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Obra de Júlio Pomar para visitar

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Miguel Nogueira

"A Felicidade em Júlio Pomar /Obras das Coleções Millennium Bcp
/Atelier-Museu Júlio Pomar" estará patente ao público até fevereiro 2016, na
Galeria Municipal do Porto. Este é um projeto com curadoria de Sara Antónia
Matos e Pedro Faro e, também, a última exposição que a galeria apresenta este
ano.


 


No momento da inauguração da exposição, no início do mês, o artista Júlio
Pomar esteve presente e explicou que a mostra surgiu através de uma conversa
com o antigo vereador da cultura, Paulo Cunha e Silva (falecido em novembro
passado). "O jogo de uma coisa chamada felicidade com o meu trabalho foi
uma descoberta conjunta minha e do antigo vereador da cultura". São
coincidências quase que miraculosas, o facto de ter residido no Porto numa casa
na Praça da Alegria, o meu primeiro atelier, em Lisboa, ter sido na Praça da
Alegria, eu ter vivido na Rua da Alegria", recordou o pintor.


 


São apresentados quatro núcleos, os motivos que atravessam o universo
imagético do pintor: os mitos e as figuras alegóricas; a articulação entre os
corpos e o seu erotismo; o movimento e a presença constante de animais, em
particular de cavalos; e um conjunto especial que se reporta direta e
indiretamente aos posicionamentos políticos e as lutas travadas por este
artista ao longo da sua carreira, incluindo o episódio que envolve o Cinema
Batalha


 


Sara Antónia Matos ressalva que a mostra apresenta "as figuras mais icónicas"
do pintor, "atravessando um núcleo muito importante da sua obra que tem a
haver com o erotismo e com a articulação dos corpos". A curadora dá relevo
ao núcleo referente ao Cinema Batalha.


 


"O pintor conta que tinha 20 anos e que foi precisa grande audácia
para realizar uma obra com tamanha envergadura, realizando-a em cima de
andaimes, com novas técnicas, as técnicas dos frescos". A destruição pela
PIDE da obra é também simbolizada na mostra através de uma carta, "uma
carta que o pintor recebe do Cinema Batalha, a mando das autoridades, que, por
questões políticas, considera que os conteúdos representados tecem uma crítica
social", explicou ao www.porto.pt a curadora.


 


Também Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millennium Bcp, que cedeu
vários quadros patentes nesta exposição, destacou um desenho, único
sobrevivente, para os frescos do Cinema Batalha. "A particularidade da
coleção do Millennium Bcp ter um desenho de um estudo que o artista fez para os
frescos do Cinema Batalha que foi o único que sobreviveu (à destruição ordenada
pela polícia política salazarista) ", disse.


 


Além deste conjunto, excecional pela simbologia histórica, a Galeria
Municipal apresenta também algumas das pinturas mais icónicas de Pomar, entre
as quais se encontram a imagem, não convencional, de Santo António a Pregar aos
Peixes, Tigre, Gaivotas, e uma das extraordinárias apreensões que fez das
vivências na Amazónia, na década de 1980, Les Txicão, bem como quatro desenhos
do mesmo tema, feitos in loco, pelo artista.


 


Por fim, dispõe-se um conjunto de obras que permitem atestar o movimento
como elemento estruturante da obra de Pomar. Os cavalos, as corridas, as
entradas de touros e campinos, mas também a "Ponte Dom Luís", no
Porto, são motivo para a exploração do movimento, aspeto que não mais
abandonaria, porque com ele nasceu a obra do pintor.


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Obras das Colecções Millennium Bcp / Atelier-Museu Júlio Pomar


Curadores: Sara Antónia Matos / Pedro Faro


De 5 de dezembro de 2015 a 21 de fevereiro de 2016


Galeria Municipal do Porto


Rua D. Manuel II (Jardins do Palácio de Cristal)


 


Horário:


Terça-feira a sábado: 10-18 horas


Segunda-feira e domingo: 14 - 18 horas


Entrada livre


Visitas guiadas - sábados - 16 horas.


Mecenas da Galeria Municipal do Porto: Fundação EDP