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Políticos, economistas e empresários fazem eco da pergunta: “Para onde vai o país?”

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“Para onde vai o país?”. Foi para tentar encontrar respostas a esta pergunta que vários líderes políticos, económicos e empresariais se reuniram, no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, para o debate anual “Fábrica 2030”. O presidente da Câmara do Porto participou na abertura da sétima edição da conferência organizada pelo jornal ECO que tem, entre os convidados, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o presidente do PSD, Luís Montenegro.

“2024 é o ano de todas as incertezas, tantas são as variáveis passíveis de alteração, tantos são os fatores de imponderabilidade, tantas são as indefinições que temos pela frente”, começou por afirmar Rui Moreira.

No pacote das incertezas, o autarca refere, não apenas a instabilidade geopolítica ou as ameaças à democracia, mas também a emergência climática e o “crescimento económico muito modesto” na Europa.

A nível interno, um crescimento em baixa, taxas de juro elevadas a penalizar empresas, estagnação em mercados de exportação e uma crise política geradora de ansiedade têm reflexo no investimento e no consumo.

Para o presidente da Câmara do Porto, “o nosso modelo de desenvolvimento está esgotado”, devendo o país “apostar num paradigma de desenvolvimento baseado no conhecimento, no talento, na inovação e na digitalização”.

“São precisas também boas políticas públicas, serviços públicos eficientes e maior investimento público”, assume Rui Moreira, que acusa o investimento público de ficar “aquém do orçamentado” e abaixo do dos restantes Estados-membros.

Certo da importância do Estado investir “forma estratégica e eficiente em infraestruturas modernas, no sistema educativo, científico e tecnológico e na sustentabilidade ambiental”, o presidente da Câmara do Porto vira o ponteiro para as “propostas em matéria de rendimentos e fiscalidade [que] não passam de boas intenções”.

“Para criar riqueza”, defende Rui Moreira, “são precisas políticas públicas que estimulem o investimento privado e garantam melhores condições para a atividade das empresas e para o reforço da sua competitividade”.

Por isso, insta os partidos políticos a apresentar programas “nos quais estejam previstas, por exemplo, as metas para o investimento público e as externalidades desse investimento para a atividade empresarial privada”.

Apelidando o país de “sonâmbulo”, o presidente da Câmara considera que Portugal não tem “um ecossistema que realmente promova a iniciativa privada e leve a uma mudança do perfil de especialização, para que predominem na economia os setores de elevado valor acrescentado”.

“Perante isto”, instou Rui Moreira, “era bom que os líderes deste país, em particular os candidatos às próximas eleições, apresentassem programas macroeconómicos realistas e fundamentados para Portugal”. “O mercadejar eleitoral pode ser muito eficaz a vender ilusões e a conquistar votos, mas não resolve os graves problemas estruturais do país”, concluiu.

Iniciativa de cariz anual, a Fábrica 2030 acontece, à sétima edição, num cenário de eleições antecipadas e procurou respostas de vários intervenientes para determinar quais os “fatores críticos para o aumento da produtividade e competitividade da economia portuguesa, necessários para garantir uma década com crescimento económico sustentável, acima do registado nas primeiras duas décadas deste século”.