Cultura

No fim do verão há MIMO e muito mundo no Centro Histórico do Porto

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

Arte, performance e tecnologia unem-se a workshops, filmes, palestras e concertos inéditos em Portugal, tudo inteiramente gratuito, para fechar o verão na cidade. De 23 a 25 de setembro, o Centro Histórico do Porto celebra cultura e património com o MIMO, um festival de origem brasileira, democrático, diverso, multigénero, igualitário e multiterritorial. E vai chover poesia na Invicta.

“Era evidente que o MIMO tinha de ser do Porto, para os portuenses e para todos os que nos visitam. Um festival de todos para todos”, sublinhou Rui Moreira, a propósito da abordagem da fundadora e diretora do MIMO para trazer o festival para a Invicta, depois de quatro edições em Amarante.

Na tarde desta segunda-feira, o presidente da Câmara do Porto e Lu Araújo apresentaram, na Casa do Roseiral, a versão portuense de um dos mais acarinhados festivais do Brasil. Para Rui Moreira, é óbvio que “não podíamos ficar de fora”. “Será um acontecimento marcante na vida cultural da cidade. Quem vive no Porto e quem nos visita vai ter um leque de escolhas único e um conjunto de propostas artísticas e culturais de elevadíssima qualidade”, considera o presidente da câmara.

Por seu lado, a diretora do MIMO assumiu estar “a realizar um dos meus grandes sonhos que era trazer o festival para o Porto”. “Dá-nos muita honra”, acrescentou Lu Araújo, feliz por “ocupar o coração histórico desta cidade linda”.

Em uníssono, ambos defenderam que a vinda do MIMO para o Porto não poderia ficar-se apenas por um “warm up”. “O Porto pede mais”, defende a diretora, enquanto o presidente da Câmara garante que “a cultura vai continuar a ser a chave do desenvolvimento desta cidade”.

Na Invicta, o MIMO vai passar pelo Largo do Amor de Perdição, pelo Jardim da Cordoaria, pelo Jardim das Virtudes, pelos Jardins do Palácio de Cristal, mas também vai à Reitoria da Universidade do Porto, ao Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, às igrejas do Carmo, dos Carmelitas Descalços, de Nossa Senhora da Vitória, de São Bento da Vitória, e de São José das Taipas.

E será – mesmo – para todos. Tal como referiu Rui Moreira, “se há palavras que casam com o festival MIMO é a inclusão e a intervenção” com a vertente Mimo Sem Barreiras, que inclui áreas reservadas para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, intérpretes de língua gestual, guias, trajetos livres de obstáculos e um totem que será afixado com a programação em braille.

Música em várias línguas e um único Porto de encontro

O MIMO traz ao Porto, vindos do Brasil, o hip hop de Emicida e a música popular das três décadas de carreia de Chico César. Também o afrobeat nigeriano de Asa (Asha) e a homenagem de Ray Lema a Franco Luambo - o pai da rumba congolesa, Património Imaterial da Humanidade pela Unesco. De Inglaterra vem o DJ e realizador Don Letts e traz com ele a união do punk ao reggae, além de filmes e uma palestra sobre a sua obra.

A música continua a viajar pelo Centro Histórico do Porto com o som do oud, o alaúde árabe do tunisiano Jean-Pierre Smadja e do argelino Medhi Haddab. Premiado romancista, poeta, dramaturgo, filósofo e antigo ministro da Cultura cabo-verdiano, Mário Lúcio traz a sonoridade crioula com o o pré-lançamento europeu do disco “Migrants”.

Da Ucrânia vem a pianista clássica e líder de popularidade na internet, Valentina Lisitsa, que se auto-intitula “a rainha do Rachmanino”, e a cítara do indiano Nishat Khan, que já colaborou com Eric Clapton ou Carlos Santana, também se fará ouvir na Invicta.

Portugal faz-se representar no MIMO pelo DJ Branko, pela atuação conjunta do pianista Pedro Burmester & Quarteto de Cordas de Matosinhos, pelo guitarrista vimaranense Manuel de Oliveira, e ainda pela cumplicidade do jazz de Maria João & Mário Laginha.

Encerrando a exposição “Mulheres que fazem barulho - Cenas do Rock Português I”, promovida pela Casa Comum, da Reitoria da Universidade do Porto, cantam-se as vozes femininas de Ana Deus, Lena D’água, Anabela Duarte, Sandra Baptista, Mitó Mendes, Carolina Brandão e Marta Abreu.

Entre concerto e baile de Carnaval, os brasileiros da Orquestra Voadora fundem samba, frevo, maracatu, afrobeat, bandas sonoras de filmes do Tarantino numa festa única. E porque é muito de Portugal e Brasil que se faz este MIMO, destaque também para um recital de celebração do bicentenário da independência do Brasil, conduzido pelo pianista Fabio Centanni.

Há música, muita, mas há também workshops, masterclasses e palestras a realizar pelos cabeças-de-cartaz do festival, e também uma célebre Chuva de Poesia com milhares de versos de poemas impressos em pedaços de papéis coloridos a serem lançados do alto das torres de igrejas, numa homenagem a grandes nomes da poesia. No Porto, a poesia portuguesa vai soltar-se a partir da Livraria Lello.

Sound System nas Virtudes e a Amazónia na Casa Comum

No MIMO no Porto, o Jardim das Virtudes recebe grandes nomes ligados à cultura sound system, com destaque para os britânicos Channel One e Brother Culture Sound System, ou os brasileiros Ministereo Público Sound System.

Em parceria com a Universidade do Porto e o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, o festival apresenta o "Casa Comum Amazónia", um projeto multicultural e multimédia, inédito em Portugal, constituído por uma série de palestras, exibições de artes visuais e performances de artistas de diferentes etnias, nascidos na região da maior floresta tropical do mundo.

Nascido há 18 anos em Olinda, Brasil, o MIMO congrega as músicas do mundo e várias outras manifestações artísticas, “ocupando” cidades do Património Mundial e da Rede de Cidades Criativas da Unesco, dos dois lados do Atlântico. Único pela sua abrangência e conceito, o festival promove o respeito pelas diferentes culturas, as cidades que o recebem e os seus bens histórico-culturais, valorizando o desenvolvimento humano e artístico.

A informação completa poderá ser consultada na página do festival.