Inovação

No final do Hackacity ficou a ganhar a cidade com ideias de futuro para a mobilidade

  • Paulo Alexandre Neves

  • Notícia

    Notícia

Um dia inteiro a pensar em soluções para a mobilidade. Este foi o desafio lançado a 144 participantes, distribuídos por 33 equipas, durante a sexta edição do Hackacity, que decorreu, esta sexta-feira, no Museu do Carro Elétrico. No final, ficou a ganhar a cidade, com propostas inovadoras e que podem passar do computador para a realidade diária de quem circula pela cidade.

Da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) vieram Francisca Almeida, Eduardo Correia e Francisco Campos. Bastou um email da instituição de ensino superior onde estudam para lhes despertar o interesse pela iniciativa. "Uma oportunidade de contribuir, um bocadinho, para a nossa cidade e aprender um pouco mais sobre esta área", sublinha a jovem estudante.

Face ao tema proposto a todas as equipas – soluções para a mobilidade e sustentabilidade –, apresentaram um projeto que visa a redução das emissões de carbono no transporte privado. Como? "Investir na utilização do metro, criando parques de estacionamento na periferia", acrescenta Francisca Almeida.

"Passamos uma tarde diferente"

As equipas são formadas por estudantes do ensino superior, mas também provenientes de empresas. Foi o caso de Pedro Trigo, Pedro Veiga e Francisco Capa, da Cocus Portugal. Esta desenvolve soluções de tecnologia de informação inovadoras. "É uma oportunidade de poder ajudar a cidade a resolver alguns problemas, nomeadamente ambientais", frisa Pedro Trigo, não deixando também de reconhecer que se junta o útil ao agradável: "passamos uma tarde diferente, adquirindo também novos conhecimentos".

Em termos de projeto, a equipa apresentou uma ideia para a mobilidade das trotinetes. Desde 2020 que a cidade passou a dispor de um Serviço de Partilha de Modos Suaves de Transporte. Foram criados 200 pontos de partilha, com capacidade para cerca de 2700 trotinetes e bicicletas elétricas. A equipa da Cocus Portugal teve a ideia de passar os pontos de recolha de fixos para móveis.

"Há zonas da cidade que ainda não têm pontos de recolha. Com esta solução, os utentes podem, antecipadamente, planear as suas viagens de qualquer ponto. Podemos mover um ponto de recolha para mais próximo das pessoas. É uma solução para o bem-estar das pessoas e o meio ambiente", perspetiva Pedro Trigo.

"Mentes brilhantes" ajudam

O Hackacity é uma iniciativa da Câmara Municipal do Porto, coordenada pela Porto Digital, através do Porto Innovation Hub, e conta com a Ripply como parceiro estratégico. Criado em 2016, no hackathon da cidade participam entusiastas de tecnologia, inovação e dados, que, durante um dia, se dedicam, totalmente, à resolução dos desafios urbanos da cidade.

"Damos dados para que as pessoas nos possam ajudar a trabalhar os desafios que nos são colocados diariamente", sublinha o vice-presidente da Câmara, durante uma visita ao evento.

Filipe Araújo garante que das "mentes brilhantes" muitas ideias são aproveitadas. "Tudo aquilo que é aqui desenvolvido ajuda-nos. Obtemos informação e trabalho de dados e tentamos aproveitar no dia-a-dia", frisa o também vereador da Inovação e Transição Digital.

Além dos participantes poderem analisar e melhorar os dados disponibilizados no Portal de Dados Abertos, esta iniciativa permite ainda um interessante "networking" entre pares e com mentores especializados em dados, sem esquecer a criação de impacto positivo junto da comunidade.

Maior participação de sempre

O Hackacity teve, este ano, a maior participação de sempre. Durante 12 horas, 33 equipas foram desafiadas a encontrar soluções para uma das missões mais prementes da cidade: atingir a neutralidade carbónica até 2030.

No final ganhou a cidade com ideias para a mobilidade e sustentabilidade. Para efeitos da história do evento ficam aqui os vencedores da edição 2023: Hackitects (construção de um modelo para melhorar os bloqueios de estradas), Critical Data (melhoria dos KPI de mobilidade e na simulação do fluxo de tráfego através de uma abordagem holística) e Data Contact (partilha de boleias a partir de pontos de encontro convenientes).

O prémio Qualidade de Dados foi para a equipa Data Pack (solução apelidada de "GreenGoFlow.ai!" e tem como objetivo ajudar a organizar eventos no Porto para melhorar a qualidade do ar, reduzindo as partículas e as emissões de CO2, que ocorrem, naturalmente, por ocasião de um grande evento).