Política

Porto “cidade da tolerância” acolhe cerimónia ecuménica na tomada de posse do Presidente da República

  • Isabel Moreira da Silva

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Cinco anos depois, o quadro repete-se, mas com nova moldura. Marcelo Rebelo de Sousa regressou ao Porto no dia da tomada de posse que marca, agora, o início do seu segundo mandato enquanto Presidente da República. A Câmara do Porto foi o local escolhido para uma cerimónia ecuménica, na presença de representantes de várias crenças religiosas. A tela agradou a Rui Moreira. “Enche-me de orgulho porque o Porto é uma cidade de tolerância”, afirmou.

Com “o mesmo simbolismo, apesar das circunstâncias absolutamente atípicas que vivemos”, Rui Moreira voltou a dar as boas-vindas ao Presidente da República empossado, desejando-lhe “as maiores felicidades para este novo mandato”, e renovando o seu compromisso de colaboração em matérias de desígnio nacional.

“Enquanto for Presidente da Câmara, tudo farei para convergir com as verdadeiras políticas de interesse nacional como a redução da pobreza e da desigualdade, que esta manhã estiveram no discurso do Presidente da República, assumindo como uma das suas missões a coesão social”, sublinhou.

Depois de um encontro privado com Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou aos Paços do Concelho por volta das 14,30 horas, Rui Moreira abriu a cerimónia ecuménica presidida pelo Presidente da República, no Salão Nobre, cerca de uma hora depois, na presença de representantes de diversas confissões religiosas, e ainda do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do presidente da Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite.

“O facto de aqui se realizar esta cerimónia ecuménica enche-me de orgulho, porque o Porto é uma cidade de tolerância. É uma cidade que acolhe e abriga inúmeros cidadãos de diversas raças, credos e opiniões políticas. O Porto é uma cidade liberal, que sempre, sempre soube conviver com a diferença, com aqueles que nos visitam, com aqueles que nos escolhem para aqui fazerem as suas vidas”, declarou o presidente da Câmara do Porto, salientando que tinha diante de si “os representantes de tantas perspetivas do mundo que, independentemente das diferenças que carregam, são todos defensores do bem, da compreensão, da paz, da compaixão ou do amor”.

Na intervenção em que citou dois importantes vultos da literatura portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andersen e José Tolentino Mendonça, Rui Moreira reforçou que “hoje é um bom dia para se retomar a esperança”, mesmo considerando que Portugal está neste momento “numa posição frágil” e que necessita de “políticas fortes que lhe tragam crescimento”, que lhe tragam, por isso, “esperança”, frisou.

“Espírito ecuménico deve ser nacional”

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a receção de Rui Moreira e sublinhou que “Portugal está aqui presente no Porto”, “assim assinalando o que é história, tradição cultura e a força do Porto e das suas gentes”.

“[Este é] um sinal dado não em Lisboa, mas no Porto, coração da luta pela liberdade há 200 anos para que entenda bem que o espírito ecuménico, o espírito da abertura, o espírito da tolerância, o espírito do respeito dos demais, é um espírito nacional e deve ser nacional. A todos importa sem exceção porque importa a Portugal e aos Portugueses”, acrescentou.

O Presidente da República saudou também a “honrosa presença” dos representantes de muitas das principais confissões existentes na sociedade portuguesa, deixando-lhes duas palavras: “gratidão” e “apelo”.

“Gratidão a todos quantos dão vida a uma liberdade fundamental da nossa Constituição - a liberdade religiosa” e “apelo para que, em salutar diálogo e convergência de propósitos, tudo façamos para defender a liberdade, a tolerância e a compreensão mútua, num tempo em que é tão sedutor dividir e catalogar, encontrar bodes expiatórios, acusar sem fundamento, marginalizar sem humanidade”, pediu o Presidente da República.

Palavras que encontraram eco naquela que foi a intervenção de D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Bispo de Setúbal, que manifestou, em nome de todos os representantes das diferentes crenças religiosas presentes na cerimónia, “o compromisso na construção da solidariedade e paz, a partir da fé” para vencer o vírus da pandemia, e “de outros que também nos dividem e destroem”.

Além do representante da Igreja Católica, estiveram presentes na Câmara do Porto os representantes do Concelho Português de Igrejas Cristãs (Igrejas Lusitana, Metodista e Presbiteriana), da Aliança Evangélica Portuguesa, da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia, da Comunidade Hindu em Portugal, da Comunidade Muçulmana Shia Ismaili, do Centro Cultural Islâmico do Porto, da Comunidade Israelita do Porto, da Comissão da Liberdade Religiosa, da Igreja Jesus Cristo dos Santos Últimos Dias, da União Budista Portuguesa, da Associação Internacional Buddhas Light (BLIA) e da Comunidade Bahai em Portugal.

Em declarações aos jornalistas, à saída da Câmara do Porto, Rui Moreira afirmou que o Presidente da República “compreende bem os portugueses”, que estes lhe têm estima e confiam nele, “porque tem esta visão muito transversal daquilo que é a sociedade portuguesa e dos problemas com que os portugueses se confrontam”, destacando também a “dimensão humana, ética e política” de Marcelo Rebelo de Sousa.

Após a cerimónia ecuménica na Câmara do Porto, o Presidente da República dirigiu-se para o Centro Cultural Islâmico do Porto, onde tem marcada uma visita.

Em janeiro de 2016, no dia da sua tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa foi igualmente recebido por Rui Moreira na Câmara Municipal, recebeu o afeto da população e visitou o Bairro do Cerco do Porto.