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Plano de Gestão e Sustentabilidade traça linhas mestras para a próxima década do Centro Histórico do Porto

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Filipa Brito

Um plano a 10 anos que pretende manter a sustentabilidade do Centro Histórico do Porto, enquanto património mundial e assente em quatro grandes eixos de atuação: Património; População, Habitação e Comunidades; Economia; Ambiente e Mobilidade.

São estas as linhas mestras do Plano de Gestão e Sustentabilidade do Centro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar (CHPPM), apresentado esta manhã, na sessão de encerramento da Semana dos Sítios Urbanos Património Mundial no Espaço Atlântico que a Câmara do Porto dinamizou.

A abertura da iniciativa esteve a cargo do vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, que salientou que o desafio “é fazer perceber a todos os atores intervenientes na construção da cidade que o valor patrimonial pode e deve ser integrado na equação económica do investimento”.

“O Património não é apenas aquilo que nos legaram e que pretendemos passar em testemunho aos vindouros. O património arquitetónico, em especial numa cidade como o Porto, corresponde a um ativo económico intangível e não-transacionável que a posiciona numa categoria de elite na rede urbana mundial: a das cidades Património da Humanidade”, disse o também presidente do Conselho de Administração da Porto Vivo, SRU.

O plano começou a ser preparado pela Câmara do Porto, através desta empresa municipal, no início de 2020, com a colaboração de diferentes agentes do tecido social, tendo-se baseado no intercâmbio de conhecimento no âmbito do projeto europeu “AtlaS.WH – Património no Espaço Atlântico: Sustentabilidade dos Sítios Urbanos Património Mundial”, uma parceria internacional, entre cinco cidades Porto, Bordéus, Florença, Edimburgo e Santiago de Compostela.

“Nos próximos dez anos, queremos que o nosso centro histórico sendo respeitador do valor universal excecional, (…) seja sustentável e não dependa de vontades, de políticas erráticas de conservação, mas que se sustente pela própria natureza do seu plano de salvaguarda”, assinalou o coordenador do CHPPM, Rui Loza, que apresentou o documento.

No que concerne aos quatro eixos estratégicos, o primeiro Património, pretende garantir a salvaguarda e valorização do património tangível e intangível, através da reabilitação sustentável, de uma gestão urbanística integrada e da capacitação, reconhecimento e divulgação do bem excecional.

No eixo 2, População, Habitação e Comunidades, o objetivo assenta no aumento da população residente e dos níveis de conforto habitacional e no reforço da coesão e valores comunitários.

Na área da Economia (eixo 3), a aposta consiste na promoção da diversidade, inclusão e sustentabilidade económica e na promoção da criatividade e da inovação, tendo como uma das linhas de ação o turismo inclusivo e sustentável.

Por fim, no eixo do Ambiente e Mobilidade, o plano prevê melhorar a mobilidade e reforçar a sustentabilidade ambiental, permitindo aumentar a resiliência.

Para a elaboração do documento foi necessária a constituição de uma equipa especializada, formada por técnicos municipais. Os trabalhos contaram ainda com o apoio técnico-científico da equipa constituída por docentes especialistas que pertencem à Faculdade de Engenharia (FEUP), Faculdade de Arquitetura (FAUP), Faculdade de Economia (FEP) e Faculdade de Letras (FLUP) da Universidade do Porto.

Investimento empresarial ultrapassou o turístico e gerou 3.600 postos de trabalho

Durante a manhã, também o vereador da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, abordou a temática da preservação do património cultural versus economia, tendo salientando que “a lógica de que a cidade do Porto é só turismo, é uma lógica que já não corresponde” à realidade.

O responsável do pelouro traduziu em números essa informação, indicando que o investimento empresarial ultrapassou o investimento turístico na cidade do Porto, de acordo com os dados da InvestPorto.

Assim, em 2019, a maioria do investimento na cidade foi corporate e não turístico, sendo que 63% do investimento é IDE (Investimento Direto Estrangeiro). Os projetos de investimento em carteira à data de 2020 contabilizam mais de 1.000 milhões de euros de investimento correspondentes a 3.600 postos de trabalho a serem criados.

Ainda referente a números, mas desta feita aos dados do Instituto Nacional de Estatística, Ricardo Valente destacou que o pessoal ao serviço na cidade tem vindo a aumentar, passando de 138.180 em 2016 para 153.913 em 2018. O mesmo sucede com o número de empresas implantadas no Porto que passou de 40.373 em 2016 para 43.631 em 2018. Quanto à criação de riqueza na cidade, o índice apresentado como Valor Acrescentado Bruto subiu acima dos 20%, passando de 3.177 milhões euros em 2016 para 3.717 milhões euros em 2018.

O novo Plano de Gestão e Sustentabilidade vai resultar na implementação de um modelo de gestão e monitorização integrado e participativo, e foi desenvolvido através da participação ativa de diferentes agentes do tecido social, nos quais se integram residentes e visitantes do Centro Histórico, personalidades do meio académico e artístico e diferentes instituições públicas e privadas.