Mobilidade

Percurso do Porto no caminho da sustentabilidade urbana apresentado em simpósio espanhol

  • Milene Câmara

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Miguel Nogueira

O problema da logística urbana com o aumento pronunciado do comércio eletrónico irá constituir um dos grandes desafios de futuro em termos de mobilidade sustentável nas cidades. O presidente da Câmara do Porto chamou a atenção para este aspeto no XI Simpósio Ibero-americano dedicado ao Meio Ambiente e às Cidades Sustentáveis, que decorreu esta semana, em formato online.

Rui Moreira falava, nesta quarta-feira, num painel sobre Mobilidade Sustentável para tornar as cidades mais inclusivas, que reuniu na mesma “mesa” o seu homólogo da Cidade do Panamá, José Fábrega Polleri, o teniente de alcade (vice-presidente) de Bilbao, Alfonso Gil Invernón, com moderação do alcaide Óscar Puente, da cidade espanhola de Valladolid, que participa na organização do evento.

O presidente da Câmara do Porto referiu que devido à pandemia as vendas por comércio eletrónico sofreram um incremento na ordem dos 30%, o que se traduz em muitos mais veículos de distribuição a circular pela cidade.

“As pessoas perceberam que é mais cómodo encomendar os produtos e recebê-los em casa, pelo que temos um camião a descarregar produtos, numa rua estreita do Centro Histórico, a qualquer hora do dia, contribuindo para destruir a mobilidade”, deu como exemplo.

Rui Moreira sublinhou, também, que falar de sustentabilidade em transportes nas cidades não é matéria exclusiva do foro ambiental, mas também de discussão social, pois interfere no orçamento familiar de quem vive na periferia e se desloca para o Porto para trabalhar, trazendo os filhos para as escolas da cidade, com gastos acrescidos em transportes e em tempos de deslocação.

Recordando, a luta pela municipalização da STCP - Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, num país que continua a ser “muito centralista”, o presidente da Câmara do Porto enunciou diversas medidas que tem vindo a implementar na cidade para a tornar mais amiga dos cidadãos e do ambiente. Entre elas, destaque para a construção de terminais intermodais nas entradas da cidade, para que “todas as pessoas tragam o carro, deixem o veículo nos parques designados para o efeito e apanhem meios de transporte coletivos”.

Também a renovação da frota de autocarros da STCP, que desde 2020 tem como principal acionista a Câmara do Porto, para veículos elétricos ou movidos a gás natural. Aliado ao conforto, disponibilizam internet livre aos utilizadores.

O presidente da Câmara do Porto destacou, ainda, a Rede Municipal para Bicicletas e outros Modos Suaves de Transporte, que até ao final do ano deve aproximar-se dos 50 quilómetros de vias cicláveis.

Contudo, o caminho pela mobilidade sustentável será longo, já que o transporte individual na Área Metropolitana do Porto ainda representa quase metade dos meios de deslocação, 48%, concluiu.