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Numa torre medieval da Ribeira do Porto vai surgir um laboratório de cinema analógico

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O Município cedeu o edifício onde vai instalar-se um laboratório de cinema, especialmente dirigido aos meios analógicos, que funcionará num modelo cooperativo e aberto ao público.

Luzes, câmara, ação: o futuro Laboratório de Cinema da Torre já tem espaço destinado em pleno coração da Ribeira, a dois passos do Rio Douro. Num edifício que é propriedade do Município, situado nas ruas estreitas da zona do Barredo, vai funcionar este projeto cultural, que adotará um modelo cooperativo e aberto ao público. Dedicará uma atenção especial aos meios analógicos e vai ter uma componente prática, de experimentação, e formativa.

A cedência temporária do imóvel sito à Rua de Baixo n.ºs 3 e 5 e Viela do Buraco s/n foi aprovada por unanimidade na reunião de Executivo realizada no passado dia 26 de julho. “Com a ocupação deste imóvel, pretende-se desenvolver o projeto Laboratório de Cinema da Torre, com enfoque na prática, experimentação, produção e formação no âmbito dos formatos analógicos de cinema, nomeadamente a película em formato Super-8, 16mm e 35mm”, podia ler-se na proposta então apresentada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

“O projeto pretende garantir a fomentação de uma massa crítica e criativa especializada nos meios analógicos cinematográficos, através da disponibilização de um espaço de produção, criação e exibição, e facultando conhecimento técnico, ferramentas, faculdades pedagógicas e infraestruturas. É sua missão a preservação e o desenvolvimento de novas gerações de criadores, contribuindo para um mais amplo e regenerador tecido cultural na cidade do Porto, estabelecendo pontes de internacionalização e exportação de trabalho. O laboratório de cinema experimental apresenta-se como uma oportunidade de expansão das atividades de programação no Batalha Centro de Cinema e de outras atividades de formação comuns acolhidas pelo Departamento de Cinema e Imagem em Movimento”, acrescentava o documento.

O modelo de funcionamento do projeto procurará ajustar-se às necessidades dos vários públicos-alvo – dos realizadores, artistas e técnicos, até aos estudantes e amadores: seja em regime atelier para associados com conhecimento já adquirido no laboratório de cinema; em regime de laboratório aberto para uso público; ou através da criação de programas de formação, intercâmbios, prestação de serviços, estágios, e também residências artísticas.

Descrevendo o futuro Laboratório de Cinema da Torre como “um projeto pioneiro e singular no nosso contexto”, o diretor artístico do Batalha Centro de Cinema, Guilherme Blanc, faria notar aos vereadores que o imóvel em apreço “não estava utilizado com uma finalidade pública há praticamente 15 anos”.

“No contexto português não existe nenhum laboratório com este perfil, cooperativo ou associativo, e não lucrativo, que portanto pode ter um uso muito interessante para a classe de realizadores e artistas que trabalham com estes formatos”, acrescentaria ainda, tendo explicado que “a entidade organizadora é a Laia – Cooperativa Cultural, uma cooperativa muito recente, fundada por mulheres artistas do Porto”.

A instalação do Laboratório de Cinema da Torre será mais um argumento para o Porto se posicionar enquanto “Cidade do Cinema” – a abertura ao público do Batalha Centro de Cinema deverá acontecer no início de 2022 e a plataforma Filmaporto Film Commission tem vindo a atrair e facilitar filmagens na cidade, para além de atribuir bolsas de produção e apoiar a formação.