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Porto desencadeia amanhã primeiro ato formal para a construção da nova ponte

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Miguel Nogueira

Esta terça-feira irá a reunião de Executivo, por proposta do Presidente da Câmara do Porto, o protocolo de cooperação a estabelecer com o Município de Gaia para a construção da nova ponte sobre o Douro. A decisão constitui o arranque formal de um processo que agilizará uma série de procedimentos, "como a elaboração de estudos de impacto ambiental e de mobilidade mais aprofundados, elaboração de cadernos de encargos e programas de concursos, pedidos de pareceres, que seguirão o seu normal caminho de validação e aprovação", enuncia o documento.

O anúncio da futura ponte que ligará as margens das cidades de Porto e Gaia foi feito pelos dois presidentes de Câmara em abril deste ano. Durante este período, iniciou-se um debate informal sobre a decisão política que agora toma forma definitiva, com o protocolo de cooperação que será estabelecido entre os Municípios do Porto e de Gaia, e que Rui Moreira leva amanhã a reunião de Executivo.

Segundo o protocolo, as duas autarquias entendem ser necessário "facilitar a travessia pedonal entre os dois Centros Históricos sem ferir aquilo que é a imagem da cidade, mantendo e preservando o seu valor patrimonial", além de que ambas estão de acordo "com a urgência de criar uma nova travessia rodoviária à cota baixa, que possa retirar trânsito automóvel" destes dois centros, desviando-o para zonas de expansão e diminuindo a pressão onde ela é mais evidente.

Também sobressaem desta decisão conjunta, que implica um investimento aproximado de 12 milhões de euros - dividido em partes iguais pelas duas Câmaras que assumem, integralmente, o financiamento da construção da nova ponte - critérios de ordem política e estratégica. Em sintonia, os presidentes do Porto e de Gaia pretendem "equilibrar territorialmente a malha e vivência urbana, deslocando para o interior dos dois Concelhos eixos de circulação", facilitando assim a criação de novos impulsos económicos e sociais.

A melhor localização

A sétima travessia sobre o rio Douro, entre Porto e Gaia, vai nascer a montante da ponte Luís I, na zona oriental da cidade, entre as já existentes de São João e do Freixo. Ergue-se na parte mais estreita do rio, à cota baixa, no local em que a distância entre as duas margens é de apenas 250 metros: no Porto, ficará à entrada do vale de Campanhã e, em Gaia, estará "amarrada" ao Areinho.

A localização corresponde aos estudos feitos há anos pelo professor Adão da Fonseca, especialista que indicava aquele sítio, entre a Ponte de São João e a Ponte do Freixo, como o melhor para a instalação da nova travessia rodoviária, onde a altitude das escarpas (do lado do Porto) diminui consideravelmente. Note-se, ainda, que as Câmaras não ficam dependentes da classificação de património, já que a futura ligação não está inserida em zona histórica, nem depende do Estado central, uma vez que está garantida a construção com recursos próprios.

Assim, foi possível reunir vantagens não só ao nível da política de mobilidade articula¬da entre as duas autarquias, como ainda beneficiar de aspetos de ordem prática de execução da obra. Por último, e não menos importante, a nova ponte terá ainda capacidade de contribuir para a coesão territorial e social dos territórios.

Estratégia de revitalização da zona oriental será impulsionada

De acordo com o protocolo, a nova travessia "contribuirá para a estratégia de intervenção que está ser implementada na zona oriental". Pressupõe, por isso, uma forte aposta na reabilitação urbana - de que são exemplos a aprovação, no anterior mandato de Rui Moreira, da Operação de Reabilitação Urbana da ARU (Área de Reabilitação Urbana) de Campanhã-Estação, ou mais recentemente, da criação da ARU da Corujeira - aliada a um conjunto de projetos urbanos estruturantes. Fala-se da reconversão do antigo Matadouro Industrial e da construção do Terminal Intermodal de Campanhã, bem como "a contínua intervenção de requalificação dos bairros camarários aí localizados, e a promoção de novas áreas de acolhimento de atividade económica".

Deste modo, "é dada continuidade à aposta deste executivo de intervir de forma sustentada nesta zona da cidade", onde - sustenta o documento - "se reconhece a necessidade de promoção de ações de reabilitação e regeneração urbana pela insuficiência, degradação ou obsolescência do edificado, das infraestruturas, ou dos equipamentos e dos espaços de utilização coletiva, bem como pela existência de valores ambientais, patrimoniais e bolsas de terrenos expetantes que urge revitalizar".

Conclui-se assim que à localização da sétima ligação entre Porto e Gaia presidiram critérios geográficos e de oportunidade. Recordando as palavras do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, numa anterior reunião de Executivo municipal, a zona oriental da cidade encontra nesta obra terreno fértil para prosperar. Além disso, a nova ponte vai "dar nova pertinência" ao redesenho das zonas da China e da Agra, já previsto no atual PDM, o que implica que o investimento da Câmara Municipal também contemple a construção de novas acessibilidades na freguesia.