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Pacto do Porto para o Clima ganha cada vez mais adesões

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A Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) e a Too Good To Go já fazem parte da comunidade ativa dos parceiros do Pacto do Porto para o Clima. A adesão formalizou-se na manhã desta terça-feira, no Mercado do Bolhão, na presença do vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo.

São já 235 os subscritores institucionais do Pacto do Porto para o Clima. Este compromisso conjunto para atingir a neutralidade carbónica do Porto até 2030 conta com cada vez mais aderentes, entre organizações públicas, privadas e cidadãos. Esta terça-feira, formalizou-se a entrada de mais dois, antecedida por uma conversa onde participaram o vice-presidente da Câmara do Porto, o diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto, Pedro Graça, a country manager em Portugal da Too Good To Go, Maria Tolentino, e António Marques, diretor de sustentabilidade da Ibersol.

O debate foi lançado em torno dos grandes números globais do desperdício alimentar no mundo, com especial para os que foram publicados, recentemente, a propósito do Dia Internacional do Desperdício Zero. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente lançou um relatório – Food Waste Index Report - onde se identificam alguns números que são chocantes marcantes pela sua dimensão:
- em 2022, o mundo desperdiçou mais de mil milhões de refeições por dia;
- nesse mesmo ano, 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome;
- 1/3 da humanidade enfrentou insegurança alimentar.

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Focando a ação local como contributo para o todo global, Filipe Araújo apresentou várias das iniciativas da cidade focadas no combate ao desperdício. O Porto destaca-se por ser um território, primordialmente, de consumo, onde a sustentabilidade do sistema alimentar se manifesta através da circularidade, focando especialmente nas etapas de consumo e no fim-de-vida dos alimentos.

Esta abordagem prática e tangível visa a minimização do desperdício alimentar e a eficiente gestão de biorresíduos. Com a consciência do impacto significativo que o Porto, como centro de consumo, exerce sobre a região, tem-se enfatizado a importância de fortalecer a conexão urbano-rural, incentivando práticas de produção e consumo sustentáveis.

Tal esforço engloba a promoção de uma maior proximidade entre os cidadãos e os produtores regenerativos locais, reforçando vínculos económicos, sociais e ambientais, e apoiando a adoção de práticas regenerativas, justas e locais, algo que o Município tem promovido desde logo com o Mercado do Bolhão, mas também com a iniciativa Good Food Hubs.

Contra o desperdício alimentar

O diretor da FCNAUP destacou a humildade da Academia na procura de soluções para o problema em debate, incentivando a que os vários atores colaborem no sentido de encontrar respostas diversas, que vão desde a participação da comunidade científica no seu trabalho do dia-a-dia, mas também pelo fomento da literacia e formação junto dos públicos mais jovens e dos próprios consumidores.

A Too Good To Go como empresa de impacto social que liga os utilizadores a lojas parceiras para salvar alimentos não vendidos e impedir que sejam desperdiçados pode desempenhar um papel relevante no combate ao desperdício. Maria Tolentino destacou o impacto do desperdício alimentar que representa cerca de 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa, sendo uma temática prioritária para Portugal.

Na sua intervenção apelou ao governo a adoção de medidas contra o desperdício alimentar, comprometendo-se com a implementação de ações significativas nos próximos quatro anos, em consonância com as políticas em desenvolvimento a nível da União Europeia.

Para António Marques, diretor de sustentabilidade da Ibersol e um dos parceiros de implementação da Too Good To Go, este é um tema muito relevante e a política de sustentabilidade do grupo vai ao encontro de reduzir todos os desperdícios possíveis. A otimização dos vários setores da cadeia logística são já realidade no grupo e tratar do excedente alimentar já preparado vai ser uma adição na ambição de sustentabilidade.

O debate terminou com a adesão dos dois parceiros ao Pacto do Porto para o Clima. Recorde-se que a cidade do Porto foi selecionada, pela Comissão Europeia, para integrar o grupo das 100 Cidades Inteligentes e com Impacto neutro no clima, e como Cidade Missão, a ambição é que o Porto seja líder, a nível nacional e europeu, na ação climática, antecipando a neutralidade carbónica em 2030.

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