Cultura

Nova programação do Teatro Nacional São João reúne cinco estreias em dez espetáculos

  • Inês Reis

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Lothar Knopp

A nova programação do Teatro Nacional São João para a temporada de abril a julho já é conhecida. Cinco estreias, incluindo duas produções próprias, três espetáculos internacionais e quatro coproduções estão entre os dez espetáculos programados.

Com o encerramento do edifício do Teatro Nacional São João (TNSJ) a 29 de março, para acolher as obras de requalificação a decorrer no interior - e que deverão estar concluídas na segunda quinzena de outubro, conforme avançou Pedro Sobrado, presidente do conselho de administração do TNSJ - o programa para os próximos quatro meses do TNSJ vai centrar-se nos seus dois outros espaços, o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória.

Da dezena de espetáculos programados, o destaque vai para a produção própria, "Espectros", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Depois de percorrer grandes nomes do teatro – como Georg Büchner, em “A Morte de Danton”, ou Jean Genet em “O Balcão” - Nuno Cardoso, diretor artístico do Teatro Nacional São João, junta a obra do ano de 1881 ao repertório do TNSJ. O espetáculo conta com a interpretação do elenco residente, e vai estar em cena no TeCA de 20 de maio a 6 de junho. Partindo deste projeto-satélite, Nuno Cardoso juntou-se ainda a Rodrigo dos Santos, músico e membro do elenco do TNSJ, para criarem “Sono”. A peça, que partilha os mesmos temas e até o espaço cénico de “Espectros”, é dedicado ao público mais novo, com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos, e estreia 29 de maio, no TeCA, sendo que também pode ser visto nos dias 4 e 5 de junho. Fica ainda disponível para apresentação em escolas entre 1 e 3 de junho.

DDD e FITEI no palco do Teatro São João

França, México ou Argentina são algumas das geografias que vão chegar aos espaços do TNSJ através do DDD - Festival Dias da Dança, organizado pelas cidades do Porto, Matosinhos e Gaia, ou do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI). “Please please please”, que integra o DDD, assinala o arranque da programação do TNSJ já nos dias 22 e 23 de abril, no Teatro Carlos Alberto. O espetáculo – que uniu a coreógrafa hispano-suíça La Ribot e a francesa Mathilde Monnier ao encenador português Tiago Rodrigues – é uma interpelação lançada às gerações futuras através das duas bailarinas que emprestam o corpo e a alma, num conjunto de histórias curtas.

Já integrado no FITEI, vai ser possível assistir a “Amarillo”, com encenação de Jorge A. Vargas, e “Artaud”, encenado por Sergio Boris. Os espetáculos vão ser apresentados no formato digital Também o espetáculo “Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas”, de Joana Craveiro, vai ser apresentado entre os dias 7 e 8 de maio, no TeCA.

Digressões nacionais e internacionais

Um dos reptos do TNSJ para esta temporada passa pela digressão das suas produções próprias, permitindo que sejam vistas por um número crescente de público. Por isso, além da apresentação de “KastroKriola”, em Cabo Verde, a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, outras criações do Teatro Nacional São João vão estar em evidência. Já no dia 6 de maio, “À Espera de Godot”, com encenação de Gábor Tompa, sobe ao palco do Teatro Municipal de Bragança. “Achadiço”, uma criação de Nuno Cardoso, ruma ao Luxemburgo para ser apresentado no dia 19 de junho, no Théâtre National du Luxembourg. E “Castro”, de António Ferreira, com encenação de Nuno Cardoso, sobe ao palco do Théâtre National du Luxembourg (a 18 e 19 de junho), seguindo-se o Festival de Almagro, em Espanha (a 7 de julho) e, por fim, o Centro Cultural de Belém (a 27 e 28 de agosto).

Cooproduções

Até julho, as coproduções do TNSJ contam com o teatro do insólito de Eugène Ionesco, com “Jacques ou a Submissão”, uma proposta do Ensemble – Sociedade de Actores, que estreou online no início de abril e que pode ser vista no Teatro Carlos Alberto, de 28 de abril a 2 de maio. Já entre 10 e 13 de junho, o TeCA acolhe “Perfil Perdido”, uma encenação de Marco Martins, criada com o estreito contributo de Beatriz Batarda e Romeu Runa. Outra das coproduções em destaque é “Duelo”, de Heinrich von Kleist, com direção cénica de Carlos Pimenta e interpretação de Miguel Loureiro. A peça é apresentada entre 1 e 10 de julho, também no TeCA.

O TNSJ continua ainda a reforçar a sua aposta no Centro Educativo, que celebra já nos próximos dias 24 e 25 de abril a apresentação de um dos seus projetos-bandeira, “Visitações 2021: Liberdade”. O programa, que vai ser transmitido online, inclui a apresentação dos trabalhos desenvolvidos nas escolas e ainda o testemunho de artistas, professores e participantes.

Reabertura do Teatro Nacional São João agendada para outubro

Com a reabertura do TNSJ agendada para a segunda quinzena de outubro, o momento será assinalado com várias iniciativas. Além da inauguração, nesse mês, de uma exposição sobre os 100 anos de história do edifício-sede, com uma mostra que explora a arquitetura, os diferentes fins do espaço, e questões como a relação com a cidade e a história do país, entre os dias 22 e 24 de outubro, vai ser promovido um colóquio internacional sobre os teatros nacionais na Europa.

Num investimento de 1,5 milhões de euros, as obras projetadas pelo arquiteto Marques da Silva, vão permitir a recuperação de estruturas e elementos arquitetónicos degradados – no qual se insere, por exemplo, a renovação da arquitetura de cena e da estrutura de palco – ou ainda a atualização de equipamentos obsoletos, que irão resultar em melhorias significativas ao nível da segurança e da acessibilidade. Esta requalificação insere-se no quadro das comemorações do centenário do edifício-sede do Teatro Nacional São João.