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Nova temporada traz ao Teatro Municipal do Porto nomes incontornáveis da dança e mais artistas e companhias da cidade

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A programação do Teatro Municipal do Porto para os primeiros meses da temporada 2021/2022 foi hoje apresentada, com um reforço na aposta em artistas e companhias da cidade e marcada pelo 90.º aniversário do Rivoli. Prevê um total de 118 espetáculos e vai manter-se a vertente online, por permitir chegar a novos públicos.

Já falta pouco para terminar a contagem decrescente para o arranque da temporada 2021/2022 do Teatro Municipal do Porto (TMP). Os destaques da programação foram apresentados nesta quarta-feira, com especial detalhe para o período de setembro a dezembro. “Podemos esperar uma temporada onde os nossos eixos de ação se fortalecem: a programação internacional de dança e o apoio em coprodução às companhias e artistas da cidade. Um apoio mais robustecido, para apoiar de facto o que de melhor se faz na cidade”, sublinhou o diretor do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes.

Numa sessão que decorreu no auditório do Teatro Campo Alegre, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, começou por fazer um balanço da temporada que agora termina: “Foi uma temporada na qual o TMP concretizou, materializou e reforçou a sua missão”. Não só pelo “estreito diálogo com artistas e companhias, para que os muitos projetos que se viram adiados na primeira metade de 2020, devido à pandemia, pudessem ser apresentados ao longo desta temporada”, mas também pela “capacidade e qualidade na resposta aos desafios que advieram da pandemia, nomeadamente no que diz respeito à manutenção dos vínculos e das dinâmicas com os artistas e com os públicos.”

“Entre setembro de 2020 e até ao final deste mês de julho, contabilizamos a apresentação de 110 espetáculos, 62 dos quais de artistas e companhias que trabalham a partir da cidade”, salientou o autarca, notando que, no mesmo período, “contabilizam-se 116 transmissões online, entre espetáculos, conversas e encontros, workshops e outras atividades, o que comprova também a importância e a crescente atenção dedicada a esta vertente, que veio para ficar.”

A dinâmica vai manter-se na temporada 2021/2022. “Ainda sem a totalidade de espetáculos definida e contabilizada, serão apresentados cerca de 118 espetáculos, 60 dos quais de artistas e companhias que trabalham a partir da cidade”, indicou Rui Moreira, sublinhando que estes números “atestam, uma vez mais, a dinâmica do TMP, que sempre defendemos e que temos vindo a imprimir de forma crescente e transversal desde o primeiro mandato”. O investimento na programação do Teatro Municipal do Porto, Festival DDD – Dias da Dança e Campus Paulo Cunha e Silva para esta temporada é superior a 1,7 milhões de euros.

A propósito do Campus Paulo Cunha e Silva, equipamento cuja abertura teve lugar no passado dia 9 de junho, o presidente da Câmara do Porto considerou que “veio colmatar uma importante lacuna, ao nível dos espaços de residência e criação artística”. “Neste momento já temos 270 registos na plataforma do Campus, confirmando a necessidade e importância deste espaço para a comunidade artística”, disse.

Destaques da programação

Pela voz do diretor do TMP, Tiago Guedes, foram elencados alguns dos destaques da programação para a temporada 2021/2022, que conta com vários regressos de peso à cidade, nacionais e internacionais. Criações de Jan Martens, Marlene Monteiro Freitas, Vera Mantero, Dimitris Papaioannou, Maguy Marin e Ensemble – Sociedade de Actores são algumas das notas da programação a apresentar entre setembro e dezembro.

O também diretor artístico do departamento de Artes Performativas da empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto do Porto admitiu aguardar com expetativa a oportunidade de voltar a assistir a trabalhos do coreógrafo belga Jan Martens, da francesa Maguy Marin e de Marlene Monteiro Freitas, coreógrafa cabo-verdiana radicada em Lisboa.

A primeira criação nacional em estreia será A História do Soldado (6 a 9 de outubro, no Campo Alegre, e a 10 de outubro, no TMP Online), de Stravinsky/Ramuz, uma colaboração entre a coreógrafa Né Barros e Ensemble – Sociedade de Actores.

No primeiro quadrimestre, o TMP mantém ainda a sua ligação aos festivais da cidade, acolhendo, ao longo do ano, MEXE – 6.º Encontro Internacional de Artes e Comunidade, Porto/Post/Doc, MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, Queer Porto 7 – Festival Internacional de Cinema Queer e Festa do Cinema Francês. Prosseguem também as parcerias com Medeia Filmes, Cultura em Expansão, Instável – Centro Coreográfico (Palcos Instáveis), Curso de Música Silva Monteiro (Novos Talentos), Universidade Lusófona do Porto (Do Acontecimento) e WOMEX – Worldwide Music Expo.

Reconhecido inicialmente como artista visual, Dimitris Papaioannou será, em dezembro, o destaque da programação internacional. O multifacetado artista grego reencontra-se com o público portuense, tal como acontecerá em junho de 2022 com o coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin.

Raimund Hoghe, o coreógrafo e dramaturgo alemão que faleceu em maio deste ano, era considerado uma referência das artes de palco e da dança contemporânea, assim como um dos nomes mais apreciados pelo público do TMP. Amigo do Porto, onde apresentou vários dos seus trabalhos – como Canzone per Ornella (Canção para Ornella) e Postcards from Vietnam (Postais do Vietname), La Valse, An Evening with Judy, Quartet ou Songs for Takashi –, será alvo de uma homenagem em março do próximo ano.

A nova temporada do TMP terá ainda cinco focos de programação, entre novidades e a aposta no tradicional Foco Famílias, dedicado às crianças e jovens. O 90.º aniversário do Rivoli celebra-se em janeiro de 2022 com um programa que promete atravessar várias disciplinas – desde a literatura à dança, da música ao circo contemporâneo, passando pelo teatro. E, até ao final de 2021, os amantes das “Quintas de Leitura” – que este ano comemoram o seu 20.º aniversário – vão poder assistir a três sessões deste ciclo poético (14 de outubro, 4 de novembro e 16 de dezembro), no Teatro Campo Alegre.

À margem de uma sessão à qual assistiram também o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, e a vereadora Catarina Araújo, que ocupa o lugar de presidente do conselho de administração da empresa municipal Ágora, Tiago Guedes mostrou-se “otimista” num regresso pleno do público às salas de espetáculos. “Esperemos que a vacinação corra bem, que as coisas comecem a melhorar, porque os públicos têm uma grande ansiedade para voltarem a ter os seus hábitos culturais. Sou otimista e acredito que, quando as coisas melhorarem, o público virá outra vez à sala. E tem vindo – o teatro está aberto desde 19 de abril, com o Festival DDD – Dias da Dança, e esteve sempre cheio”, realçou.

Numa temporada em que a “triangulação” entre Teatro Municipal do Porto, DDD – Festival Dias da Dança e o recém-inaugurado Campus Paulo Cunha e Silva será aposta, a vertente online vai manter-se para chegar a mais públicos. “Com os teatros fechados, o online funcionou muito bem. E funcionou para além dos limites do concelho. Falo do país e até sem ser do país. Através do online, há muito público, em todo o lado, que pode aceder à nossa programação. Decidimos que o TMP passaria a ter presença física e online sempre. Claro que o online não replica tudo o que vamos apresentar, mas há sempre âncoras da nossa programação que são apresentadas”, concluiu.

Nas 116 transmissões online feitas pelo TMP entre setembro de 2020 e julho de 2021, ultrapassaram-se as 118 mil visualizações, a partir de países como Brasil, Reino Unido, Luxemburgo, Alemanha, Dinamarca, Itália, Finlândia, Espanha, Noruega, Suíça, Países Baixos e Estados Unidos da América.

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