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Novo site do Museu da Cidade está online e apresenta hoje à noite o "Diário da Peste"

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Rita Roque

Leitura de Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares, avança esta noite na Rádio Estação, disponível no novo site do Museu da Cidade, já online em www.museudacidadeporto.pt.

O Museu da Cidade lança nesta quarta-feira um novo website, reflexo de um projeto apresentado à cidade, no ano passado, mas que não se resume a ser um simples espelho deste. Antes, apresenta-se como mais uma extensão do museu que reúne todo o sistema de ligações em rizoma, a que se propôs este recente projeto municipal.

Temporariamente apartado do contacto direto com o público, em virtude do encerramento dos espaços, para o Museu à escala da cidade, que ocupa dezassete estações desde o Reservatório da Pasteleira até à Quinta de Bonjóia (futura Extensão da Natureza), o som torna-se assim o meio de conexão, razão pela qual será lançado esta noite um novo projeto. Já lá vamos.

Navegando pelo website, o visitante poderá explorar mais sobre cada uma das estações, a coleção que integram, os gabinetes que chegaram a poder ser abertos no ano de 2020, que trouxe tantas limitações aos projetos culturais (em vídeos guiados pelas exposições no projeto Visitações), e contribuir com ideias para um museu-em-construção, através do Gabinete Atmosférico, principal canal de interface em tempos de pandemia.

É também através de uma janela aberta no site para a experiência da escuta, um "sítio invisível", que Rádio Estação ocupa morada fixa, após o sucesso do primeiro ensaio na Feira do Livro do Porto. A dimensão sonora contraria, deste modo, a tendência da imagem e da experiência de ecrã, acentuada agora nos atuais contextos online que vieram, por força da pandemia, substituir a presença física e, ao mesmo tempo, questionam a prevalência do objeto físico no espaço-museu. É portanto, o som que, de um modo dinâmico, interage em primeira linha com os públicos.

Leitura de Diário da Peste de Gonçalo M. Tavares inicia esta noite

Mas o destaque é canalizado, hoje, para a primeira leitura do Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares que arranca, com periodicidade diária, já nesta quarta-feira, às 22 horas.

Publicados no Expresso durante o primeiro confinamento e de imediato traduzidos para várias línguas, estes textos foram, para o autor, algo de inédito enquanto experiência de “receber o que ia acontecendo e reagindo”. Uma escrita quase em direto, em lista de ideias que querem fixar esse momento irrepetível, toma aqui corpo.

“Foi de uma brutalidade a nível da realidade e da escrita, nunca estive tão próximo verdadeiramente do que estava a acontecer”, confirma Gonçalo M. Tavares, sobre o projeto que ecoa, em exclusivo, na Rádio Estação em pleno segundo confinamento.

Trata-se de um registo pessoal, mas é um documento que espera que ganhe força porque, neste contexto de pandemia, este foi “o primeiro medo que tivemos”.

A Rádio Estação acompanha esta reação ao tempo que é o de recontar e de ouvir: “a rádio e a voz permitem um tempo de digestão auricular que tem muito a ver com a capacidade de reflexão”, justifica o escritor, e importa por isso “recolocar o impacto do som e da palavra na reflexão, em contraponto com um bombardeamento da imagem que muitas vezes também encadeia e imobiliza”.

Rádio Estação com rede de colaborações em crescimento

A Rádio Estação arranca com um conjunto de rubricas e dá o primeiro passo para uma rede de colaborações em crescimento. As propostas desenvolvidas com os artistas e músicos Tomás Cunha Ferreira e Domenico Lancelotti que criaram de raiz a rubrica "Colapso", a colaboração com a Rádio Sonoplasmática, a parceria desenvolvida com a Fonoteca Municipal do Porto, que convida a descobrir algumas preciosidades do seu extenso arquivo, ou João Salaviza e Renée Nader Messora com sinais vindos do lado de lá do oceano, são apenas alguns exemplos. "Arca", uma nave que percorre as latitudes criativas locais e desafia todos os silêncios, é a proposta da estrutura Matéria Prima, numa das primeiras basilares parcerias.

Para ir descobrindo esta rádio-em-construção ao tempo que se desenvolve, espera ao ouvinte uma paisagem em "Pólen", projeto que resulta de captações e composições da cidade e ao redor das estações do museu; uma cúmplice parceria com o Colectivo Espaço Invisível, dirigido por Nuno Preto, com Samuel Coelho, que se estende a outros músicos e artistas sonoros.

A partir da 1 hora da manhã, em modo notívago, o "Fim de Emissão" abre campo para projetos de composição autogenerativa, atribuídos periodicamente a um artista. O primeiro segmento estará a cargo de Pedro Augusto.