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O pisco que descobriu os campos magnéticos e inspira obras de Chopin

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É pequeno, mas bastante atrevido, e, ainda que o seu canto se possa assemelhar ao som de duas pequenas pedras a bater ritmadamente uma na outra, dizem que terá sido a inspiração de Chopin para um trecho da Grande Polonaise Brillante. Neste episódio de “De Binóculos no Sofá”, a equipa de ambiente da Câmara do Porto dá a conhecer o pisco de peito ruivo.

Erithacus rubecula de seu nome científico. É muito pequeno, rechonchudo e com olhos bastante grandes. Mas é a sua penugem de cor vermelho-alaranjada, que exibe desde a testa até ao peito, que o torna impossível de ignorar. Ainda para mais, não sendo nada tímido, deixa-se ver ao longo de todo o ano.

E nem nos locais de paragem é esquisito, podendo ser encontrado em qualquer parque ou jardim da cidade do Porto, mas também, frequentemente, nas varandas. É ali debaixo que faz ninho quando não encontra o melhor local entre as raízes de uma árvore ou nos ramos dos arbustos.

A escolha é da fêmea e é uma das várias tarefas que têm bem distribuídas (ainda que macho e fêmea sejam indistinguíveis à vista). Ao macho compete a defesa do lar e a alimentação da fêmea durante o período de incubação, que dura 14 dias. Procura pelo chão pequenos insetos, aranhas e minhocas.

Depois do nascimento das crias, é também ele quem olha por elas durante o tempo em que ainda não estão preparadas para voar. Cada casal de piscos de peito ruivo pode ter três ou quatro ninhadas por ano, chegando às 20 crias.

No entanto, estes são os únicos momentos em que macho e fêmea são visto juntos. Nos meses de outono e inverno, mantêm-se separados, lutando cada um por si e pelo seu território. E fazem-no de forma bem audível, ecoando o seu canto desde o ponto mais alto das árvores para que todos saibam que aquele é o seu espaço. Sendo extremamente territoriais, os piscos entram muitas vezes em duelos para defesa do território.

A ciência tem a agradecer a esta espécie a descoberta da capacidade das aves para detetar campos magnéticos, o que as ajuda a orientar-se nas suas migrações.

Noutros episódios da série “De binóculos no sofá”, a equipa de Ambiente da Câmara do Porto observou a carriça, o amieiro, a camélia, salamandra-de-pintas-amarelas, o pardal ou o azevinho. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube do portal Porto. ou através das hashtags #ambientedescomplicado, #debinoculosnosofa, #historiascomambientedentro, #biodiversidadeemcasa e #atelierdaboavida.