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"Não me conformo com consumo de droga à porta de escolas", diz Rui Moreira perante secretária de estado e chefias da PSP

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O presidente da Câmara do Porto participou hoje na cerimónia dos 152 anos do comando metropolitano do Porto da PSP e pediu ao Governo que faça mais pelo combate a "um novo poder informal que se está a instalar" nas cidades em Portugal. "É a liberdade que está em causa", alertou Rui Moreira, lembrando que a Câmara não tem qualquer competência ou poder em matéria de segurança ou combate ao tráfico, mas mostrando disponibilidade para continuar a cooperar. Secretária de Estado, Isabel Oneto, prometeu mais meios.

"Sou a favor da descentralização, mas não nesta área", disse o autarca, falando de um paradigma "estranho" no qual "a criminalidade perigosa baixa, mas existe um poder informal em determinados meios que se está a sobrepor ao poder formal do Estado".

O presidente da Câmara do Porto disse ainda que "estamos a permitir que os mais novos se habituem a ver a mãe evitar ir à janela por medo e estamos a permitir que os mais novos olhem para alguém que trafica e tem um carro de alta cilindrada e seja nesse alguém que vê como exemplo". Mostrando-se favorável à descriminalização do consumo de drogas, sublinhou: "Não me conformo que esse consumo seja feito à porta de escolas. Há coisas que deixaram de ser crime, mas não se podem tornar um inferno para os outros. Temos de encontrar equilíbrios nas liberdades individuais de cada um. Espero que o legislador olhe para esta matéria com cuidado".

Rui Moreira lembrou que a Câmara está a oferecer carros à PSP e está disponível para ajudar no que for necessário, elogiou o papel da PSP e da forma como tem sabido articular com a autarquia, mas não deixou de pedir melhor legislação e mais meios de policiamento, que não cabe à Polícia Municipal, sem competências nesta área.

"Todos podemos fazer sexo dentro das quatro paredes. Isso não é crime, mas seguramente não podemos fazê-lo na rua ou à porta de uma escola. E é isto que peço. Que tomem conta daqueles que têm direito à sua liberdade e a viver sossegados", afirmou.

Questionada sobre estes temas, à margem da sessão, Isabel Oneto disse que "vão entrar 600 novos efetivos na PSP", mas não precisou datas nem distribuição geográfica e defendeu um "acompanhamento permanente de todas as matérias com as autarquias".

De acordo com a secretária de Estado Adjunta "os indicadores da criminalidade têm baixado", no entanto Isabel Oneto lembrou fenómenos recentes que, defendeu, "a sociedade não pode tolerar".

"A tutela tem procurado garantir o mínimo essencial para que os homens e mulheres das forças de segurança tenham condições e a população se sinta segura. Os 450 milhões de euros [da Lei de Programação das Forças de Segurança] podem não ser suficientes, mas são um sinal", referiu a governante.

O comandante Metropolitano da PSP, Paulo Lucas, salientou a forma como Rui Moreira tem conseguido apoiar as forças de segurança e respeitar o papel das polícias, prometendo continuar a trabalhar para melhorar a segurança da cidade.