António Cruz na Gulbenkian
Notícia
A Fundação
Gulbenkian inaugurou ontem, 15 de julho, com a presença do vereador da Cultura
da Câmara Municipal do Porto, Paulo Cunha e Silva, uma exposição dedicada a
António Cruz (1907-1983), pintor nascido no Porto que se distinguiu como
aguarelista, e que Manoel de Oliveira imortalizou, em 1956, no documentário O
Pintor e a Cidade.
Oito anos
após a antológica apresentada no Museu Nacional Soares dos Reis, a Sala de
Exposições Temporárias do Museu Gulbenkian recebe agora uma exposição que reúne
86 obras (80 aguarelas e 6 óleos), algumas das quais nunca anteriormente
expostas, que serão reproduzidas num volume lançado no dia da inauguração.
Na abertura
da exposição, que conta com o apoio da autarquia portuense, estiveram também
presentes diversos familiares e amigos do pintor, Artur Santos Silva,
presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Teresa Patrício Gouveia e Ramalho
Eanes.
Inigualável
ao transpor para o papel a luminosidade da sua cidade, António Cruz é um
artista difícil de enquadrar numa perspetiva histórica da arte portuguesa do
século XX, porque, voltando as costas ao
contexto modernista, assumiu-se como pintor de aguarelas, uma técnica em desuso
na época. Se estas circunstâncias, bem como o facto de ter nascido no Porto, se
voltaram contra o artista, foram também, de acordo com o crítico de arte
Bernardo Pinto de Almeida, o motivo das suas forças. Aprendeu, formal e
tecnicamente, sobretudo na grande tradição de Turner, beneficiando da luz e
névoa da cidade do Porto de que foi o único sublime retratista.
É autor de
uma obra coerente e densa, com um carácter verdadeiramente poético, em si mesma
tão singular que permanece como um retrato do mundo desenhado a luz. É essa luz
que nos deixou que poderá ser admirada nesta mostra, organizada em colaboração
com a Cooperativa Árvore e com curadoria de Laura Soutinho.
António Cruz
Sala de Exposições Temporárias da
Sede da Fundação Gulbenkian (piso 01)
Curadoria: Laura Soutinho
15 julho - 19 outubro 2015