Cultura

Obra e vida atribulada de Carlo Gesualdo desvendadas pela Fonoteca Municipal

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Filipa Brito

Conhecer a vasta obra do compositor italiano de música sacra do século XVI, Carlo Gesualdo, é a mais recente proposta da Fonoteca Municipal do Porto (FMP), que tem vindo a disponibilizar podcasts, playlists e resenhas de discos.

Numa segunda fase de confinamento, a Fonoteca Municipal continua a elevar o seu propósito de divulgação da coleção que alberga, composta por mais de 35 mil discos de vinil. Para isso, o espaço da cidade, inaugurado em setembro do ano passado, convida os munícipes a embarcar numa viagem sonora, sem sair de casa, por diferentes culturas, épocas e estilos musicais.

Na nova síntese musical, da autoria de José Carlos Fernandes, é abordada a obra do italiano Carlo Gesualdo da Venosa - príncipe e conde -, que permaneceu no esquecimento durante vários séculos, apesar de uma notável contribuição no campo da composição.

Nascido em 1566, num seio de uma família nobre, Gesualdo esteve desde cedo ligado à música, rodeando-se de músicos e compositores.

De acordo com a resenha disponível no site da FMP, terá ficado tão absorvido pelo mundo musical, que “descurou os deveres conjugais para com Maria d’Avalos, uma prima com quem se casara em 1586”, fator que terá dado origem a uma relação extraconjugal por parte da sua esposa, que o compositor acabaria mais tarde por descobrir, culminando com o assassinato dos dois amantes.

O duplo homicídio acabou assim por alcançar especial relevo na biografia do príncipe, ofuscando a sua importante contribuição para a música, através de seis livros de madrigais (1594-1611), duas coleções de “Sacrae Cantiones” (1603) e a coleção de “Responsoria et alia ad Officium Hebdomadae Sanctae spectantia” (1611).

A acompanhar a temática desta resenha, foi ainda lançada mais uma playlist no Spotify, que reúne 14 obras sacras da época do Renascimento italiano, compostas por Carlo Gesualdo e ainda por Giovanni da Palestrina.

De resto, a Fonoteca Municipal do Porto dispõe ainda de outras playlists e sínteses musicais - que tem vindo a desenvolver desde o ano passado -, que revisitam o espólio do maior arquivo sonoro da cidade e que podem ser acedidas livremente, reunindo os mais diversos géneros: desde o pop ao rock, do jazz ao experimental, da música folclórica à erudita, assim como conteúdo não musical, caso da poesia ou discursos políticos.