são muito particulares, para não dizer bastante complicadas”, afirmou o designer francês que já trabalhou com marcas como Vista Alegre, Benetton ou Dior.

Através do projeto "Autre/Outro", Sam Baron pediu a artistas, designers e pensadores franceses e portugueses que desenvolvessem trabalho criativo com base num conjunto de objetos recolhidos no Porto.

Para a diretora da esad-idea e da Porto Design Biennale, desde a primeira edição, "o mundo mudou, e com ele as nossas formas de interagir com o que nos rodeia a nível humano, e mais do que humano". "Esta é uma bienal que nasceu com vontade inevitável de especular sobre uma nova responsabilidade nos atos de produzir, pensar, comunicar, e questionar, também sobre o papel do design no nosso tempo", afirmou Magda Seifert.

Marcaram ainda presença na apresentação o diretor do Conselho Executivo da ESAD, Sérgio Afonso, o vereador da Cultura do município de Matosinhos, Fernando Rocha, o diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, António Ponte, e Nuno Faria, diretor artístico do Museu da Cidade do Porto.

A edição de estreia da Porto Design Biennale – em 2019 –, orientada pelas “Tensões do Novo Milénio”, registou um total de 50 mil visitantes espalhados pelos 37 espaços, no Porto e em Matosinhos, ao longo de 81 dias e seis dezenas de iniciativas que envolveram 20 curadores e 310 participantes de 18 nacionalidades.

O programa completo da Porto Design Biennal 2021 pode ser consultado na página do evento.