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O dia em que o Brasil entrou no Teatro Rivoli para dançar

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"Looping: Bahia Overdub" subiu na noite desta quarta-feira ao palco do Teatro Municipal Rivoli, abrindo a cortina para cinco semanas intensas de dança e teatro que vão tomar conta da cidade. DDD+FITEI arrancou com grande adesão do público e a aculturação dos ritmos do nordeste brasileiro.

A informalidade do espetáculo pode ter deixado, de início, alguns dos espetadores "sem jeito". Mas, com o passar dos minutos, as "festas de largo" de Salvador e os seus típicos movimentos de tensão e distensão, sucessivos no tempo e no espaço, foram entranhando-se também no público, que literalmente comungou com os artistas o palco do Grande Auditório Manoel de Oliveira.

Em "Looping: Bahia Overdub" festa, dança e política cruzaram-se. A coreografia, a cargo do trio Felipe De Assis, Leonardo França & Rita Aquino, retratou aquilo que se passa nas ruas do Brasil, onde a euforia coletiva pode rapidamente variar com estados de alma tensos e inquietos.

Essa mesma inquietude é servida, afinal, como prato principal do DDD+FITEI, que nesta primeira edição de programação conjunta, propõe um especial foco nas terras de Vera Cruz.

Nas próximas cinco semanas, há um grande mar de escolhas entre o DDD - Festival Dias da Dança (24 de abril a 12 de maio) e FITEI - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (8 a 25 de maio), que partilham uma semana comum, de 8 a 12 de maio. Tudo somado, são perto de 70 apresentações, reunindo cerca de 100 programadores e, aproximadamente, 650 elementos, que tomam conta do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos e ainda Viana do Castelo.

Alguns espetáculos para ver até à próxima quarta-feira

Clara Andermatt volta a colaborar com o João Lucas, músico que está a viver em Brasília. "Parece Que O Mundo" é inspirado no livro Palomar, de Italo Calvino e explora "o modo como observamos o mundo e nos posicionamos nele". Marcelo Evelin fala-nos sobre "A Invenção da Maldade" trazendo um "Brasil como espaço de maldade". Acabado de estrear em Teresina, o espetáculo mistura intérpretes de cinco nacionalidades diferentes e desenrola-se à volta de uma fogueira, como "toda a história das civilizações começa, um espaço de encontro".

No que diz respeito à produção nacional, "Lento E Largo" é o novo projeto de Jonas&Lander e parte da interação de performers robóticos e humanos, gerando um apocalipse visual. A abertura do DDD no Teatro Nacional de São João traz "Um Encontro Provocado", coreografado por Henrique Rodovalho para quatro bailarinos portugueses. A muito jovem Ana Isabel Castro desenvolveu o seu projeto "Marengo", um cavalo que viaja pelas histórias e imaginação da artista, numa constante dualidade mito/real.

O DDD percorre ainda outras latitudes. Christian Rizzo regressa ao Rivoli para a estreia nacional de "Une Maison", refletindo sobre as dinâmicas internas do espaço - solidão, comunhão, memórias, vitalidade e futuro. Cristina Grande, programadora de artes performativas da Fundação de Serralves, desvenda "Avalanche", o dueto de Marco D'Agostin com a portuguesa Teresa Silva. 

Para o espaço público e pelas três cidades, "Árvores", de Clarice Lima testa os limites e a resistência dos bailarinos do Balleteatro.

"Dawn" é uma encomenda da Kale Companhia de Dança a Hélder Seabra. O coreógrafo português sediado na Bélgica, diz que esta peça é baseada no "voltar às raízes, à terra".

Muitos workshops e atividades estão ainda previstas para estes primeiros dias da dança, com destaque para as festas Cumbadélica e com dj Set de Fanfa & Simone, que fazem aquecer os corpos no Meeting Point do DDD - no Café Rivoli.

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