Mobilidade

Novas linhas do metro vão beneficiar São Roque, Cerco, Lagarteiro e IPO

  • Paulo Alexandre Neves

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Hoje foi "o momento zero" em nova expansão do metro do Porto. A empresa apresentou, em Gondomar, os concursos para os anteprojetos de quatro novos traçados de linha – Gondomar, Matosinhos, Trofa e Maia –, na presença do primeiro-ministro, do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e autarcas da região. António Costa aproveitou para deixar um agradecimento à atuação do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a propósito da assinatura do acordo de municipalização da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), em 2016.

Sobre as novas linhas, em causa estão as extensões a Gondomar II (Souto), através do Estádio do Dragão, servindo os bairros do Lagarteiro e Cerco, e a São Mamede de Infesta (Matosinhos), a partir do IPO até ao Estádio do Mar. Duas novas linhas vão ser também criadas: ISMAI - Muro - Trofa (Paradela) e Maia II (Roberto Frias - Parque Maia - Aeroporto). O processo poderá estar concluído em 2030, num investimento total de mil milhões de euros.

O primeiro-ministro espera que, "daqui a seis, sete anos" (2030), as novas linhas estejam a ser inauguradas. "Todos gostaríamos que tudo isto pudesse acontecer em menos de seis anos", assinalou António Costa, relembrando que, em 2017, esteve no Porto a lançar os concursos prévios e de impacto ambiental para o prolongamento da Linha Amarela e para a construção da Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento. "No próximo ano, começam a terminar", adiantou.

"A urgência climática exige urgência na ação", acrescentou António Costa, para quem "o investimento em mobilidade é estrutural".

Agradecimento a Rui Moreira

O primeiro-ministro deixou também um agradecimento especial ao acordo de municipalização da STCP, em 2016, e à atuação do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, neste dossiê. "Ainda era eu presidente da Câmara Municipal de Lisboa e não me esquecemos que assinamos, na Casa do Roseiral, uma declaração conjunta contra a privatização, que então estava em preparação, da Carris, dos metros e da STCP. Um acordo com uma visão de municipalização da Carris e STCP e descentralização, para os municípios e áreas metropolitanas, das funções de autoridade metropolitana de transporte", recordou.

"Oito anos volvidos ficou provado que a gestão pública permitiu melhorar a qualidade do transporte público, a descentralização ter um melhor planeamento da rede de transportes, a nível metropolitano, e que as obras e investimentos em curso (na STCP e Metro do Porto) valeram a pena", acrescentou.

Para António Costa, estas ações dão "resposta aquilo que as novas gerações nos pedem, que é urgência para travarmos as alterações climáticas, mas também para dar resposta às gerações presentes que têm todo o direito a melhor qualidade e serviço de transportes públicos".

150 milhões de validações até 2030

Antes do primeiro-ministro usaram da palavra o ministro do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, e o anfitrião da cerimónia, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins.

"Precisamos de alargar o recurso a veículos sem emissões, à utilização de bicicletas, ou aumentar a deslocação a pé, porque sabemos que nós temos que promover todo o tipo de deslocações que descarbonizem a mobilidade", defendeu o ministro, sublinhando que "transportes coletivos mais acessíveis e de maior qualidade são uma necessidade imperiosa" para avançar nos objetivos da descarbonização.

Já o presidente da Metro do Porto fixou em 150 milhões de validações anuais como objetivo para a empresa até ao final da década. "Esta ambição significa multiplicar por três o número de passageiros que a Metro do Porto servia em 2015", disse Tiago Braga.

"Este exercício de planeamento designámos por Metro 3.0, encontra-se alinhado com as expectativas que os 80 milhões de clientes que a Metro do Porto estima transportar durante o ano de 2023, mais de 10% acima do valor recorde atingido em 2019, antes da covid", adiantou.

E acrescentou: "Estas oito operações [as quatro novas linhas, o 'metrobus' da Boavista as linhas Rosa e Rubi e a extensão da Linha Amarela], que entrarão ao serviço de uma por ano até ao final da década só serão importantes porque significam uma redução potencial de mais de 100 mil toneladas de CO2".

Linha de Gondomar serve melhor zona oriental do Porto

O presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, destacou, por outro lado, que "Gondomar era o único município do primeiro anel da área metropolitana que não tinha metro na sua sede, um erro da primeira fase", sublinhando que a nova linha, entre o Estádio do Dragão e Souto, "serve melhor" aquele concelho, mas também a zona oriental do Porto, já que nela estão contempladas estações em São Roque, no Cerco e no Lagarteiro.

Esse traçado, intitulado pelo autarca de "linha dourada", terá uma extensão total de 6,9 quilómetros e oito estações. Outro traçado que será integralmente construído em metro ligeiro (apesar de ainda não estar garantido o seu financiamento) será o de Matosinhos, entre o Estádio do Mar e o Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto, com 6,55 quilómetros de extensão e oito estações.