Sociedade

Nova espécie de mamífero

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Uma equipa
de investigação portuguesa, da qual fez parte Joana Paupério, investigadora do Centro de Investigação em
Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), da Universidade do Porto, confirmou recentemente o
primeiro registo de ocorrência em Portugal do rato-das-neves (Chionomys nivalis), uma espécie de mamífero cuja existência no nosso país era até
agora desconhecida.


Pardo, com
longos bigodes (vibrissas) brancos, patas posteriores muito desenvolvidas e
cauda comprida. Assim se caracteriza o pequeno animal observado
no verão de 2014, no Parque Natural de Montesinho, pelo fotógrafo de vida
selvagem Gonçalo Rosa. As fotografias foram depois enviadas para Hélia
Vale Gonçalves e Paulo Barros, investigadores no Centro de Pesquisa e
Tecnologia de Ciências Agro-Ambientais e Biológicas (CITAB), da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro, que confirmaram tratar-se de uma nova
espécie.


O passo final
até à confirmação da descoberta implicou a captura - e posterior
libertação - de  dois animais (um macho e uma fêmea) e uma viagem até ao
laboratório de Joana Paupério no CIBIO-InBIO. Os resultados obtidos
através de análise genética permitiram verificar que são geneticamente
próximos, mas diferentes das populações já estudadas do centro de Espanha.


"O
rato-das-neves tem uma distribuição fragmentada na Europa, pois encontra-se
restrito a zonas montanhosas, e as suas populações apresentam uma diferenciação
genética considerável ao nível mitocondrial", refere a investigadora.
Especializada no estudo dos micromamíferos, Joana Paupério revela ainda
que "a população detetada em Portugal está localizada no limite da área de distribuição,
mas é geneticamente próxima das restantes populações ibéricas".


Publicada na
revista Italian Journal of
Zoology
, a descoberta do rato-das-neves em Portugal pode
ser importante para promover a conservação de uma espécie bastante
sensível a alterações do habitat e que tem um papel importante na
disseminação de sementes. "As populações espanholas estão classificadas como
quase ameaçadas, pelo que a descoberta desta população em Portugal tem elevada
relevância para a conservação deste roedor", explica Joana Paupério,
alertando para a necessidade de serem conduzidos "censos regionais
rigorosos sobre distribuição dos micromamíferos, a fim de garantir a
preservação da espécie".


Fonte: Portal de Notícias da U.Porto