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Não é um adeus, é um até já: O Ardina voltará à Praça da Liberdade após as obras do metro

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Figura querida da cidade, a estátua O Ardina, que desde 1991 se encontra na Praça da Liberdade, próximo da Igreja dos Congregados, foi recolhida ao final da manhã desta quarta-feira, para que seja protegida enquanto decorrem os trabalhos de construção da futura estação S. Bento/Liberdade, da Linha Rosa do Metro do Porto.

Primeiro foi o marco do correio, no qual se apoia a figura do ardina, a ser elevado no ar pela grua e depositado no camião que ali se encontrava para o efeito. A figura do vendedor de jornais ficava momentaneamente desamparada, mas nem assim deixava de prender a atenção dos transeuntes e dos grupos de turistas que por ali passam, que se detinham, fotografavam e interrogavam sobre os trabalhos em curso.

A preparação durava há alguns dias e culminou na operação desta manhã. Feita a escavação em torno da estátua da autoria de Manuel Dias, o processo de remoção foi célere. Depois do marco do correio, seguiu-se O Ardina: uma fita grossa ao nível do peito, duas outras a enlaçar a peça escultórica pela base, e daí a instantes a estátua ascendia alguns metros no ar, suspensa pela grua, para ser pousada no camião que a levou até ao local onde ficará depositada.

“Vai para as reservas municipais, e lá será objeto de todo o tratamento e restauro que lhe é devido, nomeadamente o tratamento do punho, da mão e do próprio jornal. O próprio marco será restaurado, porque está em muito más condições e é uma parte integrante da obra. Não podemos olhar para O Ardina sem o marco ao lado”, sublinhou a diretora municipal de Cultura e Património, Cristina Guimarães.

Retirada a estátua, ficou o espaço vazio e uma ausência que será muito sentida. “Esta estátua tem uma singularidade muito especial, porque é a única estátua na cidade do Porto que está ao nível do transeunte, daí que seja tão fotografada. É uma figura que diz muito aos portuenses, é uma figura muito querida”, acrescentou.

A recolha da estátua revestiu-se de alguma exigência técnica, uma vez que também foi necessário acautelar a preservação da base sobre a qual assenta. “Foi necessário fazer uma orla, uma grande fundação, para tirar as peças intactas, porque, além do marco e da estátua propriamente dita, tinha aquele círculo todo com várias componentes de mármore, granito e também metal, que era preciso salvaguardar”, explicou Maria Augusta Martins, técnica municipal de Cultura e Património.

“[A operação] foi mais difícil tendo em vista a salvaguarda deste embasamento, senão era uma operação extremamente fácil. Mas, atendendo a esta componente pétrea, obrigou a este trabalho preparatório para sair tudo intacto. Foi mais demorado por isso”, vincou.

Naquela que era a localização da estátua deverá, segundo informação da Metro do Porto, ser construída uma entrada para a futura estação S. Bento/Liberdade. A Linha Rosa ligará S. Bento à Casa da Música, com estações intermédias no Hospital de Santo António e Praça da Galiza. A previsão de abertura aponta para o final de 2024.