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“O Porto teve sempre um lugar bem definido na Europa”, garante Rui Moreira

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O presidente da Câmara do Porto foi o primeiro convidado do curso de formação política sobre a Europa, organizado pelo IDL-Instituto Amaro da Costa. Sessão que decorreu, este sábado, na Associação Porto Digital, e subordinado ao tema "O Porto e a Europa". "Somos, de facto, uma cidade que preza a liberdade, acima de qualquer outro valor, e que é muito ciosa da sua autonomia, do seu arbítrio, da sua irredutibilidade", sublinhou Rui Moreira, garantindo: "O Porto teve sempre um lugar bem definido na Europa e uma identificação inequívoca com os valores europeus".

Assegurando que "o Porto é, historicamente, uma cidade cosmopolita e com identidade europeia", o presidente da Câmara fez uma resenha histórica, desde os tempos do primeiro foral da cidade, outorgado pelo bispo D. Hugo, em 1123, até aos nosso dias, para, frisar, que "o Porto teve, já em democracia, de se impor por si próprio como cidade metropolitana e capital regional".

Mas "é um Porto exangue e atrasado aquele que enfrenta o desafio da integração europeia nos anos 80, com a entrada na CEE. A cidade perdera população, capital, negócios e investimentos tanto para a periferia como para Lisboa, que tinha um efeito eucalipto sobre o resto do país", acrescenta Rui Moreira.

Protagonismo internacional em 1996 e 2001

Para o autarca portuense, "tal como no resto do país, os fundos comunitários trouxeram desenvolvimento à cidade. Possibilitaram a realização investimentos em infraestruturas, equipamentos, acessos e habitação, dando resposta a necessidades há muito sentidas pela população".

Na passagem do século XX para o século XXI, dois acontecimentos devolveram, de acordo com Rui Moreira, "algum do protagonismo internacional ao Porto": a classificação do Centro Histórico como Património Cultural da Humanidade, em 1996, e a realização da Capital Europeia da Cultura, em 2001.

Só que, entretanto, "por decisão política local", o investimento no trinómio memória, património e cultura foi subalternizado e o élan da cidade perdeu-se. "O Porto voltou a ser a velha cidade pardacenta dos anos 80, com a agravante de se ter acentuado o despovoamento do centro histórico e a degradação do edificado", disse.

"O Porto mantém-se como uma eurometrópole"

Já como presidente da Câmara, Rui Moreira assume a cultura como um dos três pilares da estratégia de desenvolvimento da cidade, juntamente com a coesão social e a economia. "Gerou-se então uma inédita dinâmica artística, curatorial, museológica e editorial nas instituições e equipamentos municipais de cultura do Porto. Dinâmica que perdura até hoje, embora com novos protagonistas e ações", vincou.

"Com esta dinâmica cultural, o Porto ganhou autoestima, sentido de pertença, coesão interna e visão estratégica. E tudo isto foi determinante para uma nova relação com o exterior, em particular com os nossos parceiros na Europa comunitária", adiantou.

Chegados aos nossos dias, "numa Europa onde, infelizmente, crescem o populismo iliberal, o nacionalismo xenófobo e a intolerância para com minorias, o Porto mantém-se como uma eurometrópole aberta ao outro e recetiva ao que vem de fora", garantiu o autarca portuense.

"Apesar ser hoje mais vincadamente europeia, o Porto continua a ser uma cidade com alma e com um modo de pensar, sentir e agir muito próprio. Num tempo de massificação cultural, mobilidade global e homogeneização urbana, o Porto permanece como um refúgio de autenticidade e carácter", concluiu Rui Moreira.

Na primeira sessão do curso de formação, e para além do presidente da Câmara, participaram Manuel Monteiro, presidente do IDL–Instituto Amaro da Costa, Ludger Gruber, representante da Fundação Konrad Adenauer, e Francisco Camacho, presidente da Juventude Popular. Decorrem mais dois painéis, a cargo de Francisco Quelhas Lima, assistente da Faculdade de Direito da Universidade Católica – Porto, Francisco Assis, ex-deputado europeu pelo PS e atual presidente do Conselho Económico e Social (CES) e Nuno Melo, presidente do CDS-PP.