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Não há como enganar: no Primavera Sound, o palco principal é o Porto

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O relato do primeiro dia do Primavera Sound Porto gostava de começar com uma quase desistência de última da hora. A tempestade Oscar confirmou, mas trouxe apenas uma chuva para a qual já todos se tinham mentalizado e muitos vieram mesmo precavidos com impermeáveis e galochas. Para quem já esteve noutras edições a meteorologia já foi mais agressiva. E, assim, o festival pôde ser vivido em pleno por milhares de pessoas ávidas da música e do ambiente que o Primavera e o Porto criam juntos há já dez edições.

E o Primavera arrancou com as “Primaveras”, o primeiro álbum de Beatriz Pessoa, naquele que este ano é o palco principal, com o nome “Porto”. Numa edição mais tudo: mais um dia, mais área, mais palcos, mais público, mais oferta, até os fãs que correram para ali verem Kendrick Lamar corresponderam à música mais intimista da portuguesa cujo trabalho tem mão dos músicos brasileiros Mallu Magalhães e Marcelo Camelo.

Depois dela, o convite para a dança nem precisou de ser muito oficial: aos primeiros acordes dos multi instrumentos de Georgia, os corpos soltaram-se, transformando a relva do Parque da Cidade numa pista de dança. E, como a artista britânica disse, a propósito de uma das suas inspirações para uma canção: a “pista de dança pode ser muito importante para dar às pessoas um certo alívio das atividades do dia-a-dia”. Assim voltaria a ser ao ritmo de Alison Goldfrapp ou dos The Comet Is Coming.

Estava dado o pontapé de saída para aquele que muitos já consideram o melhor festival. Com o cair da noite, chegou ao palco Porto o rapper a quem já poucos chamam apenas “o primo de Kendrick Lamar”, Baby Keem. O norte-americano atuou perante uma plateia que sabia bem o seu nome e as letras das músicas. E, se pediu “que as vossas luzes iluminem o céu”, lá estavam os telemóveis em punho. Quando quis “sentir a vossa energia”, o Parque da Cidade correspondeu em saltos.

E, ainda assim, já se sabia: se a chuva era certa, maior era a certeza do porquê de este ser o dia mais esperado do festival – e, na verdade, a razão para um dia extra de festival este ano – e a certeza chamava-se Kendrick Lamar.

O senhor Pulitzer, a “referência do hip hop contemporâneo”, “um dos artistas mais influentes da sua geração” voltou ao Primavera Sound, onde esteve, pela primeira vez, em 2014, desta vez com a digressão de “Mr. Morale & The Big Steppers”.

Mas, claro, com direito a todos os êxitos que o coroaram este “Good Kid” no mundo da música - "Humble", "Swimming Pools (Drank)", ou "Bitch, Don't Kill My Vibe"-, aos versos de culto, onde cada palavra conta e ao dueto com o primo, Baby Keem. “Is anybody alive right now?”, quis saber o rapper. Agora. À chuva. Pela noite dentro, até à promessa de Kendrick Lamar de voltar ao Porto.

O Município do Porto está, novamente, presente na dinamização do recinto do Primavera Sound, desta vez com uma imagem forte que marca a reabertura do Mercado do Bolhão. É na recriação das bancas do mercado tradicional que se vivem as três áreas de foco: Economia, Marca Porto Ponto e Turismo e Internacionalização.

Neste primeiro dia, ainda foi possível andar tranquilo de um palco para o outro. A partir de hoje, quinta-feira, a música já se vai dividir entre quatro palcos ao ar livre e uma tenda e vai ser preciso fazer escolhas. Exceto para quem já vai a caminho da primeira fila para ver Rosalía, a aguardada cabeça de cartaz do segundo dia do Primavera Sound Porto. Para os outros ainda há The Mars Volta, Japanese Breakfast, Bad Religion ou Fred Again.

Até sábado, a operação da STCP vai estar reforçada com linhas especiais de e para o Parque da Cidade. Após os concertos, regressar de autocarro ao centro da cidade ou à Rede da Madrugada, que liga todos os concelhos servidos pela empresa, vai ser mais fácil e cómodo, com um "shuttle" que, de 10 em 10 minutos, faz a ligação entre a rotunda da Anémona (Praça Cidade do Salvador) e os Aliados.