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O caminho para a sustentabilidade esteve em análise na Faculdade de Economia

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Debates, exposições, desafios e outras atividades fizeram parte do programa da primeira Semana da Sustentabilidade que se realizou na Faculdade de Economia do Porto (FEP), na passada semana. No centro da discussão estiveram temas como consumo consciente, desigualdades, inteligência artificial e desenvolvimento económico.

O vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, participou numa "mesa-redonda", denominada "After Work: Green Jobs – O caminho para a sustentabilidade", onde apresentou diversos vetores da ação do Município nesse domínio.

O também vereador do Ambiente e Transição Climática explicou a importância das cidades, enquanto grandes motores da mudança no contexto da sustentabilidade e de emergência climática. O Porto tem procurado estar na linha da frente e influenciar a Comissão Europeia, através da presidência do fóruns com o da Rede Eurocities, para aumentar a ambição nas suas metas, adequar o financiamento aos desafios locais e proporcionar melhor legislação.

"Desafios tão exigentes e transversais como o combate e a adaptação do território às alterações climáticas não se resolvem em ciclos de quatro anos e por isso exigem compromissos políticos, junto dos munícipes, mas também das instituições europeias, para lá dos ciclos políticos, que não desviem os executivos municipais de um roteiro consistente e ambicioso: a subscrição do Pacto dos Autarcas, do Green Accord e, mais recente, o Pacto do Porto para o Clima são exemplos disso", sublinhou o autarca.

O exemplo do Pacto do Porto para o Clima e a neutralidade carbónica até 2030

Filipe Araújo considerou que o Município tem vindo a fazer um "trajeto notável" na redução das emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) (mais de 50% desde 2004) e assumiu, recentemente, atingir a neutralidade carbónica até 2030 (com uma redução de 85% das emissões de gases com efeitos de estufa face a 2004 e uma compensação de 15% das emissões através do robustecimento dos serviços dos ecossistemas e da melhoria e expansão das infraestruturas verdes e azuis.

Contudo, o grande desafio da cidade prende-se com o peso dos vários setores, essencialmente o privado, no valor global de emissões de gases com efeito de estufa. "O setor dos edifícios (serviços e residencial) e o setor dos transportes representam quase 90% das emissões enquanto o Município do Porto, na prossecução da sua atividade, representa apenas 6% dessas emissões", explicou o vereador.

Foi com esse espírito colaborativo e de envolvimento ativo que o Município lançou o Pacto do Porto para o Clima (2022) com o objetivo principal de convidar o setor privado, cidadãos e outras organizações, a participar ativamente na ação pela neutralidade carbónica até 2030. Ao final de um ano, o Pacto somava mais de 600 subscritores.

Medidas concretas

De seguida, o responsável político enumerou uma série de medidas concretas que o Município tem promovido, ao nível do edificado e infraestruturas públicas, transporte público e adaptação do território.

A título de exemplo e no que concerne edificado e infraestruturas públicas: renovar a iluminação pública para sistema LED, adquirir 100% da energia elétrica usada nos edifícios de gestão municipal de origem renovável certificada, instalar grupos de sistemas fotovoltaicos nas coberturas de edifícios municipais, investir na certificação LEED de novos edifícios, desmaterializar e facilitar o serviço ao cidadão de modo a evitar deslocações presenciais ao Gabinete do Munícipe e, consequentemente, diminuir a pegada carbónica.

Já ao nível do transporte público, destaque para: estimular ao uso de transporte público, da mobilidade suave e de veículos elétricos, através da renovação da frota municipal e da STCP, continuar o programa de gratuitidade na utilização dos transportes públicos para pessoas com idade igual ou inferior a 23 anos, otimizar as linhas e modernizar os terminais existentes (o Terminal Intermodal de Campanhã já recebeu mais de oito milhões de passageiros), expandir a rede do Metro, resgatar o espaço público, criando zonas pedonais como incentivo à utilização de modos suaves.

Por fim, as medidas de adaptação ao território em curso e/ou concluídas têm, sumariamente, passado por: combater a pobreza energética e proteger os mais vulneráveis através de medidas bioclimáticas no parque edificado. "Sendo que uma das medidas mais ambiciosas passou pela criação da figura do Índice Ambiental do Porto no Regulamento do novo PDM, que tem como objetivo incentivar os promotores imobiliários a adotarem um conjunto de soluções de base natural, bioclimáticas e energéticas nas operações urbanísticas, obtendo com isso vantagens fiscais e, eventualmente, construtivas", explicou Filipe Araújo.

Utilizar as soluções inspiradas na Natureza para melhorar a resiliência da cidade, através da expansão de floresta nativa, da expansão da rede de hortas municipais, do estímulo à instalação de coberturas ajardinadas, também são outras das ações em curso.

Participaram também neste encontro Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto, Paulo Magalhães, membro do Conselho Geral da Associação Zero, Luísa Pinto, diretora do Mestrado em Gestão da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, e André Braga, gestor para a sustentabilidade no Crédito Agrícola.

De referir, ainda, que o diretor para a Neutralidade Carbónica do Porto, Daniel Freitas, participou também no painel "A Sustentabilidade e a Cidade", realizado na terça-feira passada.