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“Não podemos tolerar ter uma cidade incomodada por uma autoestrada”, diz Rui Moreira a propósito do ruído na VCI

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Guilherme Costa Oliveira

Na noite de segunda-feira, a Assembleia Municipal fez avançar, por unanimidade, a proposta técnica de revisão dos Mapas Estratégicos de Ruído do Município do Porto. Com várias bancadas a trazer à discussão o problema da Via de Cintura Interna (VCI), sob gestão do Estado central, Rui Moreira considerou que “temos um tronco que ora está em trombose e provoca um impacto terrível na mobilidade e poluição do ar e, quando não está em trombose, a circulação provoca um ruído avassalador”.

“A cidade vai ter que tomar uma posição nesta matéria mais cedo ou mais tarde”, vaticina o presidente da Câmara, sublinhando que, “com a VCI como está, vai ser muito difícil atingir a neutralidade carbónica” em 2030. Para Rui Moreira, “não é razoável que se fale em exigência energética aos munícipes, nas suas casa, nas suas lojas, mas continuamos a não olhar para o principal problema que temos”.

“Não podemos tolerar” ter “uma cidade incomodada por uma autoestrada”, afirmou o autarca, lembrando que a VCI, sobre a qual “não temos poder nenhum”, não pode ser “sempre um problema do Porto”, uma vez que serve a população de várias localidades. Para o presidente da Câmara, “não podemos dizer que vamos resolver outros problemas [de ruído] sem resolver o da VCI”.

Para Miguel Barbosa, do movimento Rui Moreira – Aqui Há Porto, “é preciso reclamar maior ação da IP [Infraestruturas de Portugal] e do Estado”, uma vez que, “tirando a medida dos mil autocarros retirados do centro da cidade pelo Terminal de Campanhã, as outras são medidas de cosmética”.

De acordo com a existência de um problema com a VCI, Rui Lage instou a que “o Governo saia da sua atitude de inércia”. No entanto, o deputado socialista afirma que “restringir o problema à VCI é um exercício de indolência, é uma abordagem holística ao problema”. Rui Lage apontou a questão do ruído causado pelos motociclos, que poderia ser mitigada com a interdição destes veículos em “alguns circuitos urbanos, pelo menos durante a noite”, assim como a imposição de limites de velocidade.

Lembrando como, “sem surpresa, em algumas vias [o nível de ruído] está acima dos decibéis aconselhados” José Varela deixou o “desafio” ao Município para pensar em “como podemos melhorar os pavimentos das nossas ruas? Como é que se poderá controlar a redução da velocidade noturna?”.

Do Bloco de Esquerda, Elisabete Carvalho afirmou que algumas artérias, como a Avenida dos Aliados ou a Rua de Santos Pousada, também são fontes de ruído e que a revisão do PDM deveria “ter em vista os diversos fatores como locais com maior impacto do ruido na vida das pessoas e que estão sob calçada do Município”, instando, por outro lado, a que “o Estado central intervenha nos locais da sua competência”.