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Navio Escola Sagres é atração principal no rio Douro para o Dia da Marinha

  • Paulo Alexandre Neves

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Marinha

As celebrações do Dia da Marinha, que se realizam no Porto de 18 a 21 de maio e que reúnem mais de 30 iniciativas abertas a toda a população, arrancam esta segunda-feira, no rio Douro, com a chegada e atracagem, junto ao Cais da Ribeira, do histórico Navio Escola Sagres, cerca das 12h30. Este será um dos momentos altos de toda a programação, já que a população poderá visitar gratuitamente a embarcação pertencente à marinha portuguesa a partir de quinta-feira, dia 18.

O "Sagres" sairá do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões às 9h30. Uma viagem de cerca de três horas, entrando pela barra do Douro (na Foz), cerca das 11h30, com destino ao Cais da Ribeira, onde atracará, às 12h30, e ficará, a partir de quinta-feira, dia 18 de maio, aberto a visitas a toda a população.

Com o objetivo de promover a ligação ao mar dos portuenses e de quem visita a cidade por estes dias, a presença do Navio da República Portuguesa (NRP) Sagres é, por si só, motivo de interesse e gerador de grande expetativa. Dependente das marés e do caudal do rio Douro, outras embarcações, nomeadamente a Fragata D. Francisco de Almeida, o Navio Patrulha Oceânico Sines e a Lancha de Fiscalização Rio Minho, farão a sua chegada à Invicta até quarta-feira, dia 17, véspera do arranque oficial das celebrações.

Os navios estarão de portas abertas, durante os dias de evento, no período da manhã, das 10 às 12 horas, e à tarde, entre as 14 e as 18 horas. A entrada para as visitas será feita nos locais de atracação das embarcações, entre o Cais da Ribeira e a Alfândega.

O epicentro das atividades integradas na programação oficial do Dia da Marinha desenvolve-se entre a Ribeira e a Alfândega, onde ao longo dos quatro dias de evento vai ser possível visitar navios, realizar batismos de mar, aproveitar para fazer escalada e mergulho, utilizar a realidade virtual para comandar um navio, entre outras atrações.

No dia 19, sexta-feira, a Banda da Armada sobe ao palco com Miguel Guedes para um concerto no Parque da Alfândega, de entrada livre, às 21h30. O programa das celebrações culmina no domingo, dia 21, com todas as atenções voltadas para a cerimónia militar, que, a partir das 12 horas, junta uma formação de cerca de 500 militares para um desfile na Rua Nova da Alfândega.

História da simbólica embarcação

Da história do Navio Escola Sagres, e segundo informa a marinha, é o mais condecorado e o único a ostentar condecorações estrangeiras no respetivo estandarte nacional. Estreou-se nas regatas internacionais em 1964, naquela que foi também a primeira regata transatlântica dos grandes veleiros.

Foi construído, em 1937, em Hamburgo, tendo recebido o nome de "Albert Leo Schlageter". Danificado durante a II Guerra Mundial foi capturado pelas forças americanas e, posteriormente, cedido ao Brasil.

Em 1962, Portugal adquire-o ao Brasil para substituir o então Navio Escola "Sagres". Este tinha sido também um navio alemão, construído em 1896. Durante a I Guerra Mundial foi tomado por Portugal, nos Açores. Nessa altura foi-lhe então dado o nome "Flores" e posto à disposição dos ingleses, que o utilizaram para transportar material de guerra. Após o final da guerra, o veleiro foi devolvido pela Inglaterra e terminou a sua utilização como navio mercante. Em 1924, é então incorporado na marinha portuguesa, como navio escola. Esta razão explica o facto de, nomeadamente no estrangeiro, o atual "Sagres" ser muitas vezes apelidado, erradamente, de "Sagres II". Na realidade, este é o terceiro navio-escola com o nome "Sagres".

O primeiro foi uma corveta em madeira, construída em 1858, em Inglaterra, que armava em galera. Fundeada no rio Douro serviu como navio escola, para alunos-marinheiros, entre 1882 e 1898.

Duas circunavegações no historial

O atual "Sagres" foi aumentado ao efetivo da marinha em fevereiro de 1962. A sua continuidade como navio escola teve como principal objetivo assegurar a formação marinheira dos cadetes por forma a complementar a instrução técnica e académica ministrada na Escola Naval.

Desde 1962, o Navio Escola Sagres efetuou, todos os anos, viagens de instrução, exceto em 1987 e 1991. Para além das viagens de instrução tem como missão a representação de Portugal, e da marinha portuguesa, funcionando como embaixada itinerante.

Com 60 anos ao serviço do nosso país efetuou duas circunavegações, em 1978/79 e 1983/84, e outras viagens de duração superior a oito meses, tendo visitado já 61 países. Nas duas voltas ao mundo passou o canal do Panamá, bem como na viagem em que participou na Regata Colombo, em 1992. Em 1993 passou o cabo da Boa Esperança, fez escala em Cape Town, na África do Sul, e visitou o Japão pela terceira vez.

Tem o Infante D. Henrique como figura de proa. A divisa do grande obreiro dos Descobrimentos - “talant de bien faire” (vontade de bem fazer) - é, ainda hoje, utilizada no brasão de armas da Escola Naval.