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Os 80 anos de Aniki-Bóbó celebrados na Casa de Cinema Manoel de Oliveira

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A estreia da primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, Aniki-Bóbó, foi há 80 anos, precisamente a 18 de dezembro de 1942, no Cinema Éden, em Lisboa. No Porto, aconteceu três semanas depois, a 11 de janeiro de 1943, no São João Cine. Para assinalar a data, a Fundação de Serralves organiza, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira (CCMO), uma exposição documental a partir do acervo do realizador, que abre ao público nesta quarta-feira, dia 2 de novembro.

A exposição mostra documentos de trabalho e de divulgação relacionados com o filme e pode ser visitada até 18 de dezembro, data de aniversário do cineasta, falecido em 2015. No dia de encerramento, será apresentada uma sessão especial da obra cinematográfica.

Paralelamente, é proposto um ciclo de conversas em torno do legado histórico e estético de Aniki-Bóbó, com a participação de historiadores, escritores e cinéfilos de diferentes áreas. O arranque da iniciativa acontece esta tarde (19 horas) com uma conversa, no auditório da CCMO, conduzida pela historiadora Irene Flunser Pimentel, seguindo-se, ao longo do mês, outros convidados: o cardeal José Tolentino Mendonça (dia 15), a programadora da Cinemateca Maria João Madeira (dia 23) e o escritor Valter Hugo Mãe (dia 28).

Haverá, também, um ciclo de cinema que pretende estabelecer relações entre esse filme seminal e as obras posteriores do cineasta, que se inicia no dia 5, com Zero em Comportamento (1933), do realizador francês Jean Vigo, e que viria a ser uma forte influência para Manoel Oliveira na realização de Aniki-Bobó, em especial no que respeita à inocência, socialmente consciente, com que se retrata a infância.

Aniki-Bóbó de mal-amado a clássico incontornável

Estreado a 18 de dezembro de 1942, no Cinema Éden, em Lisboa, Aniki-Bóbó é a primeira longa-metragem de ficção de Manoel de Oliveira, que só três décadas depois, com O Passado e o Presente (1972), voltaria a esse formato. Este longo hiato deveu-se, em parte, à má receção que o filme teve na sua estreia, tanto por parte de alguma crítica especializada (que o considerou subversivo), como pelo público (que não afluiu às salas de cinema). Entretanto, Aniki-Bóbó adquiriu o estatuto de “clássico”, tendo-se tornado no mais acarinhado e popularizado dos filmes de Oliveira. Filmado no verão de 1940, para aproveitar as férias escolares, Aniki-Bóbó foi rodado no Porto, em Gaia e também em Lisboa, no estúdio da Tobis Portuguesa (para todas as cenas de interiores e para a famosa cena do telhado).