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O futuro do futebol português já está a ser construído no Porto

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A freguesia de Ramalde vai acolher o edifício que representa o futuro do futebol português. Num terreno cedido pela Câmara do Porto, a Liga Portugal, organismo que reúne os clubes profissionais de futebol, vai construir a sua nova sede, num investimento de 18 milhões de euros. A cerimónia que assinalou o lançamento da primeira pedra da obra realizou-se nesta terça-feira e a empreitada deverá estar concluída no próximo ano.

O futebol profissional português vai continuar a chamar “casa” ao Porto, tendo a Liga Portugal assinalado o início simbólico da construção da sua nova sede, em Ramalde, com uma cerimónia na qual se traçaram horizontes ambiciosos: “Aqui será o futuro”, lia-se num ecrã gigante instalado no palco. O projeto foi apresentado em detalhe e em breve será uma realidade que vai transformar a zona em que se integra.

“A Arena Liga Portugal, estou convicto, será um projeto para a atual geração e para as gerações vindouras, com grande potencial de criação de emprego, desde o momento da sua construção. Além disso, podemos dizer que o Porto vai ser casa de um centro de excelência para o futebol, com características únicas ao nível da formação e investigação europeia nesta área”, congratulou-se o presidente da Câmara do Porto.

Assinalando o facto de o projeto arquitetónico da Arena Liga Portugal pertencer ao OODA, gabinete de jovens arquitetos do Porto responsável pela reconversão do Matadouro de Campanhã, em coautoria com o japonês Kengo Kuma, Rui Moreira salientou o fácil entendimento com o presidente da Liga Portugal, Pedro Proença: “Transmitiu-me, logo nessa primeira abordagem, que entendia que a nova sede devia permanecer no Porto.”

“Nessa altura, ainda antes da pandemia, não havia maquete, projeto, só a vontade comum do presidente da Liga Portugal e do presidente da Câmara do Porto de manter a sede do organismo na cidade, contrariando aquela que tem sido a debandada de várias instituições públicas para Lisboa, ou o finca-pé, feito por outros organismos, para não abandonar a capital”, vincou, referindo-se ao caso do Infarmed.

Perante vários elementos da sua equipa de vereação, o presidente da Câmara do Porto elogiou o envolvimento de vários serviços autárquicos e sublinhou que o terreno escolhido era a opção “óbvia” por várias razões: “Vai reabilitar esta zona da cidade, trazer gente, movimento, muitas atividades, e permitirá também requalificar os espaços verdes circundantes, compaginando-se com a reabilitação e renaturalização da Ribeira da Granja, para a fruição de toda a população.”

“Numa altura em que se sabe que a maior parte da fatia do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) será canalizado para o setor público, é muito importante que surjam projetos como este que tornem a economia mais competitiva”, acrescentou Rui Moreira, lamentando aquilo que descreveu como um “país demasiadamente inclinado”.

“Campo inclinado”

“Quem gosta de desporto sabe que os campos não devem estar inclinados. Para a Cultura, e porque o Desporto faz parte da Cultura, as verbas inscritas no PRR preveem 114 milhões de euros para a Área Metropolitana de Lisboa – e acho muito bem –, 19 milhões para o Centro, nove milhões para o Norte, três milhões para o Alentejo e 1,2 milhões para o Algarve. Isto nada tem a ver com velhas guerras Norte/Sul. Temos de ser capazes de dividir as competências pelo país”, concluiu.

O presidente da Câmara do Porto recebeu das mãos de Pedro Proença uma placa comemorativa da cerimónia, tendo ambos os dirigentes colocado uma série de objetos na cápsula do tempo que ficará na Arena Liga Portugal: um documento assinado pelos dois, uma bola de futebol e uma camisola com a inscrição alusiva ao ato.

Numa cerimónia que contou com a presença do presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, do presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, entre outros dirigentes desportivos e representantes de diversas entidades da cidade e do país, o presidente da Liga Portugal tinha considerado que este dia “ficará na história da Liga Portugal, da cidade do Porto e do nosso país. Aqui nasce o futuro”, sublinhou Pedro Proença, lembrando o empenho dos seus antecessores na manutenção da sede da Liga Portugal na cidade Invicta – a sede da Liga Portugal está localizada na Rua da Constituição desde 1999.

“Tivemos a sorte, o privilégio, de encontrar ajuda, parcerias e incentivos. Uma palavra especial à Câmara do Porto na pessoa do seu presidente, Rui Moreira. Um verdadeiro empreendedor, um verdadeiro visionário, que desde a primeira hora quis embarcar connosco nesta ambiciosa empreitada de redefinir o amanhã”, frisou, acrescentando: “A Arena Liga Portugal será um espaço para os jovens empreendedores, que muito têm a dar ao futebol profissional, e muito podem contribuir para o desenvolvimento desta belíssima cidade do Porto.”

“Este será um edifício autossustentável ao serviço do futebol profissional, que seguramente dará nova dinâmica ao tecido socioeconómico da cidade do Porto. Uma obra totalmente financiada com investimento privado, sem qualquer tipo de apoio público”, prosseguiu Pedro Proença, lembrando a relevância do futebol para a economia. “O futebol é uma indústria com forte peso na economia nacional, assim o comprovam os mais de 550 milhões de euros com os quais contribuímos para o PIB na última temporada, traduzindo-se num aumento de mais de 11% face ao período homólogo”, assinalou.

O major Valentim Loureiro, um dos antecessores de Pedro Proença e que desempenhou um papel, há cerca de 40 anos, na instalação da Liga na cidade do Porto, usou da palavra para congratular-se pelo “grande empreendimento que fará com que a Liga nunca mais saia do Porto e do Norte”. “O edifício na Rua da Constituição foi, na altura, um grande trabalho. Hoje já não era suficiente para todas as atividades que a Liga está a realizar”, acrescentou o ex-dirigente, agradecendo a Rui Moreira pela disponibilidade em todo o processo.

A construção da nova sede da Liga Portugal deverá estar concluída em 2023. Surgirá num terreno cedido pela Câmara do Porto, em troca do qual a autarquia receberá o imóvel na Rua da Constituição onde atualmente está instalado o organismo desportivo.

A Arena Liga Portugal será o primeiro Centro de Empresas de Desenvolvimento do Futebol Profissional, constituindo-se como um ponto de encontro e desenvolvimento de negócios, tanto a nível nacional como internacional. Vai dispor de espaços equipados com a mais avançada tecnologia para aprendizagem e coworking, com destaque para uma incubadora de empresas através da criação de salas para receber startups ligadas ao futebol.

Com oito andares previstos, o edifício responderá a todas as necessidades do Futebol Profissional, contando com um auditório com capacidade para 300 pessoas, o primeiro museu das competições profissionais e, ainda, uma zona de Futebol High-Tech, onde poderão ser realizadas atividades ligadas à performance e desempenho de jovens jogadores e de jogadores profissionais.