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O Primavera Sound é para quem não tem medo de dançar à chuva

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Muita música, muita alegria e todo o propósito ficariam perdidos se quem vem ao Primavera Sound Porto ficasse à espera que a tempestade passasse. Quem vem já se começa a habituar e traz a lição bem aprendida: o importante é aprender a dançar à chuva.

Sob a sombra do cancelamento dos concertos no Primavera Sound Madrid devido ao mau tempo, havia que aproveitar enquanto a chuva se aguenta. E, se tivéssemos que escolher um cabeça de cartaz do segundo dia do Primavera Sound Porto, seria o público. Quase todos os artistas lhes agradecem a dedicação e reconhecem o esforço dos milhares que ali estão, religiosamente, a dançar debaixo da chuva. São outro espetáculo a que vale a pena assistir.

Que o diga Arlo Parks. E disse – “Este é o melhor espetáculo de sempre, sem dúvida. Obrigada por dançarem aí em baixo comigo”. Até o sol veio espreitar as canções de conforto ao ritmo pop e jazz da britânica que rivalizava a atenção com os mais enérgicos Alvvays, na outra ponta do recinto.

O indie-pop dos canadianos funcionava como íman na atração de muitos. Chovia? Sim. Faz parte. O chão estava molhado, mas poucos se coibiram de cumprir a tradição de ouvir música ao fim do dia deitados no relvado do Parque da Cidade.

A cair da noite, a pulsação pendeu para mais indie-pop e a coreano-americana Michelle Zauner mostrou ao Primavera porque é que o trabalho do projeto Japanese Breakfast já foi nomeado para Grammy, tal como ela própria. Do outro lado da balança, o regresso dos veteranos The Mars Volta pareceu mais tranquilo e deu para equilibrar as energias antes do furacão. Musical, o meteorológico já estava entranhado.

Mas a noite tinha mais. A eletrónica de Fred Again…teve a força suficiente para encher todo o recinto e transformar, mais uma vez, o Parque da Cidade numa pista de dança…à chuva. Até chegar a hora das decisões: os ritmos latinos de Rosalía ou o punk rock dos Bad Religion?

No dia em que lançou uma nova música – “Tuya” -, a catalã fez questão de não esconder como estava "muito feliz" por estar aqui e lançou um "Boa noite, Porto!" num Português irrepreensível. Como irrepreensível foi a atuação de Rosalía do início ao fim, mostrando como nenhum pormenor é deixado ao acaso, como tem o público na mão, cantando junto à primeira fila, elevando ao céu êxitos como "Bizcochito", "Despechá" ou "Motomami", como sabe bem o que faz. E, quase podemos jurar, a terra terá tremido com a passagem do fenómeno Rosalía pelo Primavera Sound.

Ainda assim, do outro lado do recinto, praticava-se o culto ao punk rock dos Bad Religion. Se os norte-americanos têm 40 anos de música nas veias, bastantes corpos e vozes na plateia tê-los-ão acompanhado desde essa altura, mas muitos outros que, neste final de noite, escolheram praticar antes esta religião teriam idade para ser netos dos músicos em palco. E foi o Parque da Cidade a assistir à pureza do rock, dos riffs, ao crowdsurfing e até vimos objetos a voar. Afinal, "There's a place where everyone can be happy".

A chuva? Nem se atreveu a aparecer nesta disputa.

Esta sexta-feira, o Primavera Sound vive o regresso da dupla britânica dos anos 80, os Pet Shop Boys.

Até sábado, o Município do Porto dinamiza várias atividades para todos, mais ou menos crescidos. Basta entrar na recriação do Mercado do Bolhão ou passar nas estruturas de cada empresa municipal para conhecer os projetos que têm vindo a ser desenvolvidos em áreas como a Economia ou o Turismo.

Ir e vir do Primavera Sound Porto continua a ser mais rápido, cómodo e sustentável através do transporte público. Por isso, a STCP está a operar com reforços e linhas especiais de e para o Parque da Cidade. Após os concertos, regressar de autocarro ao centro da cidade ou à Rede da Madrugada, que liga todos os concelhos servidos pela empresa, vai ser mais fácil e cómodo, com um "shuttle" que, de 10 em 10 minutos, faz a ligação entre a rotunda da Anémona (Praça Cidade do Salvador) e os Aliados.