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Os animais não são presentes de Natal, alerta o Centro de Recolha Oficial do Porto

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O Município do Porto decidiu suspender temporariamente os processos de adoção no Centro de Recolha Oficial de Animais durante as duas últimas semanas do ano – concretamente, entre os dias 18 de dezembro e 4 de janeiro –, como forma de incitar os candidatos a refletirem se efetivamente reúnem as condições financeiras e físicas, disponibilidade de tempo e se a sua habitação congrega características que permitam a presença de um animal.

O objetivo é igualmente sensibilizar para a adoção responsável e consciente de animais de estimação, e evitar as decisões impulsivas. “Os animais não podem ser prendas”, adverte Túlia Aires, médica veterinária do Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) do Porto.

“Se quiserem realmente adotar, aproveitem esta fase natalícia para refletirem sobre o assunto, para refletirem se efetivamente é isso que pretendem”, sugere Túlia Aires, uma vez que “um animal é para a vida toda e nós temos que contar que a responsabilidade e a decisão que tomarmos hoje se vai refletir nos próximos dez, quinze anos, que é o tempo de vida do animal”, conclui.

“As pessoas, com as festividades, ficam sempre mais sensíveis, e vêm por impulso buscar os animais. Nós queremos alertar para que não o façam desta forma. Se vierem adotar, que seja uma decisão que já está tomada há muito tempo, que já foi muito bem pensada e que já foram ponderadas todas as condicionantes”, acrescenta ainda.

A reflexão e ponderação prévias servem também para evitar problemas posteriores, como a devolução ou o abandono de animais causados pelas decisões precipitadas desta quadra. “Normalmente, as pessoas vêm com a ideia de oferecer um animal e às vezes esquecem-se de perguntar à pessoa que o recebe se era mesmo aquilo que ela queria. Acontece, efetivamente, depois da época de Natal, algumas devoluções porque as pessoas ou não se adaptaram ou não estavam preparadas para o que é ter um animal em casa. Já não tanto, mas também ainda vão acontecendo, os abandonos. Portanto, nós queremos evitar isso, queremos evitar as ‘devoluções das prendas’, porque os animais não são prendas e não podem ser devolvidos”, apela a médica veterinária.

É nesse âmbito que se enquadra a suspensão temporária de adoções de animais no CROA do Porto, que vigorará até 4 de janeiro.

Conscientes das responsabilidades que acarreta a vontade de ter um gato ou um cão, estavam duas munícipes que, aquando da visita do “Porto.” ao Centro de Recolha da cidade, finalizavam o processo de acolhimento de dois felinos. Uma decisão que garantem ter sido muito bem ponderada, uma vez que esta é a concretização de uma vontade já há muito planificada.

No caso de Camila Carvalho, a visita ao CROA resulta de um pedido da filha, que quer adotar um gato e que, após deliberação, concluiu estar numa fase de vida ideal para proporcionar ao animal todas as condições necessárias: “Foi uma decisão muito ponderada, principalmente porque ela já há muito tempo que queria um gatinho”.

Questionada sobre o facto de a época poder ter influenciado a decisão de adotar, Camila assegura que o animal será “muito bem tratado, com certeza” e que “não é uma prenda”, uma vez que “tem de ser uma ideia muito bem pensada, as condições têm que existir, porque um animal é um ser vivo”, acrescenta ainda.

Também Oriana Ornelas deslocou-se ao CROA para dar um novo lar a um gato de tenra idade, admitindo que esta é uma decisão que já anda a ponderar há muito tempo, pois queria encontrar um “irmão” para fazer companhia ao felino que tem em casa. Optou por esperar até reunir as condições necessárias.

“Há quatro anos teria adotado um segundo gato. Acho que a adoção consciente é importante, inclusive os cuidados a ter e o que implica ter um animal quando se vai de férias, os cuidados que eles necessitam em casa, esterilizações e tudo isso”, reflete ainda.

Esta é uma preocupação recorrente do Município do Porto, que já no ano passado promoveu ações de rua com o intuito de sensibilizar as pessoas para a adoção consciente de animais de estimação.

A funcionar apenas por marcação, desde a sua abertura em meados de maio, e apesar do atual impedimento de adoção, o novo equipamento municipal continua a estar disponível 24 horas por dia, através do número 228 349 490.

Para solicitar atendimento presencial, os munícipes devem fazer pré-marcação através do mesmo contacto telefónico, de segunda a sexta-feira, entre as 9 e as 12 horas ou entre as 14 e as 16 horas.