Economia

Num cenário de trabalho à distância, maioria dos profissionais escolheria o Porto para viver

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Se a sua empresa permitisse o trabalho remoto, a maior parte (61%) dos profissionais escolheria o Porto, entre qualquer cidade portuguesa, para viver. Esta é uma das conclusões do Guia Hays do Mercado Laboral 2024, apresentado, na manhã desta quarta-feira, na Porto Business School.

Num debate ao lado da responsável pela Gestão de Pessoas na NORS, Ana Peneda, do diretor de Capital Humano do grupo Petrotec, Filipe Ferreira, do diretor do Centro Global de Competência de Software da Tridonic, João Granjo, e do diretor da Hays Portugal, Carlos Maia, o vereador da Economia, Emprego e Empreendedorismo sublinhou a importância de "os países e as cidades serem parceiros das organizações empresariais".

Assim acontece no Porto, "a primeira escolha" de muitos profissionais que trabalham em empresas internacionais com centros na cidade. "As pessoas gostam de aqui estar. A cidade tem um lado intangível que faz com que as pessoas gostem de estar aqui", acredita Ricardo Valente.

Certo de que "o verdadeiro capital das empresas é o know how, as patentes, a investigação e desenvolvimento", o vereador sublinha que "o verdadeiro poder passou a estar nas pessoas". Por isso, acrescenta, "se os territórios não tiverem capacidade de criar as condições para as pessoas lá estarem, as pessoas vão continuar a emigrar".

"Temos que deixar de ser ‘calimeros’ e passar a ter uma lógica competitiva, criar as condições para que, em Portugal, haja, de facto, futuro do ponto de vista do talento, para que as empresas criem aqui riqueza e para que o país volte a ser um país onde as pessoas conseguem fazer acontecer o seu propósito", insta Ricardo Valente.

Problema fundamental do país é a retenção de talento

A propósito da retenção de talento, o vereador da Economia, Emprego e Empreendedorismo não tem dúvida de que esse "é o problema fundamental do país" e, perante "níveis de emigração compatíveis com países em guerra", questiona: "onde é que poderíamos estar se estes talentos estivessem aqui, se criássemos as oportunidades para estarem aqui?".

Perante aquilo que considera "perdas tremendas de capital", o vereador mencionou, também, o facto de as empresas terem que "prestar um serviço que não é prestado pelo Estado", nomeadamente em matéria de transportes e acesso à saúde. "O Estado tem que criar as condições para que as empresas se estabeleçam e criem riqueza", reforça.

Saúde mental como o grande desafio do século

Entre as várias questões colocadas pelo inquérito da Hays a mais de 3.400 profissionais e oito centenas de empregadores, esteve a saúde mental, com cerca de 56% das pessoas a assumir que foi afetada, de forma negativa, pelo seu trabalho ou carreira.

Nesse campo, que Ricardo Valente considera "o grande desafio deste século", o vereador partilha que "nos falta, hoje, o sentido de verdadeira comunidade". "O mundo mudou, desestruturou-se, do ponto de vista social, e as pessoas ligaram-se a redes 'antissociais', que alimentam a incapacidade de construírem comunidades", afirma, lançando a necessidade de "as cidades voltarem a ser humanas" e de "não destruirmos a nossa capacidade de sermos humanos".

Eficiência na transição verde sem deixar ninguém para trás

Na perspetiva da Hays para este ano, a temática da economia verde ganhará ainda maior relevância para os empregadores. Para o vereador da Economia, "a lógica da transição verde deixa de ser um desejo e vai passar a ser uma obrigação" e "não pode ser feita deixando pessoas para trás" em nome da eficiência. "É preferível sermos mais eficazes do ponto de vista do que nos une, que são as pessoas", sublinha.

Ricardo Valente aproveitou para referir como o Município do Porto "está muito comprometido com este tema", nomeadamente "naquilo que é a transição energética". O vereador lembrou que a autarquia "tem contratos de fornecimento de energia que obriga a que ela seja 100% renovável", além de "uma frota totalmente elétrica ou híbrida".

"Queremos liderar pelo exemplo porque consideramos que, no fim, vamos ser mais atrativos. A razão é a sustentabilidade económica do ponto de vista deste ativo a que chamamos território", assume o vereador.

No final, Ricardo Valente deixou como mensagem o apelo à participação na construção de vidas. "As pessoas não participam, estão completamente ausentes, e isso leva a muita frustração porque colocam o destino, o futuro, na mão de terceiros", concluiu.